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Toda dor de um clique e as histórias eternizadas dos fotógrafos de O DIA

Tragédia de algodões é marca de vida de Thiago Amaral; fatos de repercussão nacional são destaque para Assis Fernandes

01/02/2018 14:19

O olho ainda fica marejado ao descrever tudo que viu e fotografou naquele maio de 2009. A tragédia do rompimento barragem de algodões, no município de Cocal, norte do Piauí, que ocasionou a morte nove pessoas e centenas sem casa, foi uma das coberturas que o fotógrafo Thiago Amaral diz ser impossível de esquecer. “Eu nunca tinha visto nada parecido”, afirma.

Thiago foi um dos integrantes da equipe de O Dia que se destacou para acompanhar os resultados de destruição deixados pelo rompimento da represa. “Quando cheguei na redação falei com o Flavio e com a Mayara, ambos repórteres, e eles sabiam que tínhamos que ir até Cocal. Falamos com o editor e ele disse que devíamos ir. Chegamos lá no fim do dia e a cidade toda estava em comoção”, relembra.

Como já era início de noite, o trabalho da equipe ficou comprometido. Mas a cobertura não pararia por aí. No fim de semana posterior, a mesma equipe voltaria ao município para fazer o relato das consequências que a inundação causara. 

“Em um dia que caminhamos dez quilômetros para chegar ao povoado mais atingido, que era chamado Angico Branco. Por lá, encontramos muita destruição. Neste mesmo dia pela manhã a Mayara fez uma entrevista com o Governador e ele fez a seguinte indagação: “deus não pode ser o culpado”. Nesse povoado, havia uma igreja que foi toda levada pela força da água, mas ficou só a fachada. Eu fiz a foto que, no outro dia estampou, a capa do jornal. Fiquei muito emocionado com esse registro por tudo que ele representava”, relembra.

Thiago destaca que o entrosamento com a equipe e o perfeito casamento entre foto e notícia sempre oportunizaram boas experiências e conteúdos para as páginas de O Dia.

Outra reportagem marcante, foi quando retratou o Centro de Teresina como uma área dominada pela prostituição, em 2010. Intitulada “O Centro do Sexo”, a matéria mostrou personagens e locais que sobreviviam através da prostituição na Capital. 

Para Thiago, contar do que viu é tarefa simples, já que o amor à fotografia o acompanha desde a primeira fase da adolescência. “Meu pai era fotógrafo e quando ele adoeceu eu que tive que me responsabilizar por alguns eventos que ele cobria. A fotografia é apaixonante, eu só não sabia que realizaria meu sonho de trabalhar com o que eu queria, que era o fotojornalismo, no local que eu admirava, que era o jornal O Dia”, afirma.

Com a experiência adquiria em redação, o fotógrafo pode desenvolver seu trabalho em outras plataformas de notícias e experiências profissionais.

Furos e fatos de repercussão nacional através do fotojornalismo 

Quando uma foto aparece no jornal, como as que aparecem neste caderno especial, o objetivo dela é contar uma história. Por si só, independente do texto, a imagem passa uma mensagem que será recebida pelo leitor através de múltiplas formas. Na missão de falar com o olhar, o fotógrafo Assis Fernandes está na redação de O Dia há mais de duas décadas.

Assis se declara apaixonado pela profissão que escolheu como meio de vida. Mas muito mais que apenas garantir uma renda, o trabalho também serve como inspiração diária – e de vida. No entanto, não é desde o começo da carreira profissional que ele trabalha com fotojornalismo. 

“Eu vinha de um trabalho de fotografia autoral e também de assessoria de imprensa, mas não de fotojornalismo, então foi um desafio quando eu entrei na redação. De lá para cá, sempre vivo novas experiência e sempre aprendendo mais com os fatos a gente acompanha”, diz.

Entre as histórias eternizadas por Assis, nem todos são fáceis de encarar. Uma cobertura que até hoje emociona foi a da morte de crianças no Rio Poti enquanto participavam de um acampamento de escoteiros na zona Sul de Teresina no final da década de 90.

“O fotojornalismo tem esse lado incompreensível, porque precisa registrar o fato. Antes, no local que você chegava com uma máquina fotográfica era como chegar com uma arma, porque todos sabiam que aquilo tinha poder. O fotógrafo tem que aprender a exercer aquilo que foi destinado a fazer e muitas vezes é doloroso. Uma foto não só mostra o acidente/incidente, mas também pode alertar para que isso não se repita”, explica. 

As fotos dessa tragédia foi replicada em revista nacional. Mas esse não foi o único fato que Assis, através do olhar apurado e veloz, conseguiu fazer repercutir para além das fronteiras do Estado.

Ele lembra do episódio em que, à época muito famosa, Teresa Collor veio a Teresina para participar de um evento. Durante a entrevista, a celebridade deixou a mostra sua calcinha.

“Ela era considerada a namoradinha do Brasil, porque ficou muito famosa na época. Na entrevista, percebi que ela fazia o movimento de cruzar as pernas e, bom, o fotojornalista tem que estar atento ao que acontece. Fiz a foto e realmente deu para ver a calcinha”, relembra.

A foto saiu no jornal e, tempos depois, o fotógrafo recebeu uma ligação com pedido de venda do material. Seis meses depois de publicado no Jornal O Dia, a foto da Teresa Collor estaria nas últimas páginas da Playboy. “Foi um fato diferente e acho que a primeira vez que um fotojornalista colocou uma foto na playboy”, comenta.

Ao decorrer da anos, ainda surgiram outros fatos e furos que ganham destaque, como o da primeira simulação de sequestro de avião que aconteceu em Teresina ou a denúncia de irregularidades para tirar a Carteira de Habilitação no interior do Piauí. Fatos eternizados pelo fotógrafo, que traz na visão apurada muito do que entende sobre o mundo. 


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Por: Glenda Uchôa
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