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Convidados discutem soluções para questões sociais da Capital

Na segunda edição do programa "œTeresina em uma Nova Década", o Sistema O DIA questionou aos entrevistados como avaliam o cenário e pensam soluções acerca de temas como combate a criminalidade.

20/12/2019 08:11

Na segunda edição do programa “Teresina em uma Nova Década”, o Sistema O DIA questionou aos entrevistados como avaliam o cenário e pensam soluções acerca de temas como combate a criminalidade, como atrair novas empresas e diversificar a economia, e como ampliar e melhorar a rede de assistência à saúde aos teresinenses. O programa está sendo exibido na O DIA TV, às 20h30, e nesta sexta-feira (20) terá sua última edição veiculada.


Leia também: Programa discute os principais problemas físicos de Teresina 


Nesta edição do Jornal O DIA, as personalidades convidadas discutem aspectos sociais de Teresina. Os temas impactam diretamente na qualidade de vida dos teresinenses. Para o diretor de Marketing do Sistema O DIA, Alberto Moura, a ideia é promover uma discussão com o objetivo de contribuir com soluções que possam ser aplicadas no dia a dia cidade nos próximos 10 anos. “Com o projeto, O DIA cumpre sua missão de tratar com a devida responsabilidade social o dia a dia dos teresinenses e incentivar na busca de ideias para que os desafios da Capital sejam enfrentados”, pontua.

O conteúdo do projeto “Teresina em uma Nova Década” também é publicado no Portal O DIA e pode ser acessado pela internet. Na edição especial do final de semana do jornal, aspectos administrativos e políticos entrarão na pauta da discussão.


Como equacionar os índices de criminalidade?

Na segunda parte do especial “Teresina em uma Nova Década”, discutimos com nossos entrevistados alternativas para o combate e redução da criminalidade, uma das principais reclamações não apenas dos habitantes da nossa cidade, mas dos brasileiros de forma geral.

Para o empresário Valter Lima (PSL), é preciso dar uma resposta rápida à sociedade, que na sua concepção, sofre com a sensação de impunidade. “É preciso estudarmos uma lei diferenciada para que isso mude, mas temos que aumentar também o efetivo da Guarda Civil Municipal, para darmos mais segurança aos teresinenses”, afirmou.

Replicar experiências bem sucedidas em outros lugares reconhecendo a realidade local é uma possível saída. O deputado Fábio Novo (PT) lembra o caso de Medellín, na Colômbia, a cidade sofreu na década de 1990 com os altos índices de violência, mas soube reverter através de políticas públicas voltadas para o social. “Se trabalhou inteligência e leis mais severas, mas não se deixou de fazer os equipamentos sociais necessários para que aquelas comunidades pudessem ter curso de capacitação, geração de emprego e renda levando em conta a realidade de cada bairro, investindo fortemente em educação continuada e em escolas de tempo integral, além de escolas de artes associadas a isso”, avalia o parlamentar.


Novo entende que é preciso políticas públicas voltadas para o social - Foto: Jailson Soares/O Dia

O publicitário e empresário Fábio Sérvio (Prós) considera que, entre demais fatores, a questão da desestruturação familiar é um dos catalisadores do problema da violência, não apenas na capital piauiense, mas em todo país. “O papel do município é primeiro na sociedade, se não nos conectarmos todos para encontrarmos uma solução, vamos ficar patinando e vendo aumentar a criminalidade”, enfatiza.

O atual secretário de Estado da Segurança Pública, Fábio Abreu, entende que não se combate violência apenas com polícia e defende que o Estado ocupe espaços de forma qualificada. Ele cita a integração entre as instituições para um trabalho preventivo de combate a violência. “A população geralmente imputa à polícia, falhas que aconteceram no processo educacional, social, e uma série de outras coisas que infelizmente desembocam na segurança pública, então precisamos fazer esse trabalho de forma integrada com a prevenção e a parte social de forma bem mais forte do que existe hoje”, diz o gestor.


Abreu defende integração entre instituições no trabalho preventivo - Foto: Jailson Soares/O Dia

O ex-deputado Luciano Nunes (PSDB) lembra que a segurança pública é uma competência da gestão estadual, mas ressalta o empenho da Prefeitura de Teresina na elaboração de um projeto de lei para criação de uma secretaria municipal só para tratar das demandas desta área na capital.

“Além das suas ações próprias, de guarnecer os prédios públicos, vai promover uma melhor articulação com a secretaria de segurança do Estado e com o Governo Federal, bem como de outros investimentos na área de monitoramento de algumas regiões da cidade, por exemplo”, revela Nunes.

A necessidade de uma maior integração também foi destacada pelo deputado Georgiano Neto (PSD), que ainda defendeu um maior investimento em estruturas próprias do município no combate aos índices de violência local. “É importante a gestão municipal priorizar a Guarda Comunitária e fortalecer a parceria com o Governo do Estado, pois acreditamos que a partir disso, sem colocar culpados diante dessa situação, vamos conseguir melhorar a realidade que Teresina enfrenta quanto ao combate a violência”, finalizou.


Como atrair novas empresas e diversificar a economia?

A cidade de Teresina tem uma economia consolidada na oferta e consumo de produtos e serviços, além de ter um potencial enorme na área de negócios. No entanto, há setores que ainda engatinham e precisam avançar para gerar emprego e renda e consequentemente, influenciar na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

A diversificação da atividade econômica teresinense, por exemplo, é vista por Fábio Abreu (PL) como uma das possibilidades para o desenvolvimento da cidade. “A regra é muito simples, para poder gerar emprego e renda é necessário investir na indústria e no comércio, atrair e manter empresas e não observamos isso”, disse.

O publicitário e também empresário Fábio Sérvio (Prós) questiona as condições para que investidores abram negócios na cidade. Ele cita a alta carga tributária e a má qualidade da rede energética, por exemplo, como aspectos que necessitam de uma maior atenção do poder público. “Não podemos esperar uma grande indústria se instalar porque, como costumam dizer popularmente, quando ligar a tomada cai a energia da cidade toda [...] Precisamos unir as instituições. A Ride [Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina] ainda existe, mas as pessoas esquecem disso, para que a gente encontre um caminho e possamos recuperar um tempo perdido”, argumenta Sérvio.


Fábio Sérvio argumenta que é preciso unir as instituições como saída para atrair empreendedores - Foto: Jailson Soares/O Dia

Além de consolidar o setor de serviços, o incentivo à indústria também é apontado pelo deputado Georgiano Neto (PSD) como necessidade para acelerar o crescimento econômico da capital piauiense. “Devemos avançar como um polo de saúde, mas garantindo também as condições para se desenvolver uma atividade industrial forte, garantindo a geração de riquezas em nossa cidade, melhorando a arrecadação e consequentemente tendo mais recursos para investir no social”, argumentou.


Georgiano aponta o incentivo à indústria como indicativo para acelerar o crescimento econômico - Foto: Jailson Soares/O Dia

A localização geográfica de Teresina é vista pelo empresário Valter Lima (PSL) como estratégica para atrair investimentos, porém, ele ressalta a necessidade de ofertar condições para que novas empresas se instalem na cidade. “Todos sabemos que temos potencial, mas primeiro precisamos de infraestrutura. E para este sorte é necessário à realização de investimentos”, enfatizou.

O advogado Luciano Nunes (PSDB) menciona algumas ações que já estão em prática, como o incentivo a economia criativa de startups pela Prefeitura de Teresina, porém cobra uma maior participação do Governo do Estado no fomento à atividade empresarial.

“É importante buscarmos estreitar a parceria com o governo do Estado para que ele possa também fazer sua parte, com uma política tributária, por exemplo. Temos no Piauí a maior carga tributária, uma alíquota excessiva sobretudo no combustível, que é um dos principais insumos de toda produção”, disse Nunes.

Para competir de igual para igual com estados vizinhos como Maranhão e Ceará, que tem atraído empreendimentos dado as melhores condições fiscais, o deputado Fábio Novo (PT) defende união entre o governo estadual e a gestão municipal na elaboração de uma legislação tributária que incentive o setor na cidade. “Não é que vamos ter uma guerra fiscal, mas precisamos de uma política mais agressiva para que os pólos empresariais possam, efetivamente ganhar, mais vida [...] Acredito que é preciso investir em uma política tributária e colocarmos a infraestrutura necessária”, argumenta o parlamentar.


Como ampliar e melhorar a rede de assistência à saúde de Teresina?

A questão da assistência social, sobretudo na oferta de serviços voltados à saúde, é uma demanda crescente dos teresinenses. Além do interior do Piauí, parte significativa do interior do Maranhão faz uso da rede municipal de Teresina e cria demandas em torno do setor que se de um lado colabora com investimentos na área privada, demanda mais gastos na rede pública. Os convidados do Sistema O DIA comentam os problemas do setor.

O empresário Fábio Sérvio cita, por exemplo, a demora na marcação de consultas, mesmo o município possuindo uma ampla estrutura de hospitais e unidades básicas de saúde. “O maior problema de saúde que vejo é a fila para atendimento. Há pessoas que aguardam meses por uma consulta com especialista, acarretando às vezes uma piora da doença. Precisamos focar nisso, se preocupar com o aumento do aparelho físico mas sem perder a essência humana”, destacou o publicitário.

Para o advogado Luciano Nunes (PSDB), que já presidiu a Fundação Municipal de Saúde (FMS), os investimentos da atual gestão de Teresina tem proporcionado um avanço nessa área, algo em torno de 35% do seu orçamento anual, porém, avalia que a inexistência de uma rede estadual estruturada no interior penaliza e dificulta a oferta aos que residem na capital. “Se toda essa estrutura estivesse à disposição somente dos teresinenses, conseguiríamos fazer uma saúde de melhor qualidade, mas como bons teresinenses, somos solidários com todos nossos irmãos piauienses e brasileiros”, argumentou o ex-parlamentar estadual.


Luciano diz que os investimentos da atual gestão em Teresina proporcionou avanços na área de saúde - Foto: Jailson Soares/O Dia

Alternativa a este cenário, o deputado Fábio Abreu (PL) defende um maior entendimento entre o governo do Estado e a Prefeitura de Teresina na repactuação da Saúde, mas também enfatiza a necessidade de descentralizar a oferta do atendimento em Teresina. Ele cita que muito se gasta, às vezes, porque o programa de saúde da família, que tem como meta trabalhar a prevenção de doenças não cumpre seu objetivo. "O gasto é alto, mas está sendo gasto onde mais se precisa? Quando se faz prevenção as pessoas dependem menos da UPA e dos hospitais, tem menos doenças graves. O médico da família tem que estar o mais próximo das pessoas, e não é as pessoas que precisam se deslocar mais para encontrá-lo.”, declarou.

Já para o deputado Fábio Novo (PT) o compartilhamento dos serviços de saúde da capital com pacientes do interior não deve ser visto com o problema principal, já que o SUS pressupõe um atendimento integrado. Ele defende um maior investimento na atenção básica. “Se tivermos um programa permanente de consultas nos postos de saúde das unidades, vamos desafogar muita coisa”, argumenta.

Além deste cenário, o deputado Georgiano Neto (PSD) destacou a necessidade de priorizar a aplicação dos recursos públicos, principalmente levando em consideração a escassez de receita. “Precisamos realmente ter a preocupação com a qualidade dos gastos voltados para a saúde e também para a assistência social, como também cobrar mais transparência”, pontuou.


Valter Lima sugere a terceirização da área de saúde como alternativa para baratear os custos - Foto: Jailson Soares/O Dia

Somada as recomendações elencadas acima, o empresário Valter Lima (PSL) sugeriu uma a terceirização do serviço de saúde como alternativa viável para, segundo ele, baratear os custos e otimizar a prestação dos atendimentos aos teresinenses. “Isso facilita o trabalho e desafoga as unidades básicas de saúde, os hospitais [...] Viabiliza, facilita terceirizando a saúde, não de forma geral, mas em partes”, concluiu.

Por: Breno Cavalcante, do Jornal O Dia
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