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Ventos são causados por contraste de temperaturas

Meteorologista explica fenômeno e revela que o mês de outubro deve ser ainda mais quente no Piauí.

27/09/2017 08:28

Em pleno B-R-O-BRÓ, os teresinenses estão se deparando com vento. Esta característica climática é mais percebida das 12h às 14h e de madrugada. O motivo é um contraste de temperaturas, em que a Terra está aquecida e ao encontrar uma atmosfera mais resfriada resulta em mudanças de pressão e vento. A informação é da meteorologista Sônia Feitosa, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar). 

Hidratação e proteção são fundamentais diante de temperaturas que podem chegar aos 41ºC (Foto: Jaílson Soares/ O Dia)
A especialista informa que a ocorrência dos ventos existe sempre nesta época do ano e será intensificada quando as temperaturas ficarem mais elevadas, geralmente no final do mês outubro, já que o ar quente encontrará o ar frio de forma mais intensa. “Nesse momento, tem só um ventinho porque não tem nuvens, não está tendo essa nebulosidade; por isso, só sentimos o calor, um vento, e depois ele vai embora”, explica. 
Sônia revela ainda que os teresinenses perceberão que a cidade está ainda mais quente em outubro, quando as temperaturas devem variar entre 39ºC e 41ºC. Quando se fala na umidade relativa do ar, também não há mudança em comparação aos anos anteriores: serão valores inferiores a 20%, número considerado estado de alerta pela Organização Mundial de Saúde. 
O que contribui para queda de umidade e aumento de temperatura é a presença de uma massa de ar seca, que impede que outras massas mais frias penetrem. Essa também é a razão para não haver nuvens e, consequentemente, não ter umidade. Além disso, essa massa é quente porque nasce no continente e não no oceano. 
“Agora em setembro, as massas mais frias, que vêm do Sul do país, enfraquecem essa massa seca que está agora. A umidade da Amazônia também é um fator que obriga essa massa ir embora e é esse afastamento que vai resultar nas primeiras chuvas”, relata Sônia Feitosa. 
Chuvas 
No entanto, a previsão é que as chuvas iniciem no final de outubro e início de novembro, ainda que fracas, e se intensifiquem em dezembro. Segundo Sônia Feitosa, a incidência de precipitações pluviométricas vai aliviar as altas temperaturas e aumentar a umidade relativa do ar. A meteorologista também explica que, no final de novembro, os céus ficarão nublados e, em consequência disso, a sensação de calor aumentará. 
“Vai ficar muito abafado por causa das chuvas e aumento da umidade. Vai aumentar a sensação de abafamento, é diferente de agora, porque agora tem muito sol incidindo. O maior calor será em outubro, com temperaturas de até 41ºC e a maior sensação de calor será em novembro, pois tem um calor úmido”, explica Sônia, acrescentando que os estados do Goiás, Tocantins, Mato Grosso e parte da Bahia também sofrem com o calor. 
Desidratação por calor pode levar à queda de pressão 
O período mais quente do ano, além de aumentar a sensação de calor, também altera a forma como o corpo humano funciona. Os maiores problemas nesta época estão relacionados à desidratação e o coração é um dos órgãos que mais sofre com o calor, uma vez que os batimentos cardíacos se aceleram e a pressão sanguínea aumenta. 
A cardiologista Márcia Beatriz explica que, com a desidratação, o organismo entende que está faltando líquido no espaço intravascular e a principal consequência é aceleração dos batimentos cardíacos, resultando em taquicardia. Esse quadro pode levar à queda de pressão, conhecida como lipotimia, já que não chega a quantidade de oxigênio suficiente ao cérebro. 
Outros sinais de que o organismo está sendo afetado pelo calor é o suor frio e ânsia de vômito. Além de sintomas físicos, sensações de moleza e sonolência também são presentes em períodos de grande calor. Isso acontece porque o corpo tem temperatura entre 36ºC e 37ºC, mas a temperatura externa no B-R-O-BRÓ está em torno de 40ºC. Com o aumento da temperatura no ambiente, o corpo tenta se resfriar por meio do suor e aumenta a circulação do sangue por meio de vasodilatação. 
“O organismo pode ‘superaquecer’ e é como se precisasse desligar as funções para manter a temperatura homeostática. O corpo já funciona em uma temperatura, mas nosso meio está mais quente e ele deixa funções mais lentas. As reações enzimáticas também ficam mais lentas”, frisa a cardiologista. 
Em dias de calor extremo, Márcia Beatriz recomenda que o ideal é usar roupas leves, fazer atividades físicas no início da manhã ou final da tarde e, principalmente, manter-se hidratado. Além de beber água, a cardiologista indica que as bebidas isotônicas são importantes no período, uma vez que elas repõem os sais minerais perdidos durante a transpiração.
Edição: Virgiane Passos
Por: Letícia Santos
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