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Zona Norte concentra o maior número de focos de dengue em Teresina, diz Zoonoses

Terrenos baldios e lagoas são os locais que mais preocupam os órgãos de controle da doença. Sucatas e cemitérios também recebem atenção especial.

05/05/2023 13:41

A partir deste mês de maio a chuva deve começar a dar uma trégua em Teresina. Mas os riscos que estes temporais trazem devem permanecer por mais tempo. A cidade fica úmida e as poças de água que se formaram enquanto chovia não se desfazem tão facilmente. É justamente nestes locais que mora o perigo: a proliferação do Aedes aegypti, mosquito causador da dengue.

Qualquer lugar com água acumulada é propício para se tornar um criadouro: garrafas, vasos de plantas, jarros e afins. Os agentes de endemia da Gerência de Zoonoses atuam diretamente nas residências dos teresinenses fiscalizando a incidência de focos do mosquito da dengue e acabando com eles. O problema é quando o local do foco não é uma casa. Terrenos baldios, cemitérios e sucatas, por exemplo, se transformam em verdadeiros criadouros do mosquito e nem sempre os agentes da Zoonoses conseguem ter acesso a estas dependências.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Aqui em Teresina, a zona que mais inspira cuidados por parte do poder público é a Norte. Isso porque a área concentra uma grande quantidade de terrenos baldios e lagoas. Quem explica é o gerente de Zoonoses, Paulo Marques. “Sempre na zona Norte o número de ovos recolhidos é maior, principalmente no entorno do bairro São Joaquim, onde há muitas lagoas com possibilidade de receber água da chuva e ela ficar parada por uns dias recebendo ovos do mosquito”, diz.

Para evitar que estes locais representem ainda mais risco para a população que vive no entorno, os agentes de endemias montam pequenas “armadilhas” para o mosquito. A principal delas é a ovitrammpa, um mecanismo que simula o ambiente para procriação do Aedes aegypti e consiste de um vaso de planta preenchido com água parada para atrair o mosquito. 

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Nele, são colocadoas palhetas de um material chamado Eucatex, que facilita que os ovos depositados pelas fêmeas fiquem grudados e sejam posteriormente recolhidos. Segundo Paulo Marques, só em 2022 foram retirados cerca de 750 mil ovos de Aedes aegypti só com o uso das ovitrampas. A maior estava concentrada justamente na zona Norte. Isso porque estas ovitrampas são instaladas especialmente próximo a terrenos baldios, cemitérios e sucatas.

Outro local que chama a atenção da Zoonoses são as repartições públicas, onde é comum serem encontrados ovos de mosquito da dengue em lixeiras. “A gente tem uma equipe para andar especialmente em órgãos públicos, porque nestes locais é comum as pessoas descartarem copinhos de plástico cheios e vasilhas de quentinha que acumulam água e se tornam criadouros. Por isso é tão difícil dizer que vamos acabar com todos os focos. Eles estão nos locais mais inimagináveis possíveis”, explica o gerente de Zoonoses.

Paulo Marques pede atenção da população faz um apelo para que as pessoas abram as portas de casa para receber os agentes de endemia e permitam a eles fiscalizar possíveis focos para evitar que um problema que poderia ser evitado se torne outro ainda maior: a superlotação do sistema de saúde público com a quantidade de pessoas adoecidas por dengue.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS) apontam que há 2.243 casos notificados de dengue em Teresina e um óbito pela doença em investigação. Mas a dengue não é o único risco. Há outros 950 casos notificados de Chikungunya sendo que destes, 650 já foram confirmados. 

É pelo medo do risco de adoecer ou de ter complicações decorrentes da dengue ou da Chikungunya que a população redobra o cuidado. Moradora da Rua Antônio Pedro, no bairro Matadouro, zona Norte da Capital, a aposentada Maria Moreira, 80 anos, se torna um exemplo a ser seguido. Ela conta que nunca adoeceu por dengue ou Chikungunya na vida e que pretende continuar assim.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Dona de um pequeno jardim em casa, ela mantém os jarros das plantas abastecidos com areia e adubo, evita acumular garrafas em casa e costuma verificar constantemente se há algum foco pelo local. Maria conta que, pela idade avançada, não pode “se dar ao luxo de adoecer, ainda mais por uma coisa que é fácil de ser evitada”.

“Eu procuro sempre proteger minhas janelas com telas para evitar a entrada de mosquito e não tenho nenhum vasinho ou garrafa com água ao ar livre. Toda vez que o pessoal da Zoonoses vem eu também abro minha porta porque tem lugar que não tem como eu checar se tem foco e eles fazem isso por mim. Não custa nada e evita um problemão depois”, afirma dona Maria.

O problema é que nem todo mundo pensa como ela. Em conversa com a reportagem de O Dia, o agente de endemia Rogério Andrade diz que é comum moradores estarem em casa e mesmo assim se recusarem a abrir a porta para recebe-lo. “Tem gente que responde e pede para passarmos em outro horário, mas nossas visitas são muito dinâmicas e não tem como ficar vindo depois. Então a gente pede que as pessoas abram suas portas, confiram se realmente é o agente de endemia, mas que recebam as visitas”, pede Rogério.

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