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Servidores recebiam propina para facilitar licenças ambientais

Operação Natureza resultou na prisão de três servidores da Semar e quatro empresários. Desvios podem chegar a R$ 5 milhões.

30/08/2018 12:24

O esquema criminoso desarticulado pela Polícia Civil na Operação Natureza  consistia no pagamento de propina por parte de empresários a servidores e auditores da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semar). Os valores pagos não foram informados pela polícia, mas as empresas compravam facilitações na expedição de licenças ambientais para depois cometerem crimes como desmatamento. 

De acordo com o delegado Willame Moraes, coordenador do Grupo de Repreensão ao Crime Organizado (Greco), não existe um valor padrão pago pelos empresários aos servidores, esta quantia pode variar segundo o tipo de licença expedida.  No entanto, as verbas desviadas dos cofres públicos com o esquema criminoso ultrapassam a cifra dos R$ 3 milhões. 

Foram expedidos 10 mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária. Dentre os presos estão três servidores da Semar e quatro empresários. O superintendente da Secretaria, Carlos Antônio Moura Fé, está entre os detidos. 


As informações foram repassada pela polícia em coletiva. Da direita para a esquerda: delegada Rejane Piauilino, delegado Riedel Batista e delegado Willame Morais (Foto: Elias Fontinele/O Dia)

A polícia não detalhou a participação de cada membro no esquema criminoso, mas eles serão autuados por corrupção ativa, corrupção passiva, desvios de recursos público e crimes ambientais. "As provas são robustas, mas ainda estamos colhendo mais evidências do envolvimento destas pessoas, por isso as prisões são temporárias. É o tempo que teremos para coletar mais provas. Mas nada impede que elas sejam convertidas, posteriormente, em prisões preventivas", afirmou o delegado Willame Morais, coordenador do Greco. 

Os mandados de busca e apreensão foram todos cumpridos na sede da Semar e em 10 endereços relacionados aos presos. As investigações seguem sob segredo de justiça, na 4 Vara Criminal, mas a polícia já pediu a quebra desse sigilo. De acordo com a delegada Rejane Piauilino, também foi pedida a quebra de sigilo bancário e telefônico dos envolvidos. "Entre as empresas que compravam as licenças, estavam carvoarias e empresas de plantação de eucalipto para produção de celulose", detalhou a delegada. 

As investigações iniciaram em 2012, após denúncia anônima, e se estenderam até 2015, mas a polícia acredita que a fraude tenha continuado mesmo após este período. "São empresas que mexem com produtos que chegam diretamente ao consumidor, que precisam de uma licença concreta e bem-feita para poder operar. Então as fraudes nessa fiscalização significam um dano maior à população no geral e nós não podemos permitir isto" finaliza o delegado geral da polícia civil do Piauí, Riedel Batista 

Por: Maria Clara Estrêla e Lucas Albano
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