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Traços afiados: charges fazem críticas e abrem espaço para embate de ideias

Em quase 30 anos de trabalho dentro da redação, Jota A eternizou grandes pautas da imprensa local, nacional e internacional

01/02/2018 16:55

Exatamente às 14 horas do dia 10 de setembro de 1988, o chargista Jota A iniciara seu primeiro dia de trabalho na redação de O Dia. A data é lembrada de forma tão precisa pelo chargista porque, segundo ele, aquele foi um marco de vida. “Eu ia trabalhar com o que eu mais amava na vida em um local que eu admirava”, explica. 

Em quase 30 anos de trabalho dentro da redação, o profissional eternizou grandes pautas da imprensa local, nacional e internacional com seus traços inconfundíveis.

Jota lembra, por exemplo, quando da prisão do jornalista Kenard Kruel em Teresina. “Prenderam o Kenard e eu fiz uma charge com ele entre dois policiais e um dizendo para o outro ‘imprensa!’. Foi um desenho que ganhou muita repercussão e, inclusive, o Kenard Kruel depois utilizou para falar sobre a perseguição ao jornalista que existia a época”, comenta.

Como esse, em tons de criticas sociais, políticas ou informativas, os desenhos de Jota A saem nas páginas de O Dia ao longo dessas quase três décadas, mas extrapolam as fronteiras do impresso. Tão tal que o chargista lembra não ser difícil encontrar muitos de seus traços espalhados pela cidade. 

“Houve uma vez que passei uma semana fazendo uma série sobre fumo, alertando sobre os prejuízos do cigarro, quando fui ao Centro encontrei alguns na parede de uma loja. Na universidade Federal do Piauí do mesmo jeito. É bom saber que nosso trabalho vai tão longe”, pontua.

E o trabalho de Jota já percorreu o país – e também o mundo. Ao longo de sua carreira, o profissional acumula mais de 160 prêmios de salões de humor e demais concursos de charges e cartuns.

Mesmo sem admitir, é possível inferir que o segredo para tamanho sucesso é manter-se sempre aberto a novos aprendizados. “Sou um cartunista 24 horas por dia. Se estou sonhando com algum assunto, penso em algo, escuto e sempre estou com bloco de papel no bolso e uma caneta. Costumo dizer que os fios batem e surge uma ideia, o meu material principal é a informação”, explica.

Outro trabalho que o profissional lembra que ganhou muita repercussão foi um com a temática do aborto. Em época em que o Brasil discutia a descriminalização do aborto e a lei da palmada. Jota fez um desenho que confrontava a ideia da atual presidente Dilma Rousseff ponderar legalizar o aborto na mesma época em que o congresso discutia a punição às palmadas. A imagem foi parar nas redes sociais e alcançou milhões de pessoas entre apoiadores e críticos severos.

“A charge não finaliza nenhuma discussão. Minha proposta é que as pessoas possam discutir, porque a charge não fecha nada e seu objetivo é abrir a possibilidade do diálogo”, finaliza.

E, assim, Jota A tem, através do traço rápido e inconfundível, expandir assuntos e novas fronteiras da informação Brasil a fora. 


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Por: Glenda Uchôa
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