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Reabertura de bares e restaurantes: saiba como diminuir os riscos de contágio da Covid-19

O retorno das atividades exige maior atenção, tanto da população como dos estabelecimentos

23/07/2020 11:15

Com o retorno às atividades de bares e restaurantes, ainda há muitas dúvidas quanto às garantias de se evitar o contágio e disseminação do novo coronavírus. Estabelecer distanciamento entre os frequentadores e disponibilizar álcool em gel são algumas instruções obrigatórias a serem disponibilizadas pelos estabelecimentos. Mas que outros cuidados devemos tomar diante da reabertura das atividades?

A nutricionista Lucy Aintablian Tchakmakian explica que o retorno das atividades exige uma maior atenção, tanto da população como dos estabelecimentos, e que os órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) têm lançados diversas orientações e recomendações para o retorno do funcionamento de bares e restaurantes.

“Proprietários e nutricionistas devem estar atentos a estas recomendações e praticá-las a fim de garantir a saúde de seus colaboradores e, também de sua clientela. Estão direcionadas a rigorosas medidas de higiene e proteção individual e coletivo”, comenta.

Leia também: Pós-pandemia: veja cuidados e dicas de higiene para retomada das atividades 

Para isso, capacitar a equipe de trabalho é fundamental. Os colaboradores devem ser informados sobre a doença, seus sinais e sintomas, sua forma de transmissão, cuidados a serem tomados para prevenção e também para tratamento. Além das adaptações para o funcionamento dos estabelecimentos, seguindo as recomendações sanitárias e governamentais, garantindo qualidade dos produtos oferecidos, segurança higiênica do local, da equipe de trabalho segurança aos consumidores.

(Foto: Arquivo/ODIA)

A especialista destaca que é preciso manter uma comunicação clara e objetiva com colaboradores e clientes sobre procedimentos, postura e atendimento em toda cadeia produtiva, reforça os valores da empresa, demonstra zelo, atenção e respeito. Adequar-se a essas exigências requer comprometimento, agilidade, cuidados especiais com segurança do alimento, colaboradores e atendimento ao cliente.

“Mostrar que o estabelecimento se preparou, se fortaleceu para o retorno após o isolamento social evidencia ao cliente que os valores da empresa não se perderam por conta da crise. Esse conjunto de ações ajuda a dar credibilidade ao seu negócio e inspira confiança ao cliente que retorna como consumidor”, enfatiza a nutricionista Lucy Tchakmakian.

Os estabelecimentos devem se atentar para a frequente/ sistematizada higienização dos ambientes, móveis, equipamentos e utensílios visando à segurança dos alimentos e de pessoas. 

A nutricionista reforça que é importante ficar atento ao manuseio dos alimentos, de forma a evitar risco de contaminação. Isso porque ainda não se sabe se os alimentos são precursores do coronavírus, mas, tratando-se de alimentos e manipuladores, todo o processo da cadeia produtiva oferece riscos para contaminações por microrganismos, desde que não se cumpra com todos os protocolos higiênico/sanitários.

Práticas adequadas de higiene e procedimentos devem ser implementadas e praticadas de maneira que evitem o contato do alimento com  os agentes contaminantes que podem ser do tipo físico (insetos ou fragmentos de insetos, pedras, madeira, plásticos flexíveis ou rígidos, vidros, metais), biológico (microrganismos patógenos) ou químico (resíduos de limpeza, sanitização, metais pesados, agrotóxicos).

“Os alimentos podem sim ser contaminados no transporte  até o consumidor, desde que o manipulador não esteja devidamente paramentado e com sua assepsia adequada e as preparações, por sua vez, estarem devidamente protegidas por embalagens específicas a cada uma delas”, disse Lucy Tchakmakian.

Cuidados em buffet ou Self-service

Os cuidados devem ser ainda mais redobrados com relação aos buffet ou self-service. Isso porque, além da alimentação ficar exposta, alguns itens são compartilhados por todos, como os pegadores, bem como é comum presenciar as pessoas conversando próximas das comidas, pratos e talheres. 

“Nos serviços de buffet, os utensílios disponibilizados no balcão que serão utilizados para servir podem ser fontes de contaminação. Desta forma, um colaborador pode ser incumbido de distribuir os kits de talheres embalados, as bebidas e as sobremesas já porcionadas aos clientes”, orienta a nutricionista Lucy Tchakmakian.

Além disso, deve-se disponibilizar informativo sobre os cuidados a serem tomados durante o autosserviço, como: não falar, tossir, espirrar sobre os alimentos, evitar agitar os cabelos sobre o buffet; manter pratos empilhados e ao lado disponibilizar papel toalha e álcool líquido 70% para que os clientes façam a desinfecção no momento do uso, caso desejem.

O estabelecimento deve designar um colaborador para porcionar as preparações para os clientes, bem como ter apenas um lado do balcão disponível para distribuição. Deve-se instalar protetores salivares (barreiras de material transparente) nos balcões de distribuição (quente e frio) e entregar talheres devidamente ensacados para os clientes. É importante que seja feita a antissepsia das mãos antes de iniciar esse procedimento.

“Infelizmente não é tão simples descobrir se determinado alimento e/ou preparação está contaminada. Alimentos contaminados não apresentam sinais da presença do micro-organismo e muitas vezes sua aparência, odor e sabor são normais. A prevenção para contaminação de alimentos é basicamente pautado no saneamento básico (água e esgoto tratados) e atendimento às Boas Práticas de Fabricação e Manipulação de Alimentos (Anvisa) incluindo a higiene pessoal dos manipuladores e do meio ambiente”, complementa a especialista.

Como deve ser o atendimentos

É importante frisar que os cuidados também devem ser adotados pelos garçons e demais pessoas que manipulam os alimentos servidos em bares e restaurantes. O uso de luvas não é recomendável para a manipulação dos alimentos no momento de seu preparo, por proporcionarem sensação de higiene, pois o manipulador de alimentos pode esquecer de trocá-las e de higienizar as mãos a cada troca de tarefas, tornando-a fonte potencial de contaminação. 

Já para os garçons e atendentes o uso de luvas descartáveis é recomendado para a manipulação de alimentos prontos para serem servidos, manuseio dos utensílios de servir os clientes e para o momento da retirada dos utensílios dos clientes. 

“Mas, não se deve nunca de deixar de lado a lavagem das mãos com água e sabão e o uso de álcool em gel após a troca das luvas. E ao descartá-las, devem ser retiradas pelo punho virando-as do avesso e descartando-as em local apropriado procurando não tocá-las”, lembra a nutricionista Lucy Tchakmakian.

(Foto: Arquivo/ODIA)

Além das luvas, o uso de máscaras também se tornou obrigatória, com o episódio da pandemia, por toda a equipe. Este item deve ser de uso individual, descartável ou de tecido lavável de acordo com a padronização da OMS. As mãos devem ser lavadas sempre antes e depois das trocas, que devem ocorrer a cada duas horas ou se estiverem úmidas. Se optarem pelo uso de face shield, estes também devem ser de uso individualizados, higienizados corretamente com álcool líquido 70% e nunca utilizados na área de produção das refeições em virtude do calor e presença de fogo no local.

Os proprietários dos estabelecimentos, devem disponibilizar todos os EPI necessários aos seus colaboradores e também promover capacitação para o correto uso, higienização e descarte dos equipamentos. Lembrando sempre que a capacitação deve ser repetida sempre que necessário e a supervisão das ações e atitudes de sua equipe deve ser constante.

Cuidados com as comidas de rua

As comida de rua têm sido considerada uma grande alternativa para todos que tem dias corridos em meio a tantas e diversas atividades a serem realizadas. Mas, podem trazer sérios riscos à saúde desde que não sejam acatados os protocolos higiênicos/sanitários.  Esses são alimentos que estão expostos ao vento, poeira e muitos microrganismos patogênicos, tais como o novo coronavírus, e pelo elevado trânsito de pessoas. 

“O grande perigo está na procedência do alimento, na maneira como este alimento é manipulado/preparado e a maneira como ele é acondicionado. Alimentos mal refrigerados, mal cozidos e crus principalmente, carnes mal cozidas, podem ser veículos de doenças transmissíveis por alimentos (DTA)”, explica a nutricionista Lucy Tchakmakian.

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Para garantir alimentos saudáveis e seguros é preciso que algumas condutas de higiene sejam adotadas, como observar as condições das instalações do ponto de venda; a lavagem das mãos antes e depois de manipular os alimentos; as condições de higiene pessoal do manipulador (uniforme limpo e passado; touca de cabelo; utilização de luvas, máscaras de proteção facial e álcool em gel); disponibilidade de álcool em gel aos consumidores; substituição dos panos de prato por papel toalha descartável e guardanapos de papel; local para higienização das mãos e utensílios dotados com água e sabão. 

Além disso, observar a qualidade dos alimentos e a forma como são armazenados é muito importante. Vale lembrar que eles não devem estar expostos ao sol. Um outro ponto importante é que o mesmo manipulador de alimentos não seja o que faz o recebimento do dinheiro para o pagamento do produto consumido. Caso esteja atendendo sozinho, as mãos devem ser muito bem higienizadas entre uma função e outra e as luvas devem ser trocadas e utilizadas apenas para a manipulação dos alimentos.

Por: Isabela Lopes
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