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Usuários acreditam na humanização do atendimento como tratamento

"œO que está se vendo nesta antirreforma é um retrocesso muito grande, é a volta da injustiça com pessoas que serão internadas contra sua vontade", diz usuário.

25/05/2019 10:32

Segurando nas mãos trechos da lei 10.216 de 2001, conhecida como a Lei de Reforma Psiquiátrica, que representou um marco ao estabelecer a necessidade de respeito à dignidade humana das pessoas com transtornos mentais no Brasil, Luiz Carvalho faz um resgate de experiências que aprendeu ao ser inserido, como usuário, dentro da rede de atendimento psicossocial, mas também por ser um dos fundadores da Associação Piauiense de Familiares e Usuários de Drogas e Álcool (Homo Lobus). Para ele, as alterações propostas na lei de drogas, afetarão, de forma não efetiva, a vida de milhões de pessoas em todo o Brasil.

“O que está se vendo nesta antirreforma é um retrocesso muito grande, é a volta da injustiça com pessoas que serão internadas contra sua vontade. Defendemos uma reforma psiquiátrica com liberdade ao usuário para que ele tenha um atendimento humanizado, uma equipe multidisciplinar para atendê-lo e que ele tenha direito de escolher”, explica.


Foto: Elias Fontinele/O Dia

A opinião de Luiz se baseia, em grande parte, por sua própria experiência. Ele está há quatro anos sóbrio após aceitar que era alcoolista e iniciar acompanhamento no Caps AD. Foi o tratamento multiprofissional e a aceitação deste que o fizeram entender que as consequências que a bebida trazia em sua vida.

“É uma luta muito difícil, eu vim descobrir que eu era alcoolista quando levei uma amiga pra fazer tratamento e resolvi participar da reunião. Por isso, eu sei do que vivi e que 80% dos meus amigos viveram, acho muito perigoso quando você tira a pessoa do convívio social, da sua vida, do dia a dia. Afastada do seu convívio, em internação, ela terá uma tendência enorme de voltar ao uso porque não se preparou psicologicamente para enfrentar aquela situação, ela estava sem usar porque estava sendo proibida. Eu tenho muito cuidado assim, condeno esse tipo de tratamento onde é oferecido só o trabalho como terapia, a religiosidade e contenção”, considera.

Atualmente, com a Associação Homu Lobus, ele e dezenas de outros pacientes atendidos pelo Caps se empenham na luta antimanicomial. A Associação faz parte de duas redes que também se engrenam na luta, uma a nível de Nordeste e outra a nível Nacional.

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Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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