Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Abraham Weintraub deixa Ministério da Educação

O anúncio foi feito por meio de uma rede social, onde Weintraub aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro e lê um texto de despedida.

18/06/2020 16:09

Abraham Weintraub deixou o Ministério da Educação na tarde desta quinta-feira (18). O anúncio foi feito por meio de uma rede social, onde Weintraub aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro e lê um texto de despedida. (Veja vídeo abaixo:)


pedido de demissão  de Weintraub já era aguardado pelo Palácio do Planalto desde o início desta semana. Em sua conta oficial no Twitter, ele agradeceu ao presidente pelo tempo em que permaneceu à frente do MEC.

“Agradeço a todos de coração, em especial ao Presidente. O melhor Presidente do Brasil! LIBERDADE!”, disse.

Em vídeo ao lado do presidente, o ex-ministro da educação disse que, no momento, não cabe à discussão da sua saída e que recebeu um convite para ser diretor do Banco Mundial.

"O importante é dizer que eu recebi o convite para ser diretor de um banco. Já fui diretor de um banco no passado. Volto ao mesmo cargo, porém no Banco Mundial", completou. 

Visivelmente constrangido, o presidente Jair Bolsonaro disse que o momento é difícil, mas que irá “implementá-lo da melhor forma possível” no governo.  Ele afirmou ainda que confiança não se compra, adquire.

"É um momento difícil, todos os meus compromissos de campanha continuam de pé. Busco implementá-lo da melhor forma possível. A confiança você não compra, você adquire. Todos que estão nos ouvindo agora são maiores de idade, sabem o que o Brasil está passando. E o momento é de confiança. Jamais deixaremos de lutar por liberdade. Eu faço o que o povo quiser", afirmou.

Entre os altos e baixos à frente da pasta, Weintraub acumulou desafetos e disputas públicas com diversos grupos sociais - como a comunidade judaica e a embaixada da China no país. 

A mais recente foi ter defendido a prisão de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que chamou de vagabundos, em uma reunião ministerial no dia 22 de abril. O ex-ministro assumiu o cargo em abril deste ano depois da saída de Ricardo Vélez.

Essa reunião, inclusive, foi apontada pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, como prova da interferência política do presidente na Polícia Federal (PF).

O lema de ‘decretar paz na pasta’, dito ao entrar no governo, foi controverso nesta quinta-feira. A postura agressiva de Weintraub sempre agradou o presidente Jair Bolsonaro e a militância mais fiel. Não diferente, foi também sua disposição para o confronto que provocou sua saída, após ataques ao STF.

Da notoriedade à crise

Em 3 de maio de 2019, o ministro ganhou notoriedade depois que publicou um vídeo em que exibia o ombro para mostrar uma cicatriz da juventude. A imagem foi uma forma de justificar as notas baixas no boletim da faculdade.

No mesmo mês, ele apareceu com um guarda-chuva dançando para atacar a impressa e afirma que era falsas as informações sobre cortes no ministério. Na época, a frase “tá chovendo fake news” viralizou nas redes sociais.

Também pelas redes sociais, Weintraub publicou comentário sobre a China e chineses considerado racista. O ato virou inquérito no STF a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Enquanto mergulhava em polêmicas, Weintraub foi ausente no debate legislativo mais importante para a área, sobre a renovação do Fundeb e viu ser deixado de lado a maioria dos projetos importantes anunciados por ele.

Três medidas provisórias de interesse do MEC não foram concretizadas. A carteirinha estudantil, criada para esvaziar a UNE (União Nacional dos Estudantes), perdeu a validade porque o governo não conseguiu a aprovação no Congresso. O MEC gastou R$ 2,5 milhões só em publicidade com o projeto em 2019, que não foram pra frente.

No início de junho, perdeu-se validade da medida provisória que alterava a forma de eleição dos reitores das universidades federais do país. Dez dias depois, o governo editou um novo texto sobre o tema, dessa vez, autorizando o ministro a nomear durante pandemia dirigentes das instituições sem que houvesse eleição interna. O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), devolveu ao governo a MP pela inconstitucionalidade do texto. Bolsonaro, então, revogou a medida.

Em relações o ensino em meio à pandemia, o MEC não tem apostado na aproximação das secretarias para manter o ensino durante o fechamento de escolas. O ministério quase não debate protocolos para a retomada de aulas.

Desde o inicio da pandemia, as escolas das redes estaduais já possuem um gasto de R$ 1,9 bilhão. A crise projeta quedas de receita que podem colapsar o sistema.

Por: Paulo Saldanã
Mais sobre: