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Analise da prova de História da UFPI.

A prova de História da primeira etapa da UFPI ? PSIU 2008 merece elogios, seus organizadores exploraram os conteúdos programáticos exigidos de forma racional.

14/12/2008 23:32

A prova de História da primeira etapa da UFPI – PSIU 2008 merece elogios, seus organizadores exploraram os conteúdos programáticos exigidos de forma racional. As questões abordam temas interessantes e exigem um raciocínio crítico, valorizando justamente o trabalho exercido pelos professores de História ao longo do ano e favorecendo principalmente aquele aluno que estudou para este exame. Logo após os comentários, você pode analisar as questões com os respectivos gabaritos fornecidos pela UFPI.

Apesar da prova ter sido notável, é interessante chamar à atenção para duas questões:
- Na questão 61 a alternativa correta é a letra B, por eliminação você chega a tal alternativa, mas a resposta não é convincente, pois cita ”o período compreendido entre 1540 e 1570 marcou o apogeu do uso da mão-de-obra indígena nos engenhos de açúcar no Brasil”, e neste momento o recorte realizado é “perigoso”.

- Na questão 63 a alternativa correta é a letra A, mas considero que o item V da questão merece uma análise mais detalhada, vejamos o que ele diz: “Dispunha de força e legitimidade, entre outras razões, em virtude dos estreitos laços existentes entre o poder temporal e o poder espiritual. A realeza era uma instituição política com inquestionável caráter sagrado.“ Partindo desse pressuposto, vimos uma brecha para questionamento, primeiro quando cita “estreitos laços existentes entre o poder temporal e o poder espiritual” e segundo quando refere-se a realeza e utiliza a palavra “inquestionável”. Analisando o primeiro questionamento, podemos considerar vários atritos existentes entre o poder temporal e espiritual que aconteceram na Baixa Idade Média, como no caso das Querelas das Investiduras e no Cisma do Ocidente, quando houve a transferência do papado de Roma para Avignon, o que afastaria essa idéia de laços estreitos, pois a questão solicita análise “Sobre a Igreja Católica romana no período medieval”, ou seja, durante toda a Idade Medieval. Ao tempo que no segundo questionamento a concepção do autor da questão versa sobre a realeza como uma instituição política com inquestionável caráter sagrado, deixando na minha opinião o aluno em dúvida, pois diante dos vários atritos existentes entre Igreja e Realeza, podemos considerar que a palavra “inquestionável” não foi bem utilizada neste momento. Considerando que os fatos históricos nos remetem a discussões intermináveis e sempre sugerindo novas possibilidades de retificação ou ratificação, é importante salientar que este exame é realizado para os alunos que cursam o primeiro ano do Ensino Médio e pré-vestibulandos em geral, necessitando de um limite que não ultrapasse o seu conhecimento. Assim a questão 63 pode ter o gabarito alterado, onde a letra E pode ser a correta.

Amanhã iremos analisar a prova com mais tranqüilidade e caso seja necessário solicitar da comissão uma análise mais apurada desta questão comunicaremos a vocês.

Comentários: Professor Daniel Martins.

PROVA DA PRIMEIRA ETAPA - UFPI 2008.

58. Segundo os relatos bíblicos, os hebreus migraram do Egito para a Palestina e, lá, conquistaram territórios e formaram, depois de algum tempo, uma Monarquia. Sabe-se, também, que o povo hebraico, tinha, na sua religião, um traço que o diferenciava dos demais povos que habitavam a Palestina. Sobre a religião hebraica, é incorreto afirmar que:
A) baseava-se na crença da revelação direta de Deus, o que levava os hebreus a acreditarem que eram os escolhidos por Deus para serem seu povo na Terra.
B) tinha na Arca da Aliança um elemento concreto de ligação com Javé.
C) contava com uma estrutura sacerdotal hierarquizada, cujo centro era a figura de um Sumo sacerdote que dirigia as práticas religiosas em Israel.
D) diferenciava-se, pelo caráter monoteísta, das demais religiões orientais na antiguidade.
E) o culto a Javé assumia papel central nas práticas hebraicas, no entanto, o culto privado de divindades zoomórficas sempre foi aceito pela religião oficial.
GAB.E

59. “A escravidão pressupunha certo nível de desenvolvimento das forças produtivas (força de trabalho, ferramentas,matérias primas, técnicas, etc.) (...). O homem só podia apropriar-se plenamente de seu semelhante e, portanto,de parte do trabalho dele, quando determinadas condições históricas estavam reunidas. Inicialmente, era necessário que o cativo produzisse, em forma sistemática, acima de suas necessidades mínimas vitais, podendo assim entregar um excedente ao Senhor.” (Mario MAESTRI. O escravismo antigo. São Paulo: Atual, 1990. p. 03).
O trecho acima aborda a escravidão na Antiguidade clássica. Sobre essa forma de trabalho, muito utilizada na Grécia e em Roma, pode-se afirmar corretamente que:
A) o escravo era considerado uma mercadoria, podendo ser vendido, trocado ou alugado. No entanto, parte do resultado do seu trabalho era obrigatoriamente revertido em pecúlio, o qual seria utilizado para libertar os filhos nascidos no cativeiro.
B) uma particularidade da escravidão, na antiguidade, era o fato de que o status de escravo, em hipótese alguma, era transmissível aos filhos.
C) a escravidão antiga era uma prática particularmente rural, voltada à produção agrícola e ao pastoreio. Nas áreas urbanas, a utilização da mão-de-obra escrava era quase inexistente.
D) os escravos, na Grécia Antiga, eram largamente empregados em diversas funções, tais como: funcionários públicos, carrascos, varredores de ruas e lavradores, além de serem muito presentes na produção artesanal / industrial.
E) a figura do escravo manumitido, no mundo romano, era praticamente inexistente. As restrições impostas às relações entre senhores e escravos tornavam o status de escravo quase vitalício, o que fazia com que nem mesmo os cativos que ocupassem postos relevantes junto aos senhores conseguissem a liberdade.
GAB.D

60. “(...) ao navegarem por mares nunca antes navegados, os europeus descobriram e conheceram outros povos e culturas. Muitas foram as expedições realizadas, algumas vitoriosas, outras derrotadas pelas armadilhas da natureza ou em razão do desânimo de seus participantes diante do desconhecido. O medo e a fantasia foram parceiros nessas aventuras, acompanhando as tripulações e se fazendo presentes nos naufrágios e nas conquistas. Para guiar as tripulações não bastavam os instrumentos de navegação (...). Era preciso também ambição, coragem e ousadia (...).” (REZENDE, Antônio Paulo. Rumos da História. São Paulo: Atual, 2001, p. 157-158).
O trecho de Rezende nos remete ao contexto da expansão marítima européia. Sobre esse período da história, pode-se afirmar corretamente que:
A) a expansão marítima tem ligações diretas com as inovações técnicas que potencializaram a navegação em alto mar, no entanto, o fortalecimento dos Estados nacionais foi fundamental para viabilizar as aventuras marítimas nos séculos XV e XVI.
B) a formação dos Estados modernos não foi fator decisivo para a realização da expansão marítima, pois mesmo sem o comando de um poder estatal forte, o processo das grandes navegações teria alcançado pleno êxito.
C) o único empecilho ao desenvolvimento das grandes navegações era o medo de enfrentar os perigosos monstros que, segundo o imaginário medieval, povoavam os mares desconhecidos.
D) os ingleses, os franceses e os holandeses tiveram, na falta de acesso à tecnologia de navegação e na ausência de recursos financeiros, as principais dificuldades para empreender grandes movimentações marítimas.
E) os italianos, exímios navegadores e mercadores, não entraram nas navegações atlânticas, pois apostaram na abertura de um canal de navegação que ligasse o mar Mediterrâneo diretamente ao mar Índico, via Canal de Suez.
GAB.A

61. “A grande lavoura açucareira na colônia brasileira iniciou-se com o uso extensivo da mão-de-obra indígena.Retrospectivamente, a escravidão dos aborígines parece ter sido – e de fato foi – um momento fugaz na história da agricultura colonial de exportação do Nordeste. Contudo, dedicar a essa etapa de formação tão-somente um relato sistemático de sua posição no processo de expansão européia, ou considerá-la simplesmente um preâmbulo do que estava para suceder, é contar apenas uma parte da história.”
(SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos. São Paulo:Companhia das letras, 1988. p. 57).
O texto acima trata do uso da mão-de-obra indígena na lavoura açucareira. Sobre essa problemática, é correto afirmar que:
A) os indígenas foram a principal mão-de-obra da lavoura açucareira até meados do século XVIII, quando o fluxo de africanos para o Brasil foi viabilizado pela entrada de comerciantes ingleses no tráfico negreiro.
B) o período compreendido entre 1540 e 1570 marcou o apogeu do uso da mão-de-obra indígena nos engenhos de açúcar no Brasil.
C) os indígenas nunca foram utilizados em larga escala na lavoura de cana-de-açúcar, mas apenas para o extrativismo vegetal.
D) o uso da mão-de-obra indígena na lavoura foi impossibilitado na segunda metade do século XVIII, período em que os Jesuítas conseguiram aprovar leis que proibiam o uso dos silvícolas no trabalho agrícola.
E) a utilização da mão-de-obra indígena na lavoura de açúcar foi inviabilizada unicamente pelo alto índice de mortalidade dos nativos, provocado principalmente por doenças transmitidas no contato com os europeus.
GAB.B

62. No século XVI, a Europa foi abalada por reformas religiosas que levaram a uma quebra da hegemonia católica no mundo ocidental. As críticas procuravam expurgar do cristianismo práticas e idéias que, aos olhos dos homens do século XVI, não podiam mais continuar a regular a vida de milhões de pessoas.
Sobre a reforma protestante no século XVI, analise os itens a seguir:
I. Um dos seus principais líderes e idealizadores foi Martin Lutero. Entre as propostas de Lutero, estavam a eliminação da maioria dos sacramentos católicos e a extinção do celibato para o clero.
II. Martin Lutero tinha o objetivo de implantar, na sociedade européia, reformas religiosas que tivessem, também, profundo impacto nas estruturas sociais, diminuindo as desigualdades e as hierarquias sociais.
III. A Reforma Anglicana, ocorrida na Inglaterra, teve, entre suas motivações, o interesse de confiscar as terras da Igreja em território inglês, assim como diminuir o poder da Igreja na Inglaterra e fortalecer a centralização política.
IV. Calvino pode ser considerado o teólogo do capitalismo, pois sua doutrina legitimava o lucro e valorizava o trabalho os quais favoreciam os princípios da burguesia.
Assinale a opção correta.
A) Somente o item I é verdadeiro. B) Somente os itens I, II e III são verdadeiros.
C) Somente os itens I e III são verdadeiros. D) Somente os itens II, III e IV são verdadeiros.
E) Somente os itens I, III e IV são verdadeiros.
GAB.E

63. A Igreja Católica era uma das instituições mais fortes do período medieval. Herdeira das tradições romanas, manteve-se como única detentora das verdades da cultura religiosa ocidental durante toda a Idade Média. Sobre a Igreja Católica romana no período medieval, analise os itens a seguir:
I. Tinha como principal objetivo da sua prática e da sua doutrina romper com as hierarquias sociais existentes e construir uma sociedade mais justa;
II. Concentrava poder em razão de ser uma das maiores detentoras de terras na Europa medieval, período em que a economia ocidental era essencialmente agrária;
III. Procurava controlar as manifestações mais íntimas da vida dos indivíduos, valendo-se de estratégias sofisticadas como os sacramentos, que controlavam a existência dos fiéis do nascimento até a morte;
IV. Usava de sua autoridade para assumir o papel de produtora ideológica da sociedade medieval, ou seja, produzia, legitimava e divulgava imagens que a sociedade deveria ter de si mesma;
V. Dispunha de força e legitimidade, entre outras razões, em virtude dos estreitos laços existentes entre o poder temporal e o poder espiritual. A realeza era uma instituição política com inquestionável caráter sagrado.
Assinale a opção correta:
A) Somente o item I está errado. B) Todos os itens estão corretos.
C) Somente os itens I e III estão errados. D) Os itens I, II e V estão errados.
E) Somente os itens I e V estão errados.
GAB.A

64. Relativamente à história do absolutismo monárquico na Europa, analise os itens a seguir:
I. O Estado nacional absolutista desenvolveu a formação e consolidação de uma burocracia estatal, de um exército nacional, bem como (para a elaboração e execução de políticas econômicas que viabilizassem o acúmulo de riquezas – o mercantilismo) estratégias de ação fundamentais para sua implementação bem sucedida;
II. Uma das estratégias de ação dos monarcas franceses, para consolidar a figura do Rei como governante absoluto, foi fortalecer a participação dos Nobres nas decisões políticas;
III. O rompimento entre Henrique VIII e a Igreja Católica e a conseqüente fundação da Igreja Anglicana foram fundamentais para consolidar o absolutismo na Inglaterra. Em um só movimento, ele afastou a interferência do Papa nos assuntos internos da Inglaterra, apossou-se dos bens pertencentes à Igreja em seus domínios e passou a ter rígido controle sobre a hierarquia eclesiástica da nova Igreja;
IV. Nicolau Maquiavel, no livro O Príncipe, defende a legitimidade de um Estado absolutista. O principal argumento do pensador italiano está fundamentado no princípio divino dos reis, ou seja, a autoridade dos reis era sagrada, de modo que se rebelar contra o Rei era rebelar-se contra Deus.
Assinale a opção correta:
A) São verdadeiros os itens I, II, III e IV. B) São verdadeiros os itens I e II.
C) São verdadeiros os itens I e III. D) São verdadeiros os itens I, III e IV.
E) São verdadeiros os itens I, II e III.
GAB.C

65. Hilário Franco Júnior, ao tratar das estruturas sociais na Idade Média, aponta o contrato de vassalagem como importante forma de soldagem nas relações sociais. Segundo ele, o contrato feudo-vassálico era “uma expressão, talvez a mais importante e conhecida, dos laços de parentesco artificial que soldavam as relações naquela sociedade de forte espírito coletivista. (...) havia alguém que se tornava ‘moço’ (vassalus) de um ‘ancião (senior), estabelecendo-se um pseudoparentesco entre pai e filho.” (FRANCO Jr., Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1991, p.75-76.).
Sobre a sociedade medieval e o contrato feudo-vassálico, é incorreto afirmar que:
A) os laços de vassalagem eram inicialmente vitalícios, passando, posteriormente, a assumirem caráter hereditário, ou seja, o interesse dos senhores e dos vassalos de continuarem os compromissos assumidos pelos seus pais levaram os contratos de vassalagem a se tornarem hereditários.
B) um traço característico do contrato feudo-vassálico era o respeito e a fidelidade entre as partes contratantes.
C) as obrigações de respeito e fidelidade dos vassalos com os senhores se encerravam no pagamento de parte das rendas obtidas com o feudo.
D) as obrigações do vassalo para com o senhor eram o serviço militar, quando requisitado, a participação no tribunal senhorial, bem como a contribuição com recursos quando do casamento do primogênito de seu senhor ou, ainda, a ajuda econômica para resgatar o senhor, caso ele viesse a ser aprisionado.
E) o feudo, a ser recebido pelo vassalo, não necessariamente seriam terras, o feudo poderia ser a cessão de um direito (taxar usuários de uma ponte ou de um moinho), de um cargo ou de uma remuneração.
GAB.C
Fonte: Prof.Daniel Martins.
Edição: Portal O Dia
Por: Portal O Dia