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Resgates de fatos históricos pautam jornalismo mais próximo do leitor

Marcos Vilarinho, o Vilar, é jornalista que desde o final dos anos 80 e se dedica entre a escrita e edição das páginas de O Dia

01/02/2018 12:30

Nem sempre é preciso ver um fato acontecendo para descrevê-lo em riqueza de detalhes. Pelo menos não para Marcos Vilarinho, o Vilar, jornalista que desde o final dos anos 80 se dedica entre a escrita e edição das páginas de O Dia. Entre as muitas características do profissional, a sensibilidade de resgatar fatos históricos e trazê-los à tona para que o leitor vivencie o que o tempo já se encarregou de deixar para trás, é uma das marcas importantes de seu trabalho.

Foi assim quando ele decidiu contar a história dos incêndios que aconteceram em Teresina no final da década de 40. Em um período em que cerca de 60% das casas da cidade eram feitas de taipa, uma onda de queimadas fez com que muitas famílias perdessem tudo. À época, um nome foi apontado como o causador da problemática e Vilar teve a iniciativa de ir atrás deste fato - quase cinquenta anos depois. 

Essa reportagem é, até hoje, uma das matérias que ele considera marcante na sua carreira. “Eu recebi uma ligação na redação, a família queria que eu fizesse uma matéria como se fosse uma reparação pelo crime que fizeram com ele, porque foi uma pessoa apontada como incendiário, mas nunca se soube realmente o que causaram essas queimadas, porque podia ser até questão relacionada ao tempo. Quando eu fui até a casa dele, ele já não falava mais, mas os filhos contaram toda a história”, explica. 

Apesar da história apurada pelo repórter, o editor barrou a divulgação da matéria. Vilar só retomaria a temática quando um novo editor assumiu a chefia da redação de O Dia. Mesmo assim, a espera valeu a pena. “Quando a matéria foi divulgada, ele já havia morrido, mas me senti como um arauto, como se eu jogasse luz com àquela situação”, explica.

O mesmo faro para garimpar boas histórias viria a se repetir outras centenas de vezes, apesar disso, o jornalismo, na vida de Marcos Vilarinho, nem sempre foi uma constante. “Me formei em Recife e foi uma longa estrada até chegar no jornalismo, porque eu nunca pensei em ser jornalista. Entrei na carreira no final da década de 80, após ter passado pela experiência de um seminário e de ter montado um bar”, conta. Vilar começou cobrindo a editoria de política, mas se encontrou, de fato, com o jornalismo cultural. “Sinto que tenho uma carreira muito proveitosa, muito satisfatória, em decorrência da minha curiosidade em conhecer atos não tão populares e principalmente fatos históricos”, conta.

Desses fatos, o jornalista lembra da emoção de retratar a história da batalha do Jenipapo através de uma visita ao cemitério onde os piauienses que bravamente enfrentaram as tropas de Fidié, quando pela luta pela independência do Brasil, foram massacrados e enterrados no município de Campo Maior. “Fui pela primeira vez no cemitério dos Heróis do Jenipapo, cheguei e estava aquele vento, senti uma comoção tão grande e me senti com a responsabilidade de falar aquelas pessoas que estava ali”, destaca.

Apesar do apreço histórico, o jornalista também se desafiava a vivenciar novas experiências e abordagens. Outra matéria inesquecível em sua carreira se deu quando o repórter quis passar pela experiência do ritual de ingestão do daime. Nesta reportagem, o jornalista descreveu tudo que sentiu durante a cerimônia em um texto impossível de não ler e não envolver-se a cada linha. 

Retratando histórias e fatos marcantes, Vilar mostra que o jornalismo pode ser cheio de boas experiências.


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