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Presos da Cadeia Pública de Altos morreram por desnutrição, diz Ministério da Saúde

Segundo relatório técnico do órgão, a alimentação ofertada aos detentos era pobre em vitamina B1 e o intervalo entre as refeições chegava a até 15 horas.

03/04/2021 09:46

Em meados de maio de 2020, pelo menos seis detentos da Cadeia Pública de Altos, no Piauí, morreram após uma suposta infecção e intoxicação ocorrida dentro da unidade penal. Na ocasião, o Ministério Público Estadual chegou a afirmar que eles teriam sido vítimas de envenenamento após dedetização das celas com um produto nocivo para o ser humano. Quase um ano depois, o relatório técnico do Ministério da Saúde concluiu que na verdade, os presos morreram por falta de alimentação adequada e um surto de beribéri. 


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As informações constam em matéria publicada nesta sexta-feira (02) pelo Jornal El País. A conclusão do Ministério da Saúde é que os detentos vieram a óbito por desnutrição relacionada a uma dieta pobre em vitamina B1, o que os tornou suscetíveis ao acometimento por doenças. Pelo menos 199 dos 656 presos da Cadeia de Altos apresentaram sintomas e 56 foram internados para tratamento.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

De acordo com a reportagem, o Ministério da Saúde monitorou os cardápios diários e faturas de compra de comida na unidade prisional e concluiu que “a alimentação dos detentos apresentava características de monotonia alimentar, com presença predominante de carboidratos simples, em especial arroz branco”. Ainda segundo o estudo, havia um intervalo de cerca de 15 horas entre uma refeição e outra.

“Conclui-se que a hipovitaminose causada pela monotonia alimentar/dieta pobre em vitaminas, especialmente a B1, é a etiologia provável do surto”, afirma o documento do Ministério da Saúde.


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É importante lembrar que no início da pandemia de covid-19, quando a curva de contaminação e óbitos no Piauí começou a subir mais rapidamente, a Secretaria de Justiça (Sejus) proibiu a entrada de alimentos de fora nos presídios do estado como forma de contenção da disseminação do vírus. O relatório do Ministério da Saúde menciona que essa interrupção da entrega de alimentos pelos familiares aos presos “pode ter agravado o quadro de hipovitaminose a que esses detentos se encontravam expostos”.

O que diz a Sejus

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Justiça do Piauí (Sejus) esclareceu que prestou toda a assistência aos internos que apresentaram sintomas e que firmou parcerias com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) para manter o atendimento aos presos nas próprias unidades penais sem necessidade de deslocamento. 

A Sejus diz ainda que procedeu com a limpeza dos sistemas de reservatório e abastecimento de água da Cadeia de Altos e que implantou um reforço vitamínico aos presos através da variação de cardápio a eles ofertados. “A Sejus reitera que tem mantido a atenção redobrada na saúde de todo o sistema prisional diante da pandemia de covid-19”, diz a nota.

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