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'Shazam!' tem ótimas piadas e é boa diversão para os pré-adolescentes

A graça vem única e exclusivamente do fato de um garoto de 14 anos se transformar em um adulto cheio de músculos e superpoderes.

04/04/2019 08:54

"Shazam!" segue a linha dos filmes cômicos de super-heróis -como "Deadpool", que não para de fazer piadas, ou mesmo o "Homem-Aranha"-, distanciando-se das histórias de ação mais dramáticas dos "Vingadores" ou do sombrio "Batman", por exemplo.

Aqui, a graça vem única e exclusivamente do fato de um garoto de 14 anos se transformar, sempre que quiser (basta gritar Shazam!), em um adulto cheio de músculos e superpoderes. Mas ele mantém a cabeça, o jeito, a insegurança e a infantilidade do menino.

(Isso também parece um pouco com o último filme do Homem-Aranha, que vive às voltas com problemas de funcionamento de seu uniforme supertecnológico e com a necessidade de não faltar às aulas enquanto combate supervilões.)

'Shazam!' tem ótimas piadas e é boa diversão para os pré-adolescentes. (Foto: Divulgação)

Mesmo assim, a graça funciona bem aqui. Há ótimas piadas a partir dessa troca de corpos, apesar de uma ou outra ser muito ruim. O público-alvo é claramente pré-adolescente e, para eles, "Shazam!" deve ser uma boa diversão.

Para o adulto que vai levar a criançada, porém, não se engane: são 132 minutos de um filme bem infantilóide, digamos assim. Que começa com um mestre dos magos em uma caverna buscando um campeão para passar seus poderes e combater os demônios dos sete pecados capitais.

Billy Batson, o garoto, é um órfão que vive fugindo das casas de famílias que o acolhem, até que uma delas dá certo. Ali, ele tem cinco irmãos adotivos, verdadeiro mapa da inclusão: um deficiente físico, um mexicano obeso, um oriental, uma negra, uma nerd.

Ao receber os poderes, começa a usá-los para si mesmo (mais Homem-Aranha aqui) até que toma o velho sermão e aparece o vilão Dr. Sivana.

Nos antigos quadrinhos brasileiros, era o Dr. Silvana, com L mesmo. Isso nos leva a uma questão que tem fritado o cérebro dos usuários do Facebook nas últimas semanas.

Estreou neste ano o filme da "Capitã Marvel", que é da turma da editora americana Marvel (Homem de Ferro, Homem-Aranha, Hulk, Capitão América). E o nosso herói de "Shazam!" não chama também Capitão Marvel? Isso, apesar de ser propriedade da editora rival DC Comics (Batman, Super-Homem, Mulher Maravilha)?

(Nos EUA, para piorar, não há diferenciação de gênero para a palavra "captain", o que resultou em dois filmes de turmas concorrentes com personagens chamados Captain Marvel, como pode?)

Eis as voltas da história com H: em 1938, a DC Comics lança o Super-Homem. Dois anos depois, a editora Fawcett cria o Capitão Marvel (o mesmo que está no filme "Shazam!"). A DC processa a Fawcett por plágio: como o Super-Homem, o Capitão Marvel voa, tem superforça, supervelocidade etc.

Treze anos depois, em 1953, a Fawcett fecha as portas, em parte devido ao litígio movido pela DC. É o fim do Capitão Marvel.

Na década seguinte, Stan Lee cria seus heróis cheios de problemas humanos para uma nova editora, a Marvel Comics. Em 1967, ele estreia um novo personagem chamado Capitão Marvel, que não tem nada a ver com o antigo super da Fawcett. Lee registra o nome.

Em 1972, a DC adquire os personagens da falida Fawcett. Mas, como já existia um outro Capitão Marvel, sem falar do nome da editora rival, rebatiza o novo gibi como "Shazam!". Agora ele vive no mesmo mundo que habitam Batman e Superman.

Em 1982, a Marvel mata o Capitão Marvel, mas o personagem é revivido por diversos outros personagens, incluindo a pilota de avião Carol Danvers, que está no filme deste ano chamado "Capitã Marvel".

Resumo da história: se alguém te disser que o Shazam na verdade se chama Capitão Marvel, é porque esse alguém é muito, mas muito velho.

Fonte: Ivan Finotti - Folhapress
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