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Corso de Teresina: Uma fantasia em movimento que ganhou o mundo

O grande evento carnavalesco, após o Guinnes, passou por várias melhorias, se tornando ainda um dos eventos mais seguros da capital.

15/02/2020 11:46

Uma festa surpreendente que parou a cidade. Era o ano de 2011, quando o Corso de Teresina começou a ganhar status de maior do mundo, com suas fantasias e um cortejo de caminhões de tirar o fôlego de qualquer um: acontecia uma verdadeira revolução na temporada carnavalesca da capital piauiense. Tamanho o sucesso, que em 2012, o título foi comprovado com a vinda de um representante do Guinness Book, o livro dos Recordes, que registrou a marca de 343 veículos decorados no desfile, número que consta na publicação até hoje.

O grande evento carnavalesco, após o Guinnes, passou por várias melhorias, se tornando ainda um dos eventos mais seguros da capital devido ao intenso trabalho das Polícias Militar, Civil, Guarda Municipal e um plano de segurança reforçado de tecnologia com monitoramento dos foliões e patrulhamento, sem contar com o principal: a decisão do público de brincar do seu jeito, com a fantasia que quisesse e uma alegria contagiante, transformadora e agregadora de personagens que percorrem o imaginário que, por vezes, está adormecido no interior de cada folião.

Quando se fala em corso de Teresina, hoje se pensa muito em uma multidão de carros e pessoas fantasiadas desfilando alegria. A multidão é de se perder de vista, mas nem sempre foi assim. O maior corso do planeta, segundo o Guinnes, iniciou de uma forma bem diferente, em tom de protesto e com uma bela crítica social à elite da cidade na época, há cerca de 80 anos. A história do corso se confunde com a própria história do carnaval da cidade, em razão de momentos gloriosos nas décadas de 1950 e 1960 e passando por uma revitalização no final da década de 1980.


Corso de Teresina: Uma fantasia em movimento que ganhou o mundo. Reprodução

Os primeiros desfiles de carros no carnaval ocorreram nos anos 30, quando a alta sociedade saia às ruas para brincar, de certa forma reservada, as festas de Momo. Contudo, o auge dessa brincadeira ocorreu nas décadas de 1950 e 1960, quando a festa virou tradição. “Eu era criança e lembro que meu pai tocava no corso. Inicialmente o ponto central era no coreto da Praça Rio Branco. Depois, os grupos de familiares e amigos passaram a desfilar pelas ruas do centro da cidade. Um dos destaques era o Caminhão das Raparigas, quando as prostitutas da época vestiam suas melhores roupas e eram aplaudidas pela sociedade, em uma espécie de inclusão social que só o carnaval tornava possível acontecer”, detalha o coordenador de Cultura Popular da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, Wellington Sampaio.

Segundo Wellington, nessa época o corso acontecia nos dias do carnaval. No entanto, a festa não conseguiu ter continuidade por causa da concorrência com outras manifestações carnavalescas. “Nesse tempo surgiram as escolas de samba e os blocos carnavalescos, que acabaram esvaziando o corso”, assinala. E por muito tempo o corso permaneceu esquecido, voltando somente no final dos anos 90, com a retomada do carnaval de rua, na primeira gestão do prefeito Firmino Filho. Em 1997, durante o Seminário de Resgate do Carnaval de Teresina, o então superintendente da FMCMC, José Afonso de Araújo Lima, sugeriu a volta do corso, que agora seria realizado no sábado de Zé Pereira.

A partir de 2008 o evento começou a se tornar o gigante que é hoje, tanto que a prefeitura começou a ter problemas na condução do percurso e teve que fazer adaptações. “Lembro que nesse ano nós iríamos encerrar o desfile na Praça do Marquês, mas percebemos que o corso estava grande demais e não teria como dispersar lá. Então tivemos que percorrer mais vias da zona norte para organizar a saída”, explica Wellington. Depois da revitalização do corso, o Caminhão das Raparigas, formado por atrizes, passou a vir como abre-alas para lembrar o verdadeiro Caminhão das Raparigas - com prostitutas da Rua Paissandu -, que era o último a passar.

Edição: Marco Vilarinho
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