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Vereadora assassinada a tiros é homenageada durante ato em Teresina

Marielle Franco foi assassinada na noite de ontem (14) no RJ. Manifestantes pediram justiça e que a morte não fique impune.

15/03/2018 18:41

“Quantos mais vão precisar morrer pra que essa guerra acabe?”. Foi o questionamento de Marielle Franco, feito um dia antes da sua morte, que moveu dezenas de teresinenses ao Memorial Esperança Garcia no final da tarde desta quinta-feira (15). Militantes do PSOL - partido do qual a vereadora carioca fazia parte -, integrantes de centrais sindicais, estudantes e pessoas que se solidarizaram com a morte da defensora dos direitos humanos se reuniram para o último adeus à Marielle, executada com quatro tiros na noite de ontem (14).

Vereadora assassinada é homenageada em ato no Memorial Esperança Garcia. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

As lágrimas de alguns e a inconformidade de outros levaram a discursos emocionados. Sob gritos de “Marielle, presente!”, a secretária Estadual de Mulheres do PSOL, Letícia Lima, afirmou que a morte de Marielle não ficará impune e pediu que a luta da vereadora pelos direitos humanos não seja esquecida. “Essa é uma forma de relembrar as lutas que ela defendeu literalmente até a morte, porque antes de ser assassinada, ela estava em uma atividade voltada para as mulheres negras”, destacou Letícia Lima.

Secretária Estadual de Mulheres do PSOL, Letícia Lima. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Em um memorial homenageado com o nome Esperança Garcia, escrava considerada precursora da advocacia no Piauí, a manifestação pela morte da vereadora do PSOL também foi marcada por denúncias sobre o genocídio da população negra e das mulheres, pautas de luta de Marielle Franco, que era uma mulher negra, da periferia, feminista e lésbica.

Vereadora assassinada é homenageada em ato no Memorial Esperança Garcia. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Além disso, os presentes ressaltaram não acreditar que a morte de Marielle tenha sido por acaso. Para eles, o assassinato não foi latrocínio e teve sinais de execução. “A última denúncia que ela fez foi da favela do Acari que é vinculada ao batalhão da PM que mais mata no Rio de Janeiro, então isso não é pouca coisa, ela estava mexendo com os donos do poder”, relatou Letícia Lima. 

Vereadora assassinada é homenageada em ato no Memorial Esperança Garcia. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Por conta disso, os integrantes do PSOL pedem celeridade nas investigações e que estas esclareçam de fato o que aconteceu na noite de ontem. “A gente pede a investigação imediata, de fato não deixar a impunidade passar, queremos saber o que aconteceu, a mando de quem, por que? “, enfatizou a secretária do PSOL.

Vereadora assassinada é homenageada em ato no Memorial Esperança Garcia. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Para a promotora de Justiça Leida Diniz, o assassinato de Marielle é um reflexo da fragilidade da democracia no país, tendo consequências diretas nos direitos fundamentais da população. “Uma lutadora social foi abatida de forma covarde e brutal. Eu proponho que o STF, sendo comandando por uma mulher, se pronuncie, assim como a Procuradora Geral da República Raquel Dodge”, disse a promotora.

Entenda

Marielle Franco era vereadora do PSOL/RJ e foi moradora do Complexo da Maré. Defensora dos direitos humanos, a vereadora era autora de frequentes denúncias de violações cometidas contra negros, moradores de favela, mulheres e pessoas LGBT.

Marielle Franco na Câmara dos Vereadores do Rio (Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio)

Marielle foi assassinada com quatro tiros na cabeça, quando ia para casa no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, retornando de um evento ligado ao movimento negro, na Lapa. A parlamentar viajava no banco de trás do carro, quando os criminosos emparelharam com o carro da vítima e atiraram nove vezes. Além da vereadora, também morreu no ataque Anderson Gomes, que trabalhava como motorista para o aplicativo Uber e prestava serviços eventuais para Marielle. Uma assessora que também estava no carro sobreviveu ao ataque.

Por: Nathalia Amaral
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