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Presos da Cadeia Pública de Altos morreram por desnutrição, diz Ministério da Saúde

Em meados de maio de 2020, pelo menos seis detentos da Cadeia Pública de Altos, no Piauí, morreram após uma suposta infecção e intoxicação ocorrida dentro da unidade penal. Na ocasião, o Ministério Público Estadual chegou a afirmar que eles teriam sido vítimas de envenenamento após dedetização das celas com um produto nocivo para o ser humano. Quase um ano depois, o relatório técnico do Ministério da Saúde concluiu que na verdade, os presos morreram por falta de alimentação adequada e um surto de beribéri. 


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As informações constam em matéria publicada nesta sexta-feira (02) pelo Jornal El País. A conclusão do Ministério da Saúde é que os detentos vieram a óbito por desnutrição relacionada a uma dieta pobre em vitamina B1, o que os tornou suscetíveis ao acometimento por doenças. Pelo menos 199 dos 656 presos da Cadeia de Altos apresentaram sintomas e 56 foram internados para tratamento.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

De acordo com a reportagem, o Ministério da Saúde monitorou os cardápios diários e faturas de compra de comida na unidade prisional e concluiu que “a alimentação dos detentos apresentava características de monotonia alimentar, com presença predominante de carboidratos simples, em especial arroz branco”. Ainda segundo o estudo, havia um intervalo de cerca de 15 horas entre uma refeição e outra.

“Conclui-se que a hipovitaminose causada pela monotonia alimentar/dieta pobre em vitaminas, especialmente a B1, é a etiologia provável do surto”, afirma o documento do Ministério da Saúde.


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É importante lembrar que no início da pandemia de covid-19, quando a curva de contaminação e óbitos no Piauí começou a subir mais rapidamente, a Secretaria de Justiça (Sejus) proibiu a entrada de alimentos de fora nos presídios do estado como forma de contenção da disseminação do vírus. O relatório do Ministério da Saúde menciona que essa interrupção da entrega de alimentos pelos familiares aos presos “pode ter agravado o quadro de hipovitaminose a que esses detentos se encontravam expostos”.

O que diz a Sejus

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Justiça do Piauí (Sejus) esclareceu que prestou toda a assistência aos internos que apresentaram sintomas e que firmou parcerias com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) para manter o atendimento aos presos nas próprias unidades penais sem necessidade de deslocamento. 

A Sejus diz ainda que procedeu com a limpeza dos sistemas de reservatório e abastecimento de água da Cadeia de Altos e que implantou um reforço vitamínico aos presos através da variação de cardápio a eles ofertados. “A Sejus reitera que tem mantido a atenção redobrada na saúde de todo o sistema prisional diante da pandemia de covid-19”, diz a nota.