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Testes rápidos serão para profissionais de saúde, diz ministério

O teste será doado, segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, pela mineradora Vale.

23/03/2020 09:09

 O Ministério da Saúde afirmou neste domingo (22) que os primeiros testes rápidos para o novo coronavírus serão importados da China e servirão exclusivamente para diagnosticar profissionais de saúde.

O teste será doado, segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, pela mineradora Vale. Os kits são produzidos pela empresa chinesa Wondfo e aprovados pela Comissão Europeia, de acordo com a pasta.

"Esse teste vai ser focado para profissionais de saúde, profissionais da linha de frente, para que a gente não perca essa força de trabalho", afirmou o secretário de Vigilância, Wanderson Oliveira.

No sábado (21), a pasta havia dito que seriam adquiridos 10 milhões de testes rápidos do tipo sorológico, que analisa a presença de anticorpos no sangue, para a distribuição nos estados nas próximas semanas.

A informação era de que seriam utilizados prioritariamente em profissionais de saúde, e que seriam montados postos de testagem "drive thru" para a população geral.

Neste domingo, porém, o ministério afirmou se tratarem de duas coisas diferentes. Segundo dados enviados aos jornalistas, o teste rápido chinês não será aplicado em postos volantes.

A apresentação da pasta diz que a "única e exclusiva utilidade desse teste" será retirar do isolamento profissionais de saúde que estiverem entre o oitavo e décimo dias de isolamento por suspeita de Covid-19.

Esse tipo de teste é o que deve chegar ao país na próxima semana, de acordo com informação do ministério de sábado. O custo informado de cada kit é de R$ 75.

Para os casos da população em geral, o ministério diz estar trabalhando para comprar máquinas automatizadas ou semi-automatizadas para então instalar os postos onde pessoas poderão ir a pé, de bicicleta ou veículos para serem testados.

Wanderson afirmou neste domingo que seguirá o modelo sul-coreano de testagem. "O teste é igual ao da Coreia, a pessoa vai passar a pé e vai receber o resultado por aplicativo no dia seguinte", afirmou. "Para isto funcionar temos que adquirir aquelas máquinas e colocar escala de produção."

As máquinas citadas são, segundo a pasta, do modelo Cobas 6000, produzido pela Roche, com valor estimados de R$ 2 milhões para compra ou as semi-automatizadas da família QuantStudio da TermoFischer.

O tipo de teste que seria realizado nesse caso é o PCR, que já está sendo utilizado nos laboratórios brasileiros. Mais preciso do que o sorológico, que demora até 10 dias após a contaminação para identificar a doença, este tipo analisa a presença de material genético do vírus no trato respiratório.

O ministério, porém, não informou quando a aquisição das máquinas deve ser feita e se a instalação dos postos será de fato viável.
"Eu nunca gosto de anunciar nada que não tenha na minha mão. Eu espero que a gente consiga operacionalizar, se a gente tiver vai ser mais uma arma. E se a gente não tiver? Não vai acontecer nada de diferente, vamos continuar fazendo os nossos testes através da Fiocruz", afirmou o ministro Mandetta.
Ele disse que estão sendo disponibilizados 2,3 milhões de testes do tipo PCR para os estados. O anúncio desse número foi feito na quinta-feira (19) e tem capacidade para atender 1,1% da população.
No entanto, esses testes citados por Mandetta serão destinados aos casos em que há sintomas graves, segundo o próprio ministério. O modelo de testagem brasileiro vem sendo questionado desde que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou exames em uma parcela ampla da população.
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, recomendou a países que sejam feitos testes em todos os casos suspeitos.
"Não se consegue combater um incêndio com os olhos vendados, você não consegue parar essa pandemia se não souber quem está infectado", disse. "Teste, teste, teste. Teste todo caso suspeito. Se for positivo, isole e descubra de quem ele esteve próximo", orientou.
O ministério rebate afirmando que há uma escassez de testes no mundo e que é preciso priorizar casos graves.
A testagem ampla do coronavírus esbarra em mais um problema. A Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que acelere os trâmites de liberação de insumos para o diagnóstico da doença.
Segundo nota enviada pela associação que reúne laboratórios médicos, a maior parte dos reagentes utilizados nos testes é importada e precisa passar por avaliação da agência antes de ser disponibilizada no Brasil.
"Os reagentes usados nos exames laboratoriais para o diagnostico do coronavírus são importados e enfrentam os tramites estabelecidos pela Anvisa para entrada no Brasil. Entretanto, diante de um cenário de crise, solicitamos a colaboração da Anvisa para imediata liberacao destes insumos ao chegarem ao pais", diz a associação.
A Abramed pede que os insumos importados sejam qualificados como prioritários na hora de obter registro. "A finalidade deste oficio e desburocratizar a importação desses materiais a fim de ampliar a capacidade de testes no pais e, assim, garantir o atendimento a população durante pico da pandemia. Com esse procedimento, os insumos importados serão enquadrados na categoria prioritária das petições de registro."
Procurada, a Anvisa ainda não se manifestou sobre o ofício enviado pela associação

Fonte: Folhapress
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