O corpo do cantor Reginaldo Rossi, que morreu na manhã desta sexta-feira (20), no Hospital Memorial São José, no Recife, está sendo velado na sede da Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde chegou por volta das 19h10 (horário de Brasília) para o início da solenidade aberta ao público. O enterro está previsto para as 20h deste sábado (21), no cemitério Morada da Paz, em Paulista, região metropolitana do Recife.
O caixão de Reginaldo chegou com a bandeira do Estado de Pernambuco, e, no início, o velório ficou restrito a familiares e amigos mais próximos.
Antes mesmo de o corpo chegar, fãs de diversos bairros da capital pernambucana já se aglomeravam na calçada à espera da abertura da casa. Entre eles, o percussionista Naná Vasconcelos. "Nós perdemos um original, um artista autêntico", disse o músico. "Era um amigo, brincalhão e generoso, um homem com coração sempre aberto."
O deputado estadual petista Sérgio Leite é um dos políticos presentes na Assembleia Legislativa. "�‰ uma grande perda para a cultura de Pernambuco e do Brasil, hoje viemos a um velório de quem sempre foi brincalhão e animado", comentou o petista. "Nos conhecemos em 85, e não posso deixar de vê-lo como um homem que alegrava a todos", revelou o deputado André Campos, do PSB.
A adoração a Rossi levou o catador Manoel Francisco dos Santos, mais conhecido como Manoel do Boi, a sair do trabalho após o meio-dia para garantir um dos primeiros lugares na fila. "Para mim, ele não morreu, está vivo no meu coração, por isso vim ficar aqui com ele e só volto para casa depois do enterro", comentou.
O médico Iran Costa, que tratava o cantor, disse que apesar da melhora dos últimos dias, Reginaldo apresentou um agravamento nas funções renais e no pulmão nas últimas horas de vida. Segundo Costa, o tabagismo foi a principal causa da morte. O cantor era fumante assíduo há pelo menos 50 anos.
Repercussão
Após a morte de Reginaldo Rossi, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, decretou luto oficial de três dias na cidade.
Em entrevista por telefone ao UOL, o cantor Falcão disse que o bom humor e "breguice" tão característicos do seu trabalho tiveram influências de Reginaldo Rossi. "Eu me inspirei nessa parte melódica e bem-humorada, quase sacana, que ele tinha", disse o cantor cearense.
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Trajetória
Reginaldo Rodrigues dos Santos Rossi nasceu em Recife no dia 14 de fevereiro de 1943 e ingressou na faculdade de engenharia, mas não chegou a se formar e trabalhou como professor de matemática.
Começou a carreira artística em 1964 imitando Roberto Carlos em bares e clubes da capital pernambucana. Na época, ele era acompanhado pelo conjunto The Silver Jets.
Em 1966, lançou o primeiro LP, "O Pão", seguido por "Festa dos Pães", no ano seguinte. Em 1970 se afastou do rock com "�€ Procura de Você", que o introduziu no gênero brega-romântico, do qual se tornaria um dos maiores expoentes, ao lado de nomes como Odair José, Amado Batista, Wando e Agnaldo Timóteo.
Em meados dos anos 1980, já com 18 discos gravados, Rossi era um sucesso de vendas no Norte e Nordeste, mas permanecia desconhecido no eixo Rio-São Paulo. Em 1987 lançou um de seus maiores sucessos, "Garçom", que o tornaria conhecido no Sul e Sudeste no fim dos anos 1990.
Ao longo de sua carreira, o cantor gravou com artistas como Wanderléa, Roberta Miranda e Planet Hemp, e aceitou de bom grado o título de "Rei do Brega". Com cerca de 50 álbuns lançados, ele recebeu 14 discos de ouro, dois de platina, um de platina duplo e um de diamante.
Em 2011, Rossi venceu o Prêmio da Música Brasileira na categoria de melhor cantor popular, pelo álbum ao vivo "Cabaret do Rossi", que também rendeu um DVD, em que fazia releituras de sucessos como "Taras & Manias", "Dama de Vermelho", "Boate Azul", "Amor I Love You", "Só Você" e "I Will Survive".
Em 2009, ele participou do quadro "Dança dos Famosos", no programa "Domingão do Faustão".