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Ansiedade desencadeia sintomas físicos, comportamentais e emocionais

Psicóloga descreve sinais recorrentes que ajudam a identificar quando essa sensação natural passa a ser patológica

14/04/2021 08:51

Dando continuidade à série de reportagens sobre Saúde Mental, o Jornal O DIA traz hoje (14) uma matéria sobre ansiedade e os sintomas que ela desencadeia no corpo. Na edição desta quinta-feira (15), a reportagem especial abordará o tema depressão.


De uma ativação emocional básica à patologia. A ansiedade acompanha os passos do ser humano e evoluiu junto com ele. Enquanto nos primórdios essa emoção surgia como um alarme para indicar perigo e nos preparar para fugir ou enfrentar um predador, por exemplo, agora esse alarme se ativa para situações no trabalho, nas relações pessoais, no trânsito e, até mesmo, por pensar na possibilidade de algo negativo acontecer.

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“A ansiedade é uma ativação emocional básica que, ao longo da evolução humana, tomou diferentes formas. Ela, que é necessária para nos preparar, planejar e organizar, pode virar a ansiedade patológica, que surge como um sentimento de paralisação, medo extremo e de crises emocionais”, pondera a psicóloga Lorena Gonçalves.

A psicóloga Lorena Gonçalves indica hábitos que ajudam a melhorar o quadro (Foto: Arquivo pessoal)

Segundo a psicóloga, que trabalha com ênfase na abordagem Cognitiva Comportamental, a ansiedade patológica desencadeia sintomas físicos, comportamentais e emocionais que precisam ser trabalhados com ajuda profissional. 

Entre os sintomas físicos mais recorrentes estão: falta de ar ou respiração ofegante, tontura ou dores de cabeça, dores de barriga, tensões musculares, dificuldade para dormir ou insônia, aperto no peito, palpitações e/ou tremores. 

Já os sintomas psicológicos e comportamentais mais comuns são: dificuldade de concentração e de encarar a realidade, baixa autoestima, comportamentos compulsivos, irritação e pensamentos acelerados, preocupação excessiva, vontade de desistir, medos paralisantes e procrastinação. “Outro sinal que merece atenção é o excesso de evitação de situações que geram ansiedade, pois pode acarretar em comportamentos extremos de isolamento, perfeccionismo, sobrecarga e irritação, que refletem negativamente nos relacionamentos familiares e afetivos, além de gerar conflitos internos”, completa a psicóloga. 

Pico de ansiedade

Lorena Gonçalves explica que diversos estímulos podem levar uma pessoa a desencadear emoções negativas e crises de ansiedade. “Existem estímulos universais, situações que despertam ansiedade, que são: a sensação de falta de controle, dilemas e indefinição. Outros estímulos comuns são ativados por problemas financeiros e de saúde, certas medicações, uso de estimulantes, como excesso de cafeína e álcool, que podem elevar os níveis de ansiedade de forma generalizada. E, individualmente, cada pessoa pode apresentar estímulos diferentes que despertem emoções e sintomas negativos”, cita.

Respiração e desviar atenção ajudam a controlar crise 

A ansiedade patológica pode culminar em uma crise que, em geral, incapacita a pessoa, causando fortes sintomas físicos, como rigidez muscular, dificuldade para respirar, palpitações e dor no peito, além de pensamentos acelerados e disfuncionais.

Quando isto acontece, a psicóloga Lorena Gonçalves indica que a primeira coisa a se fazer é tentar estabilizar a respiração, manter um ritmo de inspiração e expiração confortável. “Se possível, parar e sentar, contar as inspirações e expirações mentalmente, assim os pensamentos ansiosos ficam mais distantes, dando lugar à concentração na respiração”, explica.

O segundo passo é desviar a atenção dos pensamentos de medo. “Isso pode ser feito através de técnicas de distração, como olhar em volta, observar algum objeto, suas cores, formato, imaginar a textura, perceber os odores no ambiente”, detalha.

Lorena orienta que é necessário também a pessoa entender se há algum pensamento que intensifica a crise e evidenciar se ele é real ou não. “Muitas vezes, a ansiedade é manifestada por pensamentos falsos. O pensamento racional ajuda a enfrentar a crise, junto à respiração regulada e às distrações, trazendo a consciência para o momento presente”, pontua.

A psicóloga ressalta que o acompanhamento psicoterapêutico é exatamente para ensinar a pessoa a se comportar de forma saudável para lidar com eventuais crises de ansiedade e para diminuir a recorrência dessas crises em momentos onde os estímulos emocionais não podem ser evitados. 

“Existem técnicas de respiração, de relaxamento, de atenção plena, de controle de ativações emocionais, que ensinamos nas sessões de forma individual, respeitando a história de vida e a necessidade de cada pessoa na psicoterapia”, pondera.

Por fim, Lorena Gonçalves cita alguns hábitos saudáveis e terapêuticos que auxiliam na redução da ansiedade, são eles: a prática de exercícios físicos, alimentação balanceada, sono regulado, meditação, autocuidado, lazer e ter um tempo de qualidade com as pessoas que gosta.

Por: Virgiane Passos - Jornal O DIA
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