Após nove horas, a rebelião na Casa de Custódia de Teresina  foi finalmente controlada. A informação é da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). O movimento começou por volta das 4 horas da madrugada de hoje (14) após agentes abortarem uma tentativa de fuga no pavilhão H. Os presos arrancaram as grades das celas e queimaram colchões, seguindo em direção ao setor administrativo do presídio, localizado nas imediações do pavilhão A.

Ao saberem da agitação, familiares dos presos se dirigiram para o presídio na tentativa de obterem mais informações, mas foram barrados na entrada por conta da suspensão das visitas, ação que faz parte do conjunto de medidas da greve dos agentes penitenciários, deflagrada hoje em todo o Estado. O movimento teve sua ilegalidade decretada pela Justiça .

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Por conta da falta de informações, informações desencontradas e do intenso fluxo de policiais e agentes entrando e saindo do presídio, os familiares começaram um protesto na porta da Custódia, ateando fogo em pneus e bloqueando a passagem na BR-316. A barreira causou transtornos no trânsito da zona Sul de Teresina durante toda a manhã. Veículos de todos os tamanhos ficaram impedidos de passar e um ônibus que tentou furar o bloquei foi apedrejado.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Em dado momento, os familiares se desentenderam com policiais militares que faziam a segurança externa do presídio. Um grupo de pessoas se dirigiu para a lateral da penitenciária e soltou fogos de artifício para informar aos presos que estavam do lado de fora, revoltados com a situação.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

O que os familiares alegavam era a falta de informação sobre o movimento dentro da Casa de Custódia. Para eles, os agentes, a polícia e a própria Secretaria de Justiça estavam mascarando os fatos quando diziam que a situação estava sob controle.

Por volta das 10 horas, um preso que passou mal deixou o presídio em uma ambulância com destino ao HUT. De acordo com a coronel Júlia Beatriz, do Gerenciamento de Crise da Polícia Militar, ele sofria de convulsões e precisava de atendimento médico especializado. Mais duas ambulâncias do SAMU chegaram à penitenciária e a PM informou que se tratava apenas de uma medida preventiva. Com o tumulto, duas mulheres, parentes de detentos, chegaram a desmaiar do lado de fora da Custódia e também foram encaminhadas para o HUT.

Em meio aos protestos, membros da Comissão de Prerrogativas da OAB e da Defensoria Pública foram impedidos de entrar no presídio. Em conversa com o PortalODia.com o presidente da Comissão, Marcos Vinícius, informou que, se fosse necessário, a OAB entraria com um mandado de segurança para permitir o acesso dos advogados ao interior do presídio.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Sobre a situação dos presos, ele disse que foi informado de que estava sob controle e que não havia feridos ou mortos, mas que toda e qualquer informação repassada deveria ser recebida com desconfiança, uma vez que mais ninguém, além da polícia e da Secretaria de Justiça, tinha acesso à parte interna para verificar o que realmente estava acontecendo.

Por volta das 11 horas, a Sejus informou que a rebelião nos pavilhões B, C e D já estava controlada, e que o Pavilhão E estava sendo contido. Os presos não conseguiram chegar até o Pavilhão A, onde ficam aqueles que atuam na limpeza e na organização do presídio.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Já ao meio dia, a Sejus informou que 95% do movimento havia sido controlado e que as Forças de Segurança atuavam no Pavilhão I, onde fica a triagem da Casa de Custódia. Por volta das 13 horas, toda a rebelião havia sido contida, no entanto, as Forças de Segurança permanecem na unidade até que tudo esteja plenamente em ordem.

Os presos agora encontram-se em uma área de contenção. No início da tarde, será feita a recontagem dos detentos, a limpeza dos pavilhões, o levantamento dos danos ao patrimônio e, caso necessário, os procedimentos para a transferência de presos. Não foram confirmadas fugas durante a rebelião.

O trânsito na BR-316 já foi completamente liberado com a ajuda da Polícia Rodoviária Federal.

Mesmo com a situação controlada dentro do presídio, os familiares continuavam do lado de fora por volta das 14h. Eles exigem informações sobre a situação dos detentos e temem que a Sejus esteja repassando informações falsas. Algumas mulheres passaram mal. 

Por: Maria Clara Estrêla com informações de Ithyara Borges