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Clarice Lispector centenária polêmica

Ela fez parte do Terceiro Tempo Modernista, que com seu romance inovador e com sua linguagem poética, põe para dentro da cortina os modelos narrativos tradicionais

16/12/2019 12:09

Nascida na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920, a escritora Clarice Lispector faria 100 anos em 2020. Em razão da sua importância para a literatura me língua portuguesa, já começam, em todo o Brasil, as comemorações pelo seu centenário de nascimento, a começar pelo lançamento de suas obras completas por uma editora Rocco. Ela fez parte do Terceiro Tempo Modernista, que com seu romance inovador e com sua linguagem poética, põe para dentro da cortina os modelos narrativos tradicionais. "A Hora da Estrela" foi seu último romance publicado em vida.

Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1925. Filha de Pinkouss e Mania, família judaica russa que perdeu suas rendas com a Guerra Civil Russa e se viu obrigada a emigrar em decorrência da perseguição a judeus, à época, a qual resultou em diversos extermínios em massa. Especula-se que a mãe de Clarice teria sido violada por soldados russos durante a Primeira Guerra Mundial. A futura escritora chegou ao Brasil, ainda pequena, em 1922, com seus pais e duas irmãs. Clarice dizia não ter nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil. 

Inicialmente, a família passou um breve período em Maceió, até se mudar para o Recife, onde Clarice cresceu e onde, aos oito anos, perdeu a mãe. Aos quatorze anos de idade transferiu-se com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro, local em que a família se estabilizou e onde o seu pai viria a falecer, em 1940. Fixaram residência em Maceió, Alagoas, onde morava Zaina, irmã de sua mãe. Clarice tinha apenas dois meses de idade. Por iniciativa de seu pai, todos mudaram o nome. Nascida Haia Lispector, passa a se chamar Clarice.

Com 9 anos ficou órfã de mãe. Terminou o primário e ingressou no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade. Com 12 anos, Clarice mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, indo morar no Bairro da Tijuca. Ingressou no Colégio Sílvio Leite, onde era frequentadora assídua da biblioteca. Em 1941, terminado o segundo grau, Clarice ingressa na Faculdade Nacional de Direito, e emprega-se como redatora da Agência Nacional. Depois passa para o jornal A Noite. Em 1943 casa-se com o amigo de turma Maury Gurgel Valente. Nesse mesmo ano, termina o romance Perto do Coração Selvagem, que retrata uma visão interiorizada do mundo da adolescência. Em 1944 publica o livro que teve calorosa acolhida da crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha.

Sua vida de escritora foi sucesso: a cada novo livro parecia se superar, ganhando rasgados elogios da crítica especializada. Entretanto, seu comportamento arredio, não raramente, a distanciava da imprensa, embora esta fizesse questão de divulgar suas obras. Clarice Lispector publica o “A Hora da Estrela”, em 1977 e, logo em seguida, é internada devido ao um câncer no ovário. O problema se expande para diversas parte de seu corpo. Em razão da doença, Clarice vem a falecer no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977 – vésperas de completar seu aniversário de 57 anos. Seu corpo fora sepultado no Rio de Janeiro, no Cemitério Israelita do Caju – no dia 11 de dezembro de 1977.


Obras de Clarice Lispector

Perto do Coração Selvagem, romance, 1944

O Lustre, romance, 1946

A Cidade Sitiada, romance, 1949

Alguns Contos, contos, 1952

Laços de Família, contos, 1960

A Maçã no Escuro, romance, 1961

A Paixão Segundo G.H., romance, 1961

A Legião Estrangeira, contos e crônicas, 1964

O Mistério do Coelho Pensante, literatura infantil, 1967

A Mulher Que Matou os Peixes, literatura infantil, 1969

Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, romance, 1969

Felicidade de Clandestina, contos, 1971

Água Viva, romance, 1973

Imitação da Rosa, contos, 1973

A Via Crucis do Corpo, contos, 1974

A Vida Íntima de Laura, literatura infantil, 1974

A Hora da Estrela, romance, 1977

A Bela e a Fera, contos, 1978

Por: Marco Antônio Vilarinho
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