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Ataques a bancos no Piauí em 2020 quase dobraram em relação a 2019

Dados são do Sindicato dos Bancários do Estado. Especialista diz que não dá para culpabilizar a polícia pela alta. PM fala em ações planejadas.

14/10/2020 10:08

O Piauí já registra em 2020 um total de 10 ocorrências de ataques a instituições financeiras. O número já é quase duas vezes maior que o registrado em todo o ano de 2019, quando o Estado contabilizou seis ataques. Os dados foram fornecidos pelo Sindicato dos Bancários do Piauí e retratam um cenário de violência e insegurança que parece ter sido acentuado depois da flexibilização do isolamento e retorno de uma série de atividades econômicas.

As ocorrências mais recentes aconteceram em grandes aglomerados urbanos, como por exemplo a capital, Teresina. No dia 17 de agosto, bandidos armados explodiram os terminais de autoatendimento do posto da Caixa que fica localizado na Avenida Dom Severino. O roubo aconteceu na madrugada, mas os criminosos não se intimidaram com a presença de populares nas sacadas dos apartamentos filmando toda a ação.


Foto: Reprodução/Whatsapp

Menos de um mês depois, o alvo foi a sala do cofre de um supermercado localizado no bairro Gurupi. Há duas semanas, foi a vez de outro supermercado, desta vez na Avenida Zequinha Freire, ser atacado por criminosos que explodiram dois caixas eletrônicos em seu interior. E há dez dias, o terminal da Caixa do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) foi estourado por uma quadrilha.

Também há dez dias, Miguel Alves foi palco de uma ação criminosa semelhante: uma agência bancária da cidade teve seus caixas estourados e os bandidos chegaram a usar os populares para formar um escudo humano e evitar a aproximação da polícia. 

“Esse mesmo banco de Miguel Alves foi alvo em 2013 de uma ação criminosa que terminou na morte do gerente. Os bancários e a população ficam com medo pela falta de segurança, além da ansiedade e da dúvida a respeito de como fica o funcionamento da agência”, pontua Odaly Medeiros, presidente do Sindicato dos Bancários do Piauí.

Foram pelo menos cinco ações em menos de dois meses. Não só os números assustam, como também o curto intervalo entre uma ação e outra. 


Foto: Reprodução/Whatsapp

Para o especialista em segurança pública, Arnaldo Eugênio, essa onda de violência que assola a cidade em alguns momentos é reflexo da ausência de um plano de segurança nacional para que o estado possa usar como referência e adotar as próprias medidas a nível local. Ele afirma que não se pode culpabilizar a polícia pelos índices de criminalidade e de letalidade de algumas ações, porque as forças de segurança fazem seu trabalho dentro dos limites a ela impostos.

“Com relação ao assalto a banco, isso tem a ver com a falta de inteligência, a falta de ação efetiva e a falta de planejamento não necessariamente das polícias, mas das condições pra que isso aconteça. A questão da violência, ela é nacional e obviamente se eu não tenho nenhuma ação a nível de país, eu não tenho nenhum controle efetivo a nível estadual e regional para enfrentar a criminalidade”, explicou Arnaldo Eugênio.

Roubos a transeuntes tem subido com a reabertura do comércio

A Polícia Militar reconheceu que tem havido um aumento no roubo a transeuntes em Teresina ao longo dos últimos meses e atribui isso, dentre outros pontos, à quantidade maior de criminosos de menor potencial ofensivo que foram colocados em prisão domiciliar por conta da crise sanitária causada pela covid-19 e à retomada das atividades comerciais.

Do início da pandemia até este mês de outubro, mais de 900 presos deixaram o sistema penitenciário para cumprir prisão domiciliar. Mas a PM lembra que nem todos eles estão seguindo as medidas de restrição impostas para concessão do benefício. “Nós podemos observar que alguns deles estão praticando este tipo de crime. A flexibilização, a abertura do comércio e a maior circulação de pessoas têm feito com que uns criminosos de ocasião tenham ou estejam agindo com maior frequência”, pontuou o tenente-coronel Lucena.

Segundo eles, são três os tipos de crimes mais registrados e que necessitam de ações e planejamentos diferenciados: os ataques a instituições financeiras, os ataques e roubos a comércios e os roubos à pessoa. O primeiro exige trabalho de inteligência e troca de informações entre setores especializados da polícia; o segundo exige operações noturnas e blitz e o terceiro exige aumento do patrulhamento de área.


Foto: Jailson Soares/O Dia

Na semana passada, a polícia apreendeu 22 armas de fogo e explosivos que seriam utilizadas em ações criminosas de assalto a bancos e afirmou que está intensificando as rondas em áreas consideradas mais críticas da cidade como centros comerciais de bairro da região central de Teresina.

“São ações baseadas em inteligência e policiamento que certamente evitaram que muitos outros estouros de caixas eletrônicos ou ataques a instituições financeiras acontecessem. Precisamos frisar que dentro das ações da PM temos verificado certas ocorrências, mas ou quando não conseguimos evitar ou quando não conseguimos prender o indivíduo na hora certa”, finaliza o coronel Lucena.

Por: Maria Clara Estrêla
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