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Caso Lara: Testemunha alega que Polícia forjou depoimento

Eduardo Pessoa Araújo assassinou a jovem em novembro de 2018 e jogou seu corpo no rio. No julgamento, testemunha alegou fraude em depoimento.

15/10/2019 12:22

Atualizada às 12h53min

Uma das testemunhas de defesa de Eduardo Pessoa afirmou em juízo que representantes da Polícia Civil no inquérito teriam forjado seu depoimentoNa sua declaração à Polícia Civil, a testemunha havia afirmado que tinha conhecimento de que a vítima já tinha sido agredida e ameaçada pelo réu. No entanto, perante o júri, a testemunha mudou o depoimento. “Ela se jogou do carro e disse que ia falar que ele jogou ela e que a tinha agredido”, disse a testemunha ao se pronunciar no tribunal durante o julgamento de Eduardo Pessoa.

Diante da acusação, o Ministério Público, por meio do promotor João Malato, solicitou um envio para o ente ministerial de uma cópia do áudio colhido no depoimento dado à Civil. O pedido foi deferido pela juíza Rita de Cássia da Silva. "Eu requeri que fosse extraído a cópia do depoimento dela e mandado à Delegacia de Polícia para apurar o crime de falso testemunho. Ela relata que antes a mãe do réu estaria pressionando ela, um dos motivos para que ela possa ter mudado esse depoimento. De qualquer forma, vai ser enviado para a Polícia Civil e apurado", destacou o promotor João Malato.

A última testemunha de defesa a prestar depoimento foi a esposa de Eduardo Pessoa. Em sua fala, ela disse que soube da relação dele com Lara em 2016, quando o réu foi preso por furto qualificado em Parnaíba. Na ocasião da prisão, o réu estava na companhia de Lara Fernandes. A mulher, no entanto, afirmou não acreditar que Eduardo foi o autor do crime.

“Eu não acredito que tenha sido ele. Soube que ela tinha morrido quando ouvi ele conversando com um amigo no telefone”, disse. Segundo ela, no dia do crime o acusado voltou para casa por volta das 19 horas e não saiu mais da residência. "A gente tinha passado a noite sem energia e ele estava cansado", relata, acrescentando que além de Lara, o réu também tinha relações com pelo menos mais duas mulheres.

Esta fala da esposa de Eduardo contradiz o depoimento de outras duas testemunhas de acusação, que dizem ter visto o réu buscando Lara em casa por volta das 21h no dia do crime. Segundo o representante do Ministério Público, a mulher teria dito em depoimento à polícia que, após tomar conhecimento da morte de Lara, Eduardo fugiu de Teresina para São Luís, onde passou dois dias, e depois para Parnaíba, indo em seguida para Piracuruca, onde foi preso. 

Quando questionado pelo promotor se o réu havia fugido depois do crime, a esposa teria negado. No entanto, após o representante do Ministério Público ler o depoimento dado por ela à Polícia Civil, confirmando a fuga, ela se contradisse. "Ele disse que não queria voltar para o presídio porque ele já era foragido da polícia". Apesar de afirmar em depoimento para a Polícia Civil que Eduardo era ciumento, quando questionada pelo promotor João Malato, a testemunha negou que tenha afirmado isso.  

Após a tomada de depoimento da esposa de Eduardo, a juíza Rita de Cássia determinou que fosse feita uma pausa para o almoço. O julgamento deve retornar no início da tarde. Após o intervalo, o réu será interrogado e, em seguida, o julgamento segue para os debates orais. A previsão é de que a sentença seja proferida por volta das 21h.

Iniciada às 12h22min

Está acontecendo nesta terça-feira (15) no Fórum Criminal de Teresina o julgamento pelo Tribunal do Júri do acusado de assassinar a jovem Maria de Lara Fernandes. O crime aconteceu em novembro do ano passado tendo como autor Eduardo Pessoa Araújo, mais conhecido como Sapão. Segundo apontaram as investigações da polícia, ele era casado e mantinha um relacionamento extraconjugal com Lara há dois anos. 


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Os depoimentos de testemunhas colhidos pela polícia atestaram que os dois tinham uma relação pontuada por agressões físicas e verbais por parte de Eduardo contra Lara. O acusado foi preso cerca de duas semanas de crime na cidade de Piracuruca e desde então encontrava-se recolhido ao sistema prisional. 


Maria Lara Fernandes foi assassinada pelo então companheiro e teve seu corpo jogado no rio Parnaíba - Foto: Reprodução/Facebook

No julgamento de hoje, estão sendo ouvidas três testemunhas de defesa e quatro de acusação. O réu será ouvido por último e por fim o júri, que é comporto por sete pessoas (representantes da sociedade civil) proferirá sua sentença. Eduardo Pessoa responde por crime de homicídio com qualificadora de feminicídio.  A sessão é presidida pela juíza Rita de Cássia da Silva.

Réu já tinha histórico policial

Eduardo Pessoa, réu no processo do assassinato de Lara Fernandes, já tinha uma série de antecedentes criminais antes de ter sido preso sob acusação do homicídio da jovem. De acordo com as investigações conduzidas pela Delegacia de Homicídios, ele teria praticado uma série de furtos e arrombamentos em Piracuruca, onde foi preso. Além disso, em 2016 o acusado foi preso por furto qualificado. Na ocasião, ele estava na companhia da vítima.

Vale lembrar que Eduardo era foragido do sistema prisional e tem condenações a mais de 16 anos pela prática de outros crimes. No momento de sua prisão, a Polícia Militar chegou a informar que ele forneceu um nome falso. “Ele é condenado por furtos e roubos e, em setembro deste ano [2018, quando de sua prisão], ele fugiu da Colônia Major César após conseguir progressão de pena”, destacou o delegado Francisco Baretta, titular da Homicídios.

O que diz a defesa no caso de Lara

Em sua arguição, o advogado de defesa do acusado trabalha com a tese de que o crime teria sido cometido por outros dois suspeitos. Segundo ele, no velório da vítima, os presentes apontaram uma outra pessoa como autora do crime. Essa terceira pessoa teria uma relação amorosa com Lara. O advogado também afirmou que uma quarta pessoa também estaria ameaçando a vítima.


Por: Maria Clara Estrêla, com informações de Nathalia Amaral
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