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"œJá me sinto uma teresinense", diz paciente acolhida pelo Lar da Misericórdia

Referência em Saúde, cidade recebe pacientes de braços abertos para tratamento

16/08/2021 08:54

Há cinco anos, a dona de casa Marinalva de Sousa Lima, de 61 anos, viveu um dos momentos mais difíceis da sua vida. Ela descobriu que estava com câncer (grau 3). Teve início, então, uma corrida em busca do tratamento. Natural de Maracaçumé, no Maranhão, Marinalva precisou vir para Teresina, cidade conhecida por ser referência em Saúde no Nordeste.

Sem conhecer ninguém na Capital, iniciou o tratamento no Hospital São Marcos e foi lá que teve seu primeiro contato com o Lar da Misericórdia. “Eu descobri o Lar da Misericórdia pela assistente social do Hospital São Marcos, em 2016. Eu vim da minha cidade com uma amiga, que disse que aqui eu conseguiria um tratamento. Eu estava lá sem condições de nada e eles me acolheram”, lembra Marinalva.

Durante seu tratamento, ela conta que chegou a ser desenganada pelos médicos e que sequer daria tempo para realizar o tratamento. Mas, o apoio e a torcida vieram justamente daquelas pessoas que ela acabara de conhecer, mas que lhe a acolheram tão bem que pareciam ser da sua própria família.

Marinalva revela como o suporte dos teresinenses foi essencial (Foto: Assis Fernandes)

“Eu sofri muito. Ficou um buraco muito grande no meio seio, fui desenganada pelos médicos, mas teve um que disse que iria me tratar. Ele fez a cirurgia, foi um sucesso, e eu fiquei muito emocionada. Fui muito bem acolhida pelas coordenadoras do Lar da Misericórdia, que se comoveram com a minha situação e cuidaram de mim. Eu precisava de muito sangue, porque eu não tinha mais nada a fazer, e elas providenciaram”, conta.

Marinalva lembra que os profissionais e voluntários da casa davam suporte quando ela tinha que entrar em contato com a família. Viúva há mais de 20 anos, a dona de casa precisava cuidar dos filhos, ainda que de longe. “Deixei minha família na minha cidade e elas viabilizam as ligações. Foi muito difícil, porque não tinha condições, era pobre, mas eu tive um tratamento VIP aqui. Tinha seis refeições diariamente, tudo saudável.

Ficava em um quarto com mais três pessoas, banheiro, guarda-roupa. E também me ajudavam quando eu voltava para minha cidade para visitar meus filhos, levando uma cesta básica. Eu sou muito feliz por ter feito meu tratamento aqui. Temos que agradecer a Deus e ao padre Tony, porque eles são muito bons”, diz.

Marinalva está com o tratamento praticamente concluído e retorna à Teresina apenas para fazer check-up e revisões. Emocionada, ela conta que é muito gratificante poder voltar para sua casa e rever seus familiares, e se diz muito grata por todo o acolhimento que recebeu ao longo desses anos enquanto realizava seu tratamento. “Essa cidade está de parabéns e o povo daqui, que foram acolhedores. Me sinto feliz e honrada pelo acolhimento que tive e já me sinto uma teresinense”, completa.

Lar da Misericórdia desenvolve trabalho social há quase 30 anos

Há quase três décadas, o Lar da Misericórdia tem como missão acolher pessoas em situação de enfermidade, especialmente com câncer, vindas de outras cidades do Piauí e estados do Brasil e que não têm referência domiciliar em Teresina. O vigário geral padre Tony Batista, coordenador da Ação Social Arquidiocesana (ASA), administrada pela Arquidiocese de Teresina, pontua que os teresinenses são acolhedores, samaritanos e que estão sempre dispostos a ajudar.

“A nossa igreja de Teresina é samaritana, que se aproxima, que está perto e quer sentir a dor e as alegrias do seu povo. Há mais de 20 anos, Dom Miguel começou a se inquietar com tantas pessoas que procuravam Teresina por ser referência na ciência médica, para o tratamento de câncer, e muitas vezes eram exploradas em pensões e não eram acolhidas. O Lar da Misericórdia acolhe pessoas que fazem tratamento de câncer em Teresina e que não têm referência, elas vêm do interior do Maranhão, Tocantins, Pará, do interior do Piauí”, explica o padre Tony Batista.

Padre Tony Batista fala da felicidade em ajudar ao próximo (Foto: Assis Fernandes/ODIA)

O vigário conta que, além do paciente, a casa acolhe também um acompanhante, para que esteja sempre presente durante o tratamento desse paciente. O Lar disponibiliza acomodação, alimentação e translado para unidades de saúde durante o tratamento. Para manter a instituição,que não tem fins lucrativos, são recebidas doações, que ajudam a custear as despesas da casa. Além disso, conta com a colaboração de voluntários.

“Teresina é especial, não aceita ser feliz sozinha. Temos um povo hospitaleiro, capaz de partilhar. Mesmo com a pandemia, a ajuda e o voluntariado não diminuíram. São os voluntários que trabalham, são os médicos, enfermeiros, psicólogos, que nunca deixaram um dia a casa sem alimento para os hóspedes. Nós não temos verbas da Prefeitura e do Estado e os recursos são coletados durante o ofertório, nas missas. Sou escandalosamente feliz por trabalhar com essas pessoas e atender aos doentes”, conclui padre Tony Batista.

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