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Passageiros denunciam desvios de rota de ônibus em Teresina

Moradores do bairro Ininga, nas proximidades da UFPI, têm apenas uma linha e um ônibus disponível. Eles denunciam descumprimento de horários e encurtamento das rotas.

06/11/2020 11:16

Quem depende do transporte público para ir e vir ultimamente vem enfrentando problemas e tendo dificuldades de locomoção. Desde o início da pandemia de coronavírus na capital, os ônibus tiveram sua circulação suspensa na cidade como forma de evitar aglomeração de pessoas e saídas desnecessárias de casa. Mas antes mesmo disso, os motoristas e cobradores já vinham fazendo manifestações e ameaçando paralisações em reivindicação a melhores condições de trabalho.

O resultado foi uma greve que durou quase três meses. Em final de julho, quando começou a se falar em possibilidades reais de uma reabertura gradual e segura, e após negociação entre a categoria, Prefeitura e SETUT (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina), os ônibus voltaram a circular aos poucos até que a frota fosse quase que totalmente posta nas ruas. Uma ressalva: os terminais de integração seguiam fechados para evitar aglomerações.


Foto: O Dia

Com linhas readaptadas para fazerem o percurso bairro-centro diretamente, os passageiros passaram a lidar com a demora nos coletivos. A espera chegava a quase uma hora em alguns casos e passava disso em outros. Em regiões como o bairro Ininga, na área do campus universitário Ministro Petrônio Portella, a população passou a ser assistida por somente um ônibus. Isso porque além da frota estar reduzida em toda a cidade, as aulas presenciais na UFPI encontram-se suspensas e sem a maior demanda, que é a dos alunos, os coletivos são reduzidos.

No entanto, não há apenas estudantes da universidade morando na região e dependendo de transporte público. Trabalhadores e alunos que cumprem estágios durante o período de pandemia seguem necessitando de transporte e o que eles alegam é que um único ônibus passando somente de hora em hora não é suficiente para atender à demanda. Dificultou ainda mais a situação com a greve dos motoristas e cobradores deflagrada no começo de outubro: o único veículo que atende a região do Ininga na UFPI chegava a fazer somente duas viagens no começo do dia.

Moradores denunciam que além da falta e da demora dos ônibus, há casos em que o veículo não segue a rota como deveria ser e faz desvios para encurtar o caminho. “Já aconteceu mais de uma vez de eu estar esperando o 401 [linha Universidade-Centro] e ele não descer aqui pros condomínios. Ele passa lá por cima e não vem até aqui, deixa todo mundo que estava esperando por ele aqui embaixo e sai do terminal direto para a UFPI e pra Nossa Senhora de Fátima e de lá vai pro Centro”, relata a estudante Patrícia Ferreira, moradora de um dos condomínios nas proximidades da Universidade Federal e que depende de ônibus para chegar ao estágio.


Foto: O Dia

A inconstância no horário também é outro problema. Segundo os moradores, o ônibus deveriam sair de hora em hora do terminal, mas há casos em que esse embarque acontece antes ou depois do horário previsto, dependendo do motorista. Os horários podem ser consultados através do aplicativo SIU Mobile, Teresina operacionalizado pela STRANS. A ferramenta conta inclusive com um sistema de rastreamento da localização dos veículos em tempo real que informa onde cada ônibus está e qual se encontra mais próximo do ponto de espera do passageiro.

No entanto, o sistema apresenta defeitos e não funciona como deveria. É isso o que dizem alguns usuários. O estudante Rodrigo Cardoso, morador de um prédio nas proximidades da UFPI, diz que se for depender do aplicativo para conseguir se planejar para sair de casa, não consegue fazer nada porque ou o ônibus não aparece localizado, ou não há informações de ponto de parada existente.

“Ele pede pra ativar o GPS quando a gente entra. Eu ativo e seleciono a parada mais próxima de mim e aparece que não tem informações pra aquela parada. Aí busco por linha e diz que não tem linhas disponíveis para aquela parada onde eu estou. Informa os horários, mas só isso não é suficiente, porque nem sempre o ônibus sai na hora e nem sempre tem ônibus suficiente pra cobrir a tabela de horário inteira”, relata o rapaz.


Foto: O Dia

Demora, percurso encurtado e incertezas

Pegar ônibus na região da Universidade Federal do Piauí aos finais de semana, durante período de férias ou mesmo durante a pandemia tem sido um desafio. Quem depende do transporte coletivo no bairro Ininga encontra demora nos coletivos, incerteza nos horários e até mesmo encurtamento de percurso em algumas viagens. Com as aulas presenciais da instituição suspensas, os ônibus não chegam a percorrer todo o campus por conta da baixa demanda de passageiros e alguns locais onde há casas e prédios com gente morando e dependendo do transporte público, acabam ficando desassistidos.

A espera por um ônibus chega a durar de uma a duas horas dependendo do horário e do dia. A estudante de Medicina Veterinária, Juliana Rodrigues, é uma das pessoas que sofre com esse dilema do transporte coletivo na região diariamente. Precisando se deslocar de casa para o estágio, muitas vezes ela recorre aos carros por aplicativo e até mesmo se arrisca a fazer parte do percurso a pé por conta da demora nos coletivos.


Foto: O Dia

“A questão de horário é complicada porque as vezes o ônibus demora muito pra passar. O Universidade demora bastante. Teve um dia que esperei tanto ali no ponto perto da [Avenida] Dom Severino, que cheguei na parada 16h40, já eram quase 18h, e ele não passava. Eu desisti de esperar e fui pra casa caminhando mesmo”, relata a estudante.

Juliana também já foi uma das que foi pega de surpresa com o encurtamento do percurso do ônibus. O veículo, segundo ela, passou pela rua de cima, sem descer para os condomínios próximos à UFPI e deixou ela e um amigo desassistidos de transporte depois de um longo tempo de espera na parada.

“Era dia de sábado e os horários já são um pouco diferentes e tem uma quantidade reduzida de ônibus. A rota é a seguinte: ele sai do terminal da UFPI e passa pelos condomínios antes de seguir para a Nossa Senhora de Fátima. Nesse dia, estávamos na parada e simplesmente ele não passou. Deu para ver o ônibus passando na outra parada lá em cima, mas lá onde a gente estava ele nem chegou perto. Essa questão de encurtar o percurso é bem prejudicial, principalmente se for em período de férias ou fim de semana, porque o tempo de espera se alonga muito”, finaliza.


Foto: O Dia

O que diz a STRANS 

O Portalodia.com procurou a Superintendência de Transporte e Trânsito de Teresina (STRANS). Com relação à frota de ônibus circulando pela região da UFPI, o superintendente de Planejamento do órgão, Denilson Guerra, disse que ela está dimensionada conforme a demanda. Sobre os desvios, ele afirmou que são fiscalizados conforme o regulamento e que a denúncia deve sempre ser repassada à Gerência de Fiscalização da Diretoria de Transporte Público.

Sobre a presença de GPS nos ônibus que ajude a monitorar rotas e cumprimento de horários, o superintende informou que todos os aparelhos estão ativos e funcionando normalmente como deveriam ser. Já no que respeita à ferramenta SIU Mobile Teresina, Denilson disse que ela é parte integrante do contrato de operacionalização do setor e que deve ter funcionamento contínuo. As denúncias de falhas e inoperância são checadas. 

Com relação às denúncias de desvios de rota dos coletivos e encurtamento dos percursos, se comprovada a conduta, a empresa operadora do ônibus estará sujeita ao pagamento de multa que pode ser de até mil vezes o valor da passagem inteira. O órgão pede que os usuários denunciem casos de desvios do percurso por parte dos coletivos.

Por: Maria Clara Estrêla
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