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Luta antirracista compromete educação transformadora

O professor de história Vinícius Cardoso lembra que a lei torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas

15/11/2019 10:45

A escola é um espaço em que o conhecimento e a capacidade crítica dos indivíduos são constantemente incentivados. Por isso, é um espaço que tem papel fundamental na construção da sociedade e, assim, no comprometimento com a luta antirracista. Quem destaca estes aspectos é o professor de história Vinicius Cardoso ao explicar que educadores, professores e demais gestores de educação devem contribuir para que os alunos consigam superar construções de uma sociedade ainda baseada em estruturas racistas.

Vinícius lembra que desde 2003, a Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.


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“O racismo faz parte de uma construção social e eu acredito na revolução, acredito nas microrrevoluções, ou seja: tem que acontecer primeiro com você, que, ao mudar, vai poder mudar o próximo. Como educadores, temos que proporcionar outras visões e levar questionamentos que explorem atitudes consideradas comuns. Por que você chega em um local falando: ‘e, aí, nagada?!’ Por que fala ‘a coisa ficou preta’ e não ‘a coisa ficou branca’?”, temos que problematizar esse tipo de atitude para eles perceberem que as coisas não são bem assim. Há racismo em muitas de nossas ações e elas precisam ser combatidas”, considera.

É por isso que conhecer a história afro-brasileira e africana é tão importante. É a partir dela que os alunos são incentivados a dar importância às vidas negras que foram escravizadas, entender as lutas que resultaram na abolição da prática da escravidão, além de outros avanços fundamentais como a formatação da constituição que define o racismo como crime.

“Infelizmente, 16 anos após a implementação da lei que estabelece a obrigação do ensino sobre a cultura afro-brasileira, poucos professores de história, literatura e arte abordam a temática. Este ainda é um ponto falho que deve ser corrigido. Lembro da fala do Mano Brown (cantor do grupo rapper Racionais) cantando Diário de um Detento junto com o Seu Jorge na abertura de um show: ‘em algum lugar da América Latina é 20 de novembro, mas todo dia é dia de preto’. Então a gente não deve se limitar a dizer que só existe um Dia da Consciência Negra, temos que mostrar essa importância do negro para a história do Brasil”, reafirma o professor.

Nas salas de aula, com a atuação de Vinícius, a consciência antirracista é ressaltada a partir do desenvolvimento da cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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