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Policial preso na 'Operação Infiltrados' ameaçava quem devia a quadrilha

Ao todo, 13 agentes teriam ingressado na Polícia Civil graças a fraude em concurso. Líder da quadrilha também foi preso na Operação Veritas.

09/05/2017 12:05

O Grupo de Repressão ao Crime Organizado divulgou, pouco antes do meio-dia desta terça-feira (9), a relação com os nomes dos presos durante a operação Infiltrados, que revelou um esquema que fraudou o concurso da Polícia Civil realizado em 2012.

Dentre os presos, há 13 policiais civis que conseguiram a aprovação no concurso graças ao esquema. E mais dez pessoas foram detidas, incluindo um advogado e dois agentes penitenciários.

Os delegados Adolpho Henrique,  Kleydson Ferreira e Riedel Batista durante a coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (Fotos: Elias Fontinele / O DIA)

Segundo a Polícia Civil, as investigações que resultaram na operação Infiltrados tiveram início há mais de um ano, a partir de informações obtidas durante a operação Veritas, que foi deflagrada em março de 2016 e que resultou na prisão de um grupo suspeito de fraudar o concurso do Tribunal de Justiça do Piauí realizado no final de 2015.

Um dos alvos da operação realizada nesta terça-feira, Cristian Alcântara Santiago, já havia, inclusive, sido preso na operação Veritas. Ele é apontado como o líder da quadrilha.

Os policiais civis presos foram: Cícero Henrique de Sousa Araújo, Maria dos Remédios Alcântara Santiago, Jean Ribeiro da Costa, Ricardo Araújo Mesquita, Paulo Alberto Machado Cerqueira, Thiago da Silva Macedo, Priscila Almeida Lima, Aline de Miranda Carvalho Nobrega, Anderson Vasconcelos da Nobrega, Cyro Nascimento Fonseca, André Luís de Carvalho, José Clodomar Sabóia Júnior.

Os demais presos foram são: Joselito Batista Alves, Sávio de Castro Leite, Jardeanny Ernesto da Silva, Paulo Roberto Scarcela Muniz, Willams da Silva Alves, o advogado Edilberto de Carvalho Gomes, e os agentes penitenciários Cristiane Maria Alcântara Santiago e José Vilomar Nunes Pereira.

O delegado Kleydson Ferreira (Fotos: Elias Fontinele / O DIA)

Maria dos Remédios Alcântara Santiago (policial civil) e Cristiane Maria Alcântara Santiago (agente penitenciário feminino) são irmãs de Cristian Alcântara Santiago, líder do grupo. Há, ainda, dois casais entre os presos: Priscila Almeida Lima e José Clodomar Sabóia Júnior; Aline de Miranda Carvalho Nobrega e Anderson Vasconcelos da Nobrega - todos policiais civis.

Duas pessoas continuam foragidas: Hemerson José da Silva e o policial civil Antônio Lopes da Silva Júnior.

Segundo o delegado geral Riedel Batista, além de terem sido presos, os policiais civis que conseguiram a aprovação graças ao esquema também serão alvos de processos administrativos disciplinares para que sejam expulsos da corporação.

De acordo com o delegado Kleydson Ferreira, as investigações apontaram que o valor cobrado pela quadrilha a cada candidato correspondia a dez vezes o valor do vencimento que constava no edital de abertura dos certames fraudados: R$ 2500. Ou seja, o preço para participar da fraude era de R$ 25.000.

Policial aprovado graças ao esquema ameaçava candidatos que deviam a quadrilha

Um dos policiais civis envolvidos estaria prestando uma especie de "serviço" à quadrilha: ameaçando outros candidatos que haviam contratado o esquema mas que estavam devendo o pagamento do valor acertado com o grupo criminoso.

Delegado Riedel Batista (Fotos: Elias Fontinele / O DIA)

Alguns policiais ainda são suspeitos de passar informações privilegiadas sobre ações da Polícia para a quadrilha.

Durante a coletiva de imprensa em que foram apresentados os nomes dos suspeitos, o delegado Willame Morais, coordenador do Greco, ressaltou que Cristian Alcântara Santiago, que havia sido preso na operação Veritas, já havia conseguido a liberdade.

O delegado disse esperar que a Justiça seja mais ágil desta vez, para que o suposto líder da quadrilha não consiga novamente a liberdade e continue fraudando novos certames públicos.

Indícios da fraude

Segundo o delegado Kleydson, um dos indícios que ajudaram a elucidar o esquema que fraudou o concurso da Polícia Civil foi o fato de todos os beneficiados terem respondido praticamente de forma idêntica à prova objetiva do certame.

Durante as investigações, o Greco solicitou a quebra do sigilo telefônico de todos os suspeitos, o que permitiu à Polícia Civil descobrir que vários deles mantiveram contato entre si exatamente no dia de aplicação da prova. 

O delegado Adolpho Henrique Soares Cardoso, diretor da Unidade de Corregedoria da Polícia Civil, disse que as provas levantadas pelo Greco são muito robustas, e irão fundamentar os processos administrativos disciplinares que serão abertos contra os agentes envolvidos.


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Por: Cícero Portela e Andrê Nascimento
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