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Morte de presos em Altos: Secretário de Justiça contesta conclusão do MP

O secretário diz que a detetização aconteceu depois da primeira morte com suspeita de infecção

15/06/2020 15:45

O secretário de Justiça do Piauí, Carlos Edilson, contestou a conclusão do promotor Eloi Pereira Júnior, titular da Vara de Execuções Penais do Ministério Público do Piauí, de que as mortes dos detentos  da Cadeia Pública de Altos foram provocadas por um produto contido numa detetização realizada na unidade prisional.


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Em nota oficial sobre as mortes dos presos e as declarações do promotor, a Secretaria de Estado da Justiça esclareceu que a primeira morte de detento na unidade por suspeita de intoxicação aconteceu antes da detetização, que foi realizada no dia 15 de maio e na parte externa da Cadeia. A SEJUS afirmou que aguarda a conclusão de exames técnicos requeridos a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) para se posicionar sobre o caso.

“A Secretaria de Estado da Justiça esclarece que solicitou a realização de exames técnicos à SESAPI e aguarda a conclusão da análise para determinar a causa do agravo à saúde dos referidos internos. Importante esclarecer que a dedetização fora realizada em 15.05.2020, nas áreas externas da Cadeia, data esta posterior à da ocorrência do primeiro óbito registrado. A SEJUS reitera, ainda, que aguarda o resultado dos exames técnicos para se posicionar definitivamente sobre os fatos”, diz a nota.

Secretário de Justiça do Piauí, Carlos Edilson (Foto: O Dia)

A Sejus até então apontava que a morte de seis detentos e a internação de cerca de 50 presos que apresentaram problemas renais teriam sido causadas pela contaminação da água  fornecida na unidade. Um relatório da Sesapi indicou presença de coliformes fecais de ratos no sistema de abastecimento da CPA.

O MP, contudo, duvidou desde o início das investigações que as mortes tivessem motivação na água contaminada. “O MP sempre duvidou dessa tese, porque são 700 presos, todos consomem a mesma água. Além disso, tem também os terceirizados, os servidores, os policiais penais que também fazem uso da mesma substância e não era razoável que só os presos adoecessem”, disse o promotor Eloi Pereira Júnior.

“Passamos então a uma outra linha de investigação: examinamos mais de cem prontuários médicos, analisamos mais de 200 exames laboratoriais e de imagem e fizemos uma reunião com os médicos dos hospitais onde os presos foram atendidos. A conclusão foi unânime: eles foram vítimas não de infecção pela água, mas sim de intoxicação exógena, um envenenamento”, explicou o promotor. 

Por: Otávio Neto
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