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Covid-19 no Piauí: óbitos e letalidade da doença caem, mas ainda não estabilizam

Nota técnica emitida pela UFPI chama a atenção para a interiorização dos casos da doença e a possibilidade de ainda haver aumento nos registros de covid-19.

09/09/2020 11:39

Foi divulgada nesta quarta-feira (09) pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) a nota técnica que atualiza os dados de monitoramento da pandemia de coronavírus no Estado. O trabalho é produzido por representantes de diversas instituições de pesquisa e permite acompanhar as tendências de comportamento do vírus, facilitando as observações por região e subsidiando os órgãos públicos para a tomada de decisões.

Leia também: Covid-19 em Teresina: óbitos caem quase 40% em duas semanas 

Os pesquisadores da UFPI analisaram os dados da pandemia de covid-19 no Piauí acumulados até o dia 29 de agosto, quando o Estado contabilizava 76.916 casos da doença. As regiões mais acometidas eram a Entre Rios (região de Teresina), a região dos Cocais, a Planície Litorânea e Vale do Rio Guaribas. De acordo com o levantamento, os casos diários da doença têm reduzido desde o início de agosto, apesar de apresentarem ainda uma leve ascendência.

O estudo pontua, no entanto, que ainda não há estabilidade de casos, o que sugere que pode haver ainda um crescimento na contaminação de covid-19 no Piauí


Foto: Agência Brasil

Óbitos

O pico dos óbitos decorrentes do coronavírus no Piauí foi registrado no dia 10 de julho, segundo a nota técnica emitida pela UFPI e de lá para cá esse número vem reduzindo. Até o dia 29 de agosto, o Piauí havia registrado 1.804 mortes por covid-19. As regionais de saúde com os maiores índices foram a Região Entre Rios, com 1.071; a Região do Cocais, com 204; e a Planície Litorânea, com 189 mortes. As demais regiões piauienses representam apenas 18.8% dos óbitos contabilizados em todo o estado.

Só Teresina registrava mais da metade dos óbitos de todo o Piauí naquele período, o que contribuiu para que a região Entre Rio do Estado se colocasse em primeiro lugar na taxa de vítimas fatais da doença durante a pandemia. Para efeito de comparação, só a região da Grande Teresina tinha 8,6 vezes mais mortes que a região da Serra da Capivara.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

Letalidade

No que respeita ao risco de uma pessoa morrer em decorrência da covid-19, o Piauí tinha até o dia 29 de agosto uma taxa de letalidade de 2,3%. Somente a regional de saúde Entre Rios apresentava uma letalidade superior que a média estadual, com 3,1%. A menor letalidade do coronavírus no estado ficou na região da Serra da Capivara (1%), indicando um menor risco de se morrer por covid-19.

Retirando-se no entanto os dados de Teresina, que por registrar os maiores índices da doença, alavancam as taxas na região Entre Rios, a taxa de letalidade em todo o Piauí reduz para 1,7% e a Grande Teresina sai da primeira colocação em risco de morte pela covid-19, para a terceira colocação, ficando atrás da Planície Litorânea e da região dos Carnaubais. 

O que a nota técnica da UFPI pontua é que, ao se observar o comportamento da letalidade ao longo dos dias de pandemia, se verifica que no começo da disseminação da doença no Estado, o risco de morrer por covid-19 chegou a 22% em meados de maior e junho, e vem caindo desde então, chegando ao último valor de 2,3%.


Foto: Reprodução

Doença interiorizou em maio, mas os óbitos passaram a se concentrar em Teresina

No comparativo de casos e óbitos acumulados entre Teresina e o interior piauiense, a nota técnica da UFPI aponta que a capital concentrava a maioria dos casos de covid-19 até o dia 22 de maio, onde se percebeu a interiorização da doença no estado. No entanto, se os casos se disseminaram mais no interior a partir daquele mês, no dia 29 de maio, começou-se a perceber que o percentual de óbitos passou a se concentrar em Teresina, aumentando até o início de julho e decaindo no final do mesmo mês. No dia 29 de agosto, data de referência do estudo, o número de óbitos acumulados no interior do Piauí já ultrapassava o observado na capital.

O que chama a atenção no estudo é que a maioria das regiões do Piauí tem apresentado estabilidade ou reduções nas médias móveis de casos de covid-19 durante o último mês. A única exceção é a região do Vale dos Rios Piauí e Itaueira, que tiveram aumento de 31,4% da semana epidemiológica 34 para a semana 35, ou seja, início de agosto.


Foto: Reprodução

No que respeita à taxa de óbitos por covid-19, a maioria das regiões piauienses apresentaram estabilidade e reduções no último mês. No entanto, as regionais de Chapada das Mangabeiras e Vale dos Rios Piauí e Itaueira tiveram aumento

Cidade polo dessa regional, Floriano contabiliza até o presente momento 2.031 casos confirmados de covid-19 com uma incidência de 338,87 casos a cada grupo de 10 mil habitantes, 27 óbitos e taxa de mortalidade de 45,05. No dia 01 deste mês, a Prefeitura da cidade decidiu prorrogar o decreto de Lei Seca que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas como forma de reforçar o distanciamento social e reduzir a disseminação da doença no município. O decreto teve validade até a última segunda-feira (07) e as autoridade ainda avaliam ao dados da pandemia para decidir quais medidas ainda poderão ser adotadas.

Interiorização da doença preocupa porque pode elevar os óbitos, diz coordenador do estudo

Para o professor Emídio Matos, coordenador geral do Plano de Ação Interinstitucional de enfrentamento à covid-19, a interiorização dos casos de coronavírus que foi percebida a partir de maio é que tem causado preocupação, uma vez que há cidades do interior que de tão pequenas e pouco populosas, que não possuem estrutura para tratar casos graves da doença.

“Então você pode ter um aumento da curva puxado por esses casos do interior que não conseguem ter o aporte necessários para tratar os pacientes contaminados a contento, o que pode levar inclusive a um possível aumento nos óbitos. Preocupa bastante a situação ali do Vale dos Rios Piauí e Itaueira, a região de Floriano, que tem registrado um aumento vertiginoso de casos e ido na contramão do restante das demais regiões”, destacou o professor Emídio.

Ele pontua que no presente momento, em que não se pode falar ainda em estabilidade real da pandemia, a reabertura de determinados setores econômicos poderá acarretar um aumento da curva nas semanas epidemiológicas seguintes, sobretudo nas maiores cidades como Teresina e a região da Planície Litorânea. Vale lembrar que em notas técnicas anteriores, a UFPI já havia recomendado às autoridades públicas que seria necessário um lockdown de pelo menos 14 dias antes de se iniciar a retomada gradual e segura de alguns setores econômicos.


Professor Emídio Matos coordenador geral do Plano de Ação Interinstitucional de enfrentamento à covid-19 - Foto: Divulgação/UFPI

“Eu considero falta de civilidade mesmo as pessoas estarem se aglomerando nesse momento, quando nada diz que a situação mudou. A primeira pergunta que devemos nos fazer é: temos vacina? Não, não temos, então um modo cem por cento eficaz de impedir a propagação desse vírus não existe. A segunda pergunta é: tem tratamento direcionado e eficiente em sua totalidade? Também não. Então porque começar a se aglomerar no primeiro indício de que pode estar havendo uma redução. Na falta de outras palavras eu chamo de falta de civilidade e falta de educação”, disparou o professor Emídio.

O Piauí amanheceu esta quarta-feira (09) com 83.502 casos confirmados de coronavírus e 1.924 mortes decorrentes da doença. De todo o território piauiense, apenas o município de Canavieira não possui registros de covid-19. No momento, há 546 pacientes internados, sendo 339 em leitos clínicos, 205 em leitos de UTI e dois em leitos de estabilização. O Estado já soma 3.798 altas médicas de pacientes recuperados.

Por: Maria Clara Estrêla
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