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Família adota quatro filhos e mostra que laços de afeto são fundamentais

Família adota quatro filhos e mostra que laços de afeto são fundamentais.

25/04/2020 09:42

"Meu marido foi trabalhar e eu fui para o Lar da Criança, eu estava muito curiosa para conhecer ela, na hora que eu bati o olho e a vi em cima de um pé de manga foi um encontro de almas. Ela desceu muito falante, bem pequena, magrinha, tinha cinco anos.Nesse momento, eu ligue para o meu marido chorando, 'venha conhecer a sua filha, sua filha está aqui'". Essa fala é da professora e psicóloga Lucienia Pinheiro, 40 anos, sobre o seu primeiro parto de amor por uma criança abrigada, a Camila.


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O Lar da Criança Maria João de Deus, local onde Lucienia e Camila se encontraram, acolhe crianças de 0 a 12 anos incompletos, que se encontram em situação de vulnerabilidade social, negligência e abandono, em caráter provisório e para adoção.

A adoção, na vida de Lucienia, era uma certeza desde a juventude. Tanto que quando recebeu o pedido de casamento do atual marido, ela aceitou com uma condição: os dois adotariam uma uma filha em poucos anos.

O casório aconteceu em 2004 e, em 2009, após concluir a graduação, o casal foi ao encontro da primeira filha. Inicialmente buscando um perfil já idealizado: o de uma criança de zero a três anos, menina e negra.

Durante essa busca, Lucienia conheceu Francimelia Nogueira, coordenadora do Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (Cria), que lhe disse que, para adoção, as crianças abrigadas geralmente tinham mais idade. Para surpresa da psicóloga, ela encontraria não só uma filha, mas um casal.


Família adota quatro filhos e mostra que laços de afeto são fundamentais. Foto: Assis Fernandes

"Com o Vinicius foi diferente, ele estava para a escola e quando ele desceu da kombi com a cabeça baixa, usando uma blusinha toda manchada de água sanitária, o meu sentimento por ele foi outro, foi de compaixão. Ele era uma criança muito triste, isolada", diz.

Após a adoção, Lucienia passou para o mestrado e, posteriormente, para o doutorado Universidade de Porto em Portugal. Do outro lado do Atlântico, ao contar sua história para a orientadora, quem se viu desperta pelo sentimento de maternidade foi a professora portuguesa.

Dessa vez, o marido que permaneceu no Brasil, foi quem ficou com a responsabilidade de tentar buscar esta nova criança para adoção. Assim, chegou a vida da família Pinheiro a Tainara, de 7 anos. O vínculo construído foi tão grande, que ao invés de Tainá se tornar filha da professora portuguesa, ela se transformou a terceira filha do casal de brasileiros. A família cresceu: Camila, Vinicius e Tainara formaram uma trinca de filhos do casal. Mas a história não encerra aí.

Em 2017, Lucienia estava com começo de depressão, muito por conta das dificuldades enfrentadas na sua pesquisa do doutorado. Para esquecer um pouco do trabalho, a psicóloga e o marido decidiram cuidar de um bebê abrigado durante o Natal. À época, eles pensavam em ter o primeiro filho biológico.

"No abrigo, estava tendo uma festa e quando eu estava saindo a Bibi (Beatriz) estava sentada no chão assistindo uma peça de teatro. Tinha uma janela por trás dela, entrou e um raio de sol e iluminou os cabelos dela. Uma luz apareceu e eu fiquei só observando essa luz, meu marido falou: 'e aquela dali?'. A assistente social já sabia tínhamos adotados três crianças, foi logo pensando o bebê e dizendo: 'vocês podem levar ela, ela não tem madrinha", conta Lucienia Pinheiro.

Assim, a família Pinheiro foi estabelecida: um casal e quatro filhos ligados, sobretudo, pelo afeto de almas.

Por: Sandy Swamy
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