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Protestos: Piauiense relata clima de insegurança no Chile

Segundo a imprensa internacional, os protestos foram motivados pelo aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, o que equivale a R$ 0,17.

22/10/2019 13:05

A viagem da economista piauiense Savina Martins acabou se tornando um transtorno após protestos iniciados na última sexta-feira (18) no Chile. Segundo a imprensa internacional, os protestos foram motivados pelo aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, o que equivale a R$ 0,17. Até o momento, 15 pessoas foram mortas.


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A piauiense contou ao O Dia que chegou ao país na quinta-feira (17) à noite e tudo parecia tranquilo. No entanto, após confrontos de manifestantes com a polícia, a violência aumentou nas ruas, dando sequência a uma série de saques e incêndios a estabelecimentos comerciais, chegando a impedir o funcionamento do transporte público em Santiago, capital do país.

Exército chileno detém pessoas por saque a supermercado. (Foto: @Carabdechile)

A volta da economista para o Brasil estava marcada para o último domingo (20), mas devido ao fechamento do metrô de Santiago e a suspensão do serviço de ônibus, a tripulação das aeronaves não teria conseguido chegar ao Aeroporto de Santiago, provocando tumultos e cancelamentos de voos, inclusive o da piauiense com destino ao Aeroporto de Guarulhos.  Além disso, o Governo do Chile decretou um toque de recolher na Capital, determinando que as pessoas permanecessem em casa das 19h do domingo às 6h segunda-feira (21).

“Todos os voos depois das 18h foram cancelados pela LATAM. No balcão só falavam que a gente tinha que entrar em contato com o 0800. Como não tinha como se deslocar, a tripulação não estava chegando ao aeroporto e nem os próprios funcionários, não tinha como embarcar ninguém”, relata Savina Martins. Com o cancelamento, a previsão é de que ela retorne ao Brasil apenas na tarde desta terça-feira.

Alguns passageiros tiveram que dormir no chão do aeroporto. (Foto: Arquivo Pessoal)

No site, a companhia aérea informou que dada a situação atual das manifestações no Chile e o toque de recolher, que afeta a mobilidade dos passageiros e dos funcionários da empresa, a Latam teve que cancelar aproximadamente 130 voos no último domingo (20). Nesta segunda e terça-feira a situação não é diferente, 55 voos com destino e retorno de Santiago foram cancelados durante o dia de ontem e manhã de hoje.

Contudo, não é apenas no retorno que a piauiense relata que os turistas estão tendo contratempos. Segundo ela, com os protestos nas ruas e os confrontos eminentes entre manifestantes e polícia, o clima no país é de insegurança. Para retornar do aeroporto para o local onde está hospedada, por exemplo, a piauiense diz que teve que usar uma peça de roupa branca no carro, para não ser confundida com os manifestantes pela polícia.

Militares do Exército Chileno. (Foto: @Carabdechile)

“No toque de recolher você tem o salvo conduto. Quando a gente estava voltando de uma cidade perto de Santiago para não ter nenhum problema com a polícia, eles recomendaram que a gente colocasse um pano branco no carro, para não ser parado e nem ser confundido”, conta, acrescentando que o clima de maior tensão é registrado nos bairros afastados do centro da Capital.

Apesar de todos os transtornos, Savina Martins relata que foram poucos os momentos que a fizeram ter medo. “Ontem, como eu estava ao lado de onde estava tendo uma manifestação, como a gente tem a experiência do Brasil que a polícia é truculenta e atira para todo lado, eu fiquei com um pouco de medo. Também uma vez no hotel que íamos sair para jantar e quiseram invadir o hall. Mas como estou com meu namorado e família dele é daqui, estou mais tranquila que muita gente”, finaliza.

Para a economista, a atual situação do país é um reflexo de políticas implantadas pelo governo chileno que têm causado o endividamento de famílias. “A educação e saúde não são gratuitas. Então as pessoas precisam se endividar para ter acesso e isso causa muita revolta. É engraçado porque eu não sei se estou tendo um dejavú com o que aconteceu com o Brasil em 2013 ou se uma premonição”, destaca.

Manifestantes são presos pela polícia no Chile. (Foto: @Carabdechile)

No último sábado (19), o Governo Chileno decretou estado de emergência no país por 15 dias. Pela primeira vez, desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990, o Exército foi às ruas. Apesar do presidente chileno, Sebastián Piñera, suspender o aumento da tarifa do metrô, os protestos continuam.

Por: Nathalia Amaral
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