A disputa eleitoral deste ano possui um ingrediente que tornará o pleito municipal do próximo domingo (15) diferente de edição anteriores. Isso porque a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), além de impor mudanças no comportamento de partidos políticos e candidatos durante a campanha eleitoral, deve ser um facilitador de um fenômeno em crescimento em todo país: as abstenções.

“Isso certamente deve afetar diretamente as estratégias e o desempenho dos candidatos. A abstenção na última eleição foi em torno de 22%, então com a pandemia isso provavelmente chegue aos 32%, é uma estimativa que temos previsto”, avalia João de Deus, cientista político que tem acompanhado as movimentações até aqui e avaliado o novo cenário eleitoral.

^{(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)}

Trabalhador autônomo, o teresinense Wesley Carvalho está entre os piauienses que, insatisfeitos com a política, encontram na pandemia, que até esta quinta-feira (12) havia vitimado quase 2,5 mil pessoas em todo o estado segundo dados do último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi), uma justificativa para não votar. “Eu que não vou me arriscar numa fila para votar, a multa é baratinha mesmo”, disse.

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Mesmo com a obrigatoriedade do voto estabelecido pela legislação eleitoral, que especifica sanções para a não justificativa dos eleitores que se ausentarem do pleito, a dona de casa Elza Dimas também destaca a crise sanitária em decorrência da Covid-19 e o descrédito com a política para se abster. “Não vou votar em protesto, pois os candidatos eleitos nunca solucionam os problemas que prometem resolver”, frisou.

Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), quase 280 mil pessoas aptas ao voto em todo o estado não compareceram às urnas nas eleições municipais de quatro anos atrás. Para inibir esse comportamento, a instituição criou um plano sanitários para o dia da votação, para evitar aglomerações e garantir que os eleitores possam comparecer às sessões com segurança.

Por: Breno Cavalcante