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Família de mulher atropelada por vereadora irá à Justiça por falta de assistência

Segundo o esposo da vítima, Merval Lúcio, o inquérito ainda não foi finalizado para o Ministério Público oferecer a denúncia

02/10/2021 15:29

O advogado Merval Lúcio, esposo de Jesiane Melo, vítima de um atropelamento provocado pela vereadora Laysa Coelho (MDB), do município de Uruçuí, no Sul do Piauí, disse em entrevista ao Portal O Dia.com que a família vai processar a parlamentar por falta de assistência dada ao caso. Segundo ele, o inquérito ainda não foi finalizado para o Ministério Público oferecer a denúncia.


“Estamos esperando o inquérito ficar pronto, pois iremos buscar os nossos direitos porque até o momento não tivemos ajuda de nada. Todos os procedimentos saíram por nossa conta. Diferentemente do que a vereadora anda divulgando, que tá dando suporte, em momento algum a nossa família foi procurada. Até hoje ninguém não nos procurou em momento algum. Nem para pedir desculpas nós fomos procurados”, disse à reportagem.


Foto: Arquivo/Pessoal 

Merval relatou que o casal tinha recursos guardados que custearam todo o tratamento Jesiane. Ela recebeu alta hospitalar na última segunda-feira e está seguindo com a recuperação em casa. “Graças a Deus a gente não precisa ficar mendigando nada. Estamos pagando do nosso bolso. Depois, vamos requerer todos os recursos que estamos pagando por via judicial”, relata.

Ainda segundo o advogado, o que revoltou a família da jovem foi também o fato de a vereadora ter saído da prisão sem pagar fiança. “No dia da audiência, a juíza alegou que expediu o alvará de soltura sem fiança porque a vereadora é mãe solteira e só ganhava R$ 5900. Ou seja, ela não tinha condições de pagar fiança. Agora eu lhe pergunto, com um salário desse, a vereadora filha de ex-deputado, filha de ex-prefeito, sobrinha de deputado, e ela não tinha condições de pagar? É incrível como ela passou de poderosa para vítima”, disse.

Jesiane trabalha com seguro de banco, profissão que requer alta produtividade. Segundo o esposo, no dia do acidente, ela estava indo se preparar para um concurso público que faria no dia seguinte.

“Eu e minha esposa vivemos de empresa privada, de produção, não somos funcionários públicos. Minha esposa trabalha com seguros e, portanto, tem que produzir. Aí você imagina uma pessoa que vive de produção parar totalmente por causa de uma inconsequente alcoolizada, que atropela outra pessoa? Minha esposa estava indo para o cursinho se preparar para um concurso público que faria no dia seguinte. Imagina agora você parar de trabalhar, tendo uma filha de dez anos por causa de uma pessoa que não prestou socorro nenhum. E depois de tudo isso ter tirado chacota da vítima e da sociedade?” questiona.

Agora, Merval concentra esforços na recuperação de Jesiane que teve coluna e crânio fraturados. Ela está com dificuldade de andar e ainda apresentou problemas com a memória.

“Demos muita sorte porque ela foi atendida rapidamente. Como seria se tivesse sido com alguém sem recursos? Talvez, ninguém ia saber dessa história. A pessoa provavelmente estaria à mercê da sorte, em um SUS desse até hoje esperando uma cirurgia. É moralmente plausível, prestar ajuda, mesmo a gente não estando precisando. A pessoa fez algo errado, admitiu isso e não se prontifica nem a ajudar. Ficaremos incansavelmente acompanhando este caso até que Justiça seja feita”, finaliza.

A vereadora Laysa Coelho (MDB), que foi presa em flagrante no dia 25 deste mês, se manifestou sobre o assunto nas redes sociais. No momento do acidente, Laysa conduzia um carro sem habilitação.  No pronunciamento, a parlamentar disse ter reconhecido o seu erro, mas que isso “pode acontecer com qualquer pessoa”. 

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