O temporal que caiu em Teresina nesta quarta-feira (04) e durou mais de 5 horas, aumentou o diâmetro da cratera da BR-343. O trecho da rodovia na entrada da Capital veio a baixo após a forte chuva da última sexta-feira (30). Apesar do aumento de cerca de dois metros no buraco, causado pela precipitação de ontem, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito) manteve o prazo de 15 dias para entrega da obra de reconstrução da rodovia.

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Segundo o superintendente do órgão, Ribamar Bastos, o aumento da cratera devido ao volume de chuva já era esperado e o principal problema não diz respeito ao desmoronamento da rodovia, e sim à as famílias que vivem nas imediações e que podem ter suas casas atingidas pela força da água em decorrência do rompimento da BR.

“Estamos desviando o curso da água para o canal lateral de modo que possamos trabalhar com a parte seca. Por conta da chuva, era normal que houvesse erosão, mas ela não nos preocupa tanto no momento. O volume da água que corre por baixo da rodovia é que é muito grande e estamos estudando uma outra medida para dar vasão a ela, além da construção de um bueiro”, explicou Ribamar Bastos.

^{Na sexta-feira, uma parte da BR 343 na entrada de Teresina cedeu por conta da força da água da chuva (Foto: Arquivo O Dia)}

A água que corre pelo trecho desmoronado da BR-343 desagua no Recanto das Palmeiras, um dos bairros mais atingidos pelos efeitos da chuva da última sexta-feira. Com o temporal de ontem, a situação das famílias que vivem no local se agravou mais e a Prefeitura de Teresina, por meio da Defesa Civil e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Semduh), está monitorando 31 residências.

A reconstrução do trecho afetado na rodovia é apenas uma medida paliativa, de acordo com o Dnit. A superintendência do órgão afirma que o problema de drenagem e estrutura da BR só será definitivamente resolvido com a duplicação, que segue ainda em processo de licitação para escolha da empresa que tocará a obra. A abertura dos envelopes contendo as propostas deverá ser feita na segunda semana de abril.

Piora na situação

Os moradores do Recanto das Palmeiras tiveram, novamente, suas casas invadidas pelas águas da chuva. Apesar de ter sido em menor volume, o pânico tomou conta da população, que temia por um novo desastre. A camareira Antônia Maria Pereira dos Santos (44), conta que poucas horas de chuva foi suficiente para entrar nos imóveis e deixar os moradores assustados.

 ^{Antônia Maria Pereira dos Santos mostra a altura em que chegou a água na sua casa. (Foto: Moura Alves/O Dia)}

O esposo de Antônia Maria possui problemas no pulmão e coração, e precisa estar sempre com um cilindro de oxigênio por perto. Para fugir das águas, eles precisaram sair de sua residência e ficaram na casa de vizinhos até que a chuva cessasse. “Ontem choveu muito e invadiu a casa das pessoas de novo, cerca de 20 centímetros. A gente não sabe o que fazer, porque não temos para onde ir. Eu tenho medo do meu filho pegar uma pneumonia, porque ele tem um pulmão e a saúde dele é muito debilitada”, comenta.

A moradora cita que já cogitou sair do imóvel, por temer novos alagamentos e pelo local se encontrar insalubre para permanecer. Contudo, ela trabalha no bairro Recanto das Palmeiras e seus únicos parentes residem na zona Norte, muito distante para ela ir e vir todos os dias.

^{Moradores pescam no local onde a água destruiu a rodovia e invadiu as casas. (Foto: Moura Alves/O Dia)}

A dona de casa Maria Assunção da Silva mora no bairro há 25 anos e conta que ficou muito assustada com a forte chuva que caiu na cidade ontem. Ela acrescenta que os moradores ficaram desesperados com medo de uma nova enchente. “Na minha casa não chegou a entrar, mas na do meu filho invadiu e molhou o resto das coisas que ele tinha e conseguiu salvar. Ontem ninguém dormiu com medo da água subir como da outra vezes”, lamenta.

^{Maria Assunção da Silva mora no bairro há 25 anos e conta que ficou muito assustada com a forte chuva. (Foto: Moura Alves/O Dia)}

As ruas Fernando Pires e Domingo Magalhães, localizadas no bairro Recanto das Palmeiras, as mais afetadas pelo rompimento da BR-343, estão passando por limpeza desde segunda (02). Equipes da SDU estiveram no local durante toda a manhã e recolherem muito lixo e mato que foi arrastado pela correnteza.

A situação também é crítica para os moradores da Avenida Boa Esperança, zona Norte de Teresina. A população que reside próxima ao Encontro dos Rios teme que as chuvas dos próximos dias façam o volume do rio aumentar e transbordar. A dona de casa Rosana Maria Galvão (43) reside em um trecho onde fica localizada uma vazante e conta que este ano as chuvas estão mais intensas que em 2017.

“Essas duas semanas tem chovido muito e a gente fica com medo, ao mesmo tempo que já estamos acostumados com isso, porque acontece todos os anos. Na minha casa nunca alagou, mas tem outros moradores que já tiveram suas casas invadidas, principalmente que mora mais perto dos rios e das lagoas”, conta. No Encontro do Rios é possível perceber que o volume das águas nos rios Poti e Parnaíba aumentou.

Por: Maria Clara Estrêla e Isabela Lopes