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Uma pessoa foi assassinada por dia no Piauí nos 5 primeiros meses de 2020

Dados são do Monitor da Violência da USP. Foram 241 mortes violentas de 01 de janeiro a 31 de maio deste ano. Abril foi o mês mais violento com 66 assassinatos.

23/07/2020 09:23

O Estado do Piauí registrou uma média de 1,5 morte violenta entre os meses de janeiro e maio de 2020. É isto o que aponta um levantamento do Núcleo de Estudos de Violência da USP, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Grupo Globo. Existente desde 2017, o projeto monitora a escalada mês a mês da violência no Brasil. O último estudo divulgado aponta que o Piauí teve 241 casos de homicídio nos cinco primeiros meses deste ano. 

O número é 4,78% maior que o total registrado no mesmo período do ano passado. De janeiro a maio de 2019, o Piauí teve 230 episódios de morte violenta com crime de homicídio doloso, ou seja, quando há intenção de matar. Observando-se 2020, o mês mais crítico foi o de abril, quando o Estado contabilizou 66 homicídios. É como se a cada dia, mais de duas pessoas tivessem sido assassinadas no Piauí naquele mês. Isto colocou abril de 2020 como o mês mais violento dos últimos três anos em relação ao cometimento de homicídios em território piauiense.


Foto: Jailson Soares/O Dia

Latrocínios

Um outro dado que chama a atenção no Monitor da Violência diz respeito aos crimes de latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte, praticados no Piauí. De acordo com o estudo, de janeiro a maio de 2020, o Estado registrou 19 casos de latrocínio. O mais recente foi o ocorrido ontem (22), quando o soldado da Polícia Militar Lídio Roberto Mesquita foi assassinato ao ter sua moto roubada por uma dupla de assaltantes em Teresina. Este já foi o segundo caso do mês. No último dia 07, um empresário foi morto na porta de casa no bairro Lourival Parente, quando foi abordado por criminosos.

Mas mesmo com essa escalada dos latrocínios, sobretudo em Teresina, nas últimas semanas, o Piauí ainda registra menos casos deste tipo de crime nos cinco primeiros meses do ano em relação a 2019: é que no ano passado, o Estado contabilizou 22 casos de roubo seguido de morte. 


Foto: Elias Fontinele/O Dia

Saída de presos por causa da pandemia

Um dos fatores que mais geram sensação de insegurança na população e também preocupação por parte dos órgãos de segurança é a saída de presos do sistema penitenciário por conta da pandemia do novo coronavírus. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que, só o Piauí, 745 detentos já foram liberados dos presídios para cumprir prisão domiciliar por integrarem o grupo de risco da covid-19. Isso corresponde a cerca de 15% do total da população carcerária do Estado. 

Para o secretário de segurança pública do Piauí, coronel Rubens Pereira, isso implica diretamente no aumento de casos de crimes violentos, sobretudo os latrocínios. “Quem comete esses crimes geralmente são pessoas já ligadas à criminalidade violenta: ele começou roubando, cometendo pequenos delitos, até chegar ao ponto de matar para roubar. Estamos monitorando desde o início toda essa onda de violência e praticando ações para reduzir esse impacto. Temos hoje quase 5 mil presos no Piauí e essas pessoas só chegaram lá, porque a Polícia Militar e a Polícia Civil estão nas ruas prendendo todos os dias”, explicou o secretário.


Coronel Rubens Pereira, secretário de Segurança Pública do Piauí - Foto: Assis Fernandes/O Dia

No dia de ontem (22), por exemplo, foram cumpridos seis mandados de prisão contra acusados de crimes de latrocínio no litoral piauiense. O grupo era formado basicamente por detentos recém liberados do sistema prisional que deveriam estar cumprindo prisão domiciliar em razão da pandemia do novo coronavírus.

“Estamos de forma insistente prendendo inclusive gangues, porque todas essas pessoas que foram liberadas do sistema prisional estão disputando espaço no mundo da criminalidade. Em alguns casos, as vítimas são pessoas ligadas a eles mesmos, mas em alguns casos há inocentes, como o caso do PM de ontem. Estamos de forma incansável trabalhando para reduzir esse impacto. Claro que os índices da criminalidade não serão zerados, mas queremos colocá-los em um patamar pelo menos tolerável”, finaliza o secretário Rubens Pereira.

Por: Maria Clara Estrêla
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