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'Não sei se a gente vende logo' diz moradora após ter casa arrasada pela chuva

PortalODia.com conversou com moradores do bairro São Cristóvão que em menos de 24 horas viram suas casas e empreendimentos levados pela chuva que atingiu Teresina nesta terça-feira (21). Capital registrou 55 milímetros de chuva acumulada

22/04/2020 15:01

Moradores do bairro São Cristóvão, na Zona Leste, estão contabilizando os prejuízos que tiveram após o temporal da terça-feira (21) que provocou diversos estragos em vários pontos de Teresina. Além de ruas alagadas, imagens de carros sendo arrastados foram compartilhadas nas redes sociais . Uma moradora contou ao PortalODia.com que perdeu todos os móveis e agora terá que desembolsar uma quantia para reconstruir o muro da casa, que caiu com a força da água. Ela não sabe ainda se voltará a morar no local. 

Casa destruída pelo temporal em Teresina. Foto: Maria Clara Estrela.

“A situação da casa é horrível. A gente passou por um constrangimento terrível. O muro caiu e todas as coisas se perderam e não sei como vamos fazer para estruturar a casa de novo, para ver se ainda moramos aqui. Vendo isso, digo: eu não sei se a gente vende logo”, disse Fabiane Costa Veras, que mora na Avenida River.

Foto: Maria Clara Estrela.

Fabiane relatou ainda que mora na região há pelo menos 30 anos e que já passou por outros alagamentos. “Já teve outros alagamentos no bairro. A água sempre entrava, mas nunca entrou tão forte. Sorte a nossa do muro ter caído, a gente tentou sair de casa porque a água estava levando eu e minha irmã. A água poderia ter chegado ao teto”, comentou.

Muro foi derrubado pela força da água. Foto: Maria Clara Estrela.

Na mesma rua, a empresaria Divina Melo contou que estima um prejuízo de R$ 5 mil devido os computadores da empresa que foram danificados pela correnteza.

“Perdemos computadores e muitos outros materiais. Pelos computadores, o prejuízo é cerca de R$ 5 mil. Já é difícil viver na situação que a gente tá vivendo no dia a dia, de uma tragédia por cima da outra porque isso consideramos um tragédia... As autoridades não terminam nunca as obras e a gente que vive a mercê disso tudo. Ontem não cheguei aqui por conta dos pontos de alagamentos que estavam por toda a cidade”, disse.

Água invadiu a empresa e destruiu computadores. Foto: Maria Clara Estrela. 

O comerciante Paulo Henrique Teixeira, que trabalha no ramo de alimentação, disse que o problema é secular.

“Infelizmente, isso é um problema secular. Toda vez que chove, a água transborda. A água é para chegar até a galeria, mas não existe a galeria. Estamos contabilizando os prejuízos e afastando os clientes. Os governantes não se preocupam com infraestruturas que não dão votos e tudo isso acaba desvalorizando o terreno”, disse.

A chuva forte foi registrada ontem (21). O temporal durou cerca de uma hora, mas foi o suficiente para deixar várias residências e empresas destruídas, principalmente, as localizadas na Zona Leste de Teresina. Ninguém ficou ferido.


Dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apontaram que Teresina fechou a noite com 55 milímetros de chuva acumulada, considerada torrencial.

Para professor e climatologista Werton Costa questões como a drenagem, obras infraestruturais e educação da sociedade para o risco das chuvas em Teresina são assuntos que devem ser discutidos com urgência.

Foto: Arquivo O Dia.

“Temos que ficar atentos as essas condições extremas. É uma questão que precisa ser discutidas, é uma questão urgente para a cidade de Teresina. A drenagem, as obras infraestruturais, da educação das sociedade para o risco são temas urgentes. Embora o período chuvoso seja cronologicamente localizado, quando acontece ele pode trazer além do dano material e à vida humana”, disse.

Previsão de mais chuvas

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Teresina está sob alerta amarelo como área de risco para pancadas de chuvas – modera a forte – entre esta quarta-feira (22) e a quinta-feira (23). O Inpe alertou também para outros 138 municípios do Piauí que estão em alerta. 

Por: Jorge Machado e Maria Clara Estrela
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