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Motoristas e cobradores apoiam anulação da licitação do transporte coletivo

Para o Sintetro, a anulação pode beneficiar os trabalhadores, já que um novo edital seria lançado para a contratação de outras empresas.

30/04/2021 11:16

Em entrevista ao Portalodia.com, nesta sexta-feira (30), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro), Ajuri Dias, afirmou que apoia a decisão da Câmara Municipal de Teresina de ingressar com ação judicial pedindo a anulação da licitação do transporte coletivo de Teresina.

Na última quarta-feira (28), a Câmara Municipal de Teresina aprovou um requerimento de autoria do vereador Dudu (PT), solicitando que a mesa diretora, por meio da Procuradoria Jurídica da Casa Legislativa, solicite à Justiça a anulação da licitação do transporte coletivo de Teresina e a punição dos culpados.

Para o presidente do Sintetro, a anulação pode vir a beneficiar os trabalhadores, já que um novo edital seria lançado para a contratação de outras empresas de transporte. “Já que as daqui não estão honrando com seus compromissos, vamos fazer essa experiência com novas empresas, garantindo os postos de trabalho dos trabalhadores”, destaca.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Segundo o presidente do Sintetro, os constantes impasses entre os trabalhadores e as empresas têm gerado ônus à categoria e à população. Ele chama atenção para o fato de que, há mais de um ano, os trabalhadores não recebem o salário integral, no valor de R$ 2.039, e muitos têm sobrevivido com cerca de R$ 800 por mês.

“Estamos vivendo de diárias, porque hoje é o que os empresários estão pagando. Não tem mais a carteira assinada que tinha o valor integral. O valor da diária é em torno de R$ 70 e, no máximo, o funcionário trabalha 12 dias no mês”, explica.

A categoria denuncia ainda que, em alguns casos, até mesmo os banheiros dos terminais de integração permanecem fechados, impedindo a utilização por parte dos trabalhadores. “Além de não estar recebendo dinheiro, agora o banheiro é fechado. Como é que vamos trabalhar sem um banheiro nem para lavar as mãos? Como é que as pessoas vão fazer suas necessidades básicas? Não tem nem como tomar água”, reclama um dos motoristas.

Outro problema é a falta de combustível. O presidente do Sintetro, Ajuri Dias, afirma que uma das estratégias dos empresários é enviar os ônibus para cumprir as rotas desabastecidos, fazendo com que os veículos parem de circular no meio do trajeto. “Eles não querem fazer um enfrentamento com a prefeitura, então fazem esse tipo de estratégia para desgastar a prefeitura para que ela pague o valor do déficit”, aponta.

Contraponto

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) afirmou que o sistema de transporte coletivo de Teresina está em risco de colapso. Segundo o Setut, até o momento, não houve qualquer repasse referente a primeira parcela do acordo firmado com a Prefeitura de Teresina. 

" A entidade reitera que está em busca de soluções efetivas para o controle da situação de crise no sistema e que depende do repasse financeiro da Prefeitura de Teresina, para evitar um colapso no setor. O Setut está aguardando o repasse de recursos, para que sejam regularizados alguns pagamentos salariais dos trabalhadores, o mais breve possível", informou.

Segundo o secretário municipal de Finanças, Robert Rios, não existe nenhum acordo firmado entre a Prefeitura de Teresina e o Setut. De acordo com ele, o único valor a ser repassado às empresas é referente ao pagamento de vales-transportes. 

"O problema existe entre o sindicato dos empresários de ônibus e seus empregados. Eles que têm que resolver o problema. A prefeitura não é parte desse problema. Aquele acordo que o sindicato tinha no passado com a prefeitura morreu, não existe. A prefeitura não deve nada ao sindicato dos ônibus, o que ela deve são os vales-transportes que estão sendo pagos todo mês. Esse mês nós pagamos R$ 600 mil de vale-transporte. Se eles têm alguma dívida com a prefeitura, que digam qual é a dívida e eu mando auditar, e se existir, eu mando pagar", argumentou.

Sobre a possibilidade de anulação da licitação, o Setut comunicou que lamenta profundamente que as discussões tão importantes relacionadas ao setor de transporte público na capital sejam tratadas com acusações levianas e completamente distantes da realidade do sistema.

“Houve uma audiência pública na Câmara de Teresina há dois meses, onde se discutiu diversos aspectos do sistema e, ao final, ficou acertado de se manter o debate, com vistas à busca de sua melhoria”, afirmou o Setut.

A entidade reitera sua disposição em debater as urgentes soluções de melhoria para o transporte de Teresina, com base em números, na lei de licitação que estabeleceu esse modelo adotado na capital e nas regras contratuais previstas.

Sobre a interdição dos banheiros dos terminais de integração, o Setut informou que a gestão do espaço é de responsabilidade é da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans). Contudo, em contato com a Strans, o órgão negou que seja responsável.


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