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Marina Lima ataca os "˜coxinhas"™ em funk e se diz bem-resolvida

Na capa do seu novo álbum, a cantora surge meio forasteira, meio revolucionária, e o discurso é em prol de transformação, de um renascimento das cinzas

28/03/2018 15:50

“Tudo errado nesse paisinho / Pá de cal / Numa gente escrota e mesquinha / Que nos faz de bobo / Pra que enganar o povo?”, brada Marina Lima em “Mãe gentil”, uma das nove canções de “Novas famílias”, seu 21º disco, que acaba de ser lançado. Na capa, a cantora surge meio forasteira, meio revolucionária, e o discurso é em prol de transformação, de um renascimento das cinzas. Não à toa, “Pra começar”, sucesso seu de 1986 e ainda atual, ganhou regravação em estúdio. Com balada, música eletrônica, samba, tecnobrega... o CD também contém ironia: o funk “Só os coxinhas”, que ganhou clipe com a carioca “mexendo a bundinha” junto aos pedestres no Centro de São Paulo — cidade em que vive há oito anos —, é pura zoação. E, segundo ela, apartidária: “É recado pra gente chata, careta, cheia de regras e que só pensa em dinheiro”.

Marina brinca com coxinhas: gozação Foto: Marcelo Theobald

Indigestos

“Os coxinhas haters se revoltaram com o funk e me atacaram: ‘Você realmente acabou!’. Todo mundo diz que São Paulo é a terra dos coxinhas. Acharam, então, que era uma indireta pro João Dória (prefeito da cidade). E não foi. Está mais para Sérgio Cabral e a vergonhosa ‘farra dos guardanapos’. Mas não privilegio partido, embora sempre tenha votado na esquerda. Se você pensar bem, o mundo é dominado por essa gente que só quer saber de dinheiro, que não pensa no bem dos outros. É uma gula fenomenal, dá raiva!”.

Funk

“Eu adoro funk! E funk sempre tem um mote, né? ‘As glamurosas!’, ‘Só as cachorras!’... Eu troquei por ‘Só os coxinhas!’. Quis curtir com a cara deles. Eu gosto de ritmo, de música, não importa qual. Tem coisa feia e boa em tudo que é segmento. Só não gosto de funk machista. Machismo é antiquado, não tem mais espaço pra isso. Mas o lado brincalhão e libertador da coisa, eu adoro!”.

A capa do novo CD: meio forasteira, meio revolucionária Foto: Reprodução

O Brasil do futuro

“A palavra não é nem otimismo; o que eu tenho é entusiasmo. Temos motivos de sobra pra ficar tristes, derrubados, mas é hora de unir e se mexer, independentemente de crenças políticas. Essas pessoas que estão no poder não nos representam. E o mundo todo está muito ruim, não é só o Brasil, não. Nos Estados Unidos, Trump não foi eleito pela maioria de votos, mas por abstenção. Assim como Crivella, no Rio. Ou seja: se a gente não tomar uma atitude, eles vão tomar conta. A música é minha força, pode ajudar nisso”.

Rio-São Paulo

“Se o Rio chegou a esse ponto, é porque ficou maquiando e se deixou levar. Esta cidade ficou acreditando na própria beleza, vivendo um apogeu de mentira por anos. Não dá pra viver só de samba. Quando fui embora pra São Paulo, em 2010, senti que essa cidade estava esquisita, fingiam que nada estava acontecendo. Quanto ao meu trabalho, também. As pessoas não estavam mais tão interessadas no que eu fazia. Fui colocada num canto, como uma entidade: ‘Olha a Marina, o Corcovado, o Pão de Açúcar estão lá, são nossos’. Mas sou artista, gosto de desafio. E o Rio não tinha mais interesse em mim, não me estimulava. Não havia mais espaço para o meu pop, e parti. Hoje, se eu não estivesse conseguindo viver do meu trabalho, iria embora do país”.

Nova família

“Perdi meu pai, minha mãe, um irmão. Ficamos eu e Antônio Cícero (escritor, filósofo, imortal da ABL, irmão mais velho e parceiro de Marina em muitos sucessos). Estou casada há cinco anos com uma carioca (a advogada Lídice Xavier). Eu pensava em filhos até meus 40 e poucos anos, depois tirei isso da cabeça. Agora, é uma questão para ela, que ainda pode engravidar. Se ela quisesse, com ela eu toparia criar uma criança”.

Fonte: Extra
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