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“Estamos pagando para trabalhar”, diz motorista de app sobre preço da gasolina em Teresina

Ao pagar sete reais em um litro de gasolina, o trabalhador compromete cerca de 40% daquilo que arrecada no mês

05/11/2021 11:03

Com o constante aumento no valor do combustível, fica cada vez mais difícil trabalhar como motorista em Teresina. Isso porque, ao pagar sete reais em um litro de gasolina, o trabalhador compromete cerca de 40% daquilo que arrecada no mês. Além disso, os passageiros também sofrem com os valores exorbitantes das corridas via aplicativo. 

Atualmente, a gasolina custa cerca de sete reais em Teresina. (Foto: Assis Fernandes/O DIA)

“Estamos praticamente pagando para trabalhar”, é o que afirma André Araújo, que trabalha como motorista de aplicativo. André conta que este é um momento muito difícil para a categoria e que a associação de motoristas vem buscando soluções para tentar amenizar o problema. 

“A gente chegou em um momento muito difícil. Queria destacar que não é só o motorista que acaba sofrendo, os nossos passageiros também sofrem. E queria, inclusive, pedir a compreensão de vocês, pois a culpa não é nossa. Enquanto associação, nós estamos tentando resolver isso da melhor forma com o poder público e se possível com as plataformas. Mas, infelizmente, estamos estagnados por conta dessa grave crise que assola o país”, explica o motorista.

André Araújo conta o preço do combustível vem afetando duramente os motoristas de aplicativo. (Foto: Arquivo O Dia)

Apesar de existirem outros gastos, como internet e manutenção do veículo, para André o combustível é um dos principais objetos de trabalho. "Quando o combustível começa a afetar da maneira que está afetando, torna-se quase que inviável a gente conseguir manter um serviço de qualidade”, afirma. 

Diante da situação, muitos motoristas têm desistido da profissão e por conta disso, existe uma grande demanda de passageiros e clientes reclamando. André Araújo destaca ainda que, assim como ele, muitos colegas de trabalho têm optado por retornar a um vínculo empregatício e manter o trabalho de motorista como uma renda extra. 

Muitos motoristas vêm desistindo da profissão devido ao alto preço do combustível.  (Foto: Assis Fernandes/O DIA)

“Está sendo muito difícil. Antes nós tínhamos ganhos que dava para sobreviver com dignidade, agora com essa situação, os nossos motoristas têm perdido a sua capacidade de oferecer um serviço de qualidade. Eu mesmo acabei optando em voltar para um vínculo empregatício e deixar a plataforma como completando de renda”, acrescenta.


Busca por alternativas

A associação de motoristas de Teresina vem buscando soluções paliativas para driblar o problema. Como por exemplo, retomar com um posto de gasolina exclusivo para motoristas de aplicativo, com condições especiais para abastecimento. 

“Por enquanto, o que podemos falar são medidas paliativas, pois a solução do problema é maior do que podemos fazer. Já estamos estudando retomar um posto exclusivo para os motoristas e estamos cobrando ao governo a questão do ICMS. Para que a situação mude, o país  precisa tomar um novo rumo, para que possamos retomar a nossa dignidade”, comenta o motorista André. 

Assim como André, muitas pessoas vêm enfrentando o dilema do combustível. Para o economista Francisco Sousa, é preciso buscar alternativas diversas. 

O economista Francisco Sousa acredita que é preciso buscar alternativas que evitem o uso exagerado do combustível. (Foto: Arquivo O Dia)

“Quem trabalha prestando serviços como motoristas, obviamente terá um aumento de custo. E aí tem duas opções: ou incorpora parte dessa despesa ou aumenta o preço do serviço e repassa para o consumidor. E no caso do cidadão de uma forma geral, ele vai ter que buscar alternativas, como dividir as despesas de deslocamento, planejar a rotina e os percursos para que evite rodar muito e gastar combustível. A própria manutenção do veículo às vezes influencia no uso do combustível. Então tem diversos detalhes que é preciso rever”, pontua o economista. 

Edição: Ithyara Borges
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