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Valencianos e teresinenses se despedem de Maria Auxiliadora Veloso Igreja

A notícia abalou familiares, amigos, a comunidade católica e as redes de filantropia das cidades de Teresina e Valença, onde Auxiliadora prestava relevantes serviços

10/04/2021 10:34

A sociedade teresinense e valenciana está de luto pela morte inesperada de Maria Auxiliadora Veloso Igreja, neste sábado (10), por volta das 9h30, em hospital particular em Teresina. Maria Auxiliadora estava internada desde março, para tratamento da covid-19, vinha respondendo bem ao tratamento, mas sofreu um acidente Vascular cerebral e veio a óbito. O sepultamento acontece no cemitério Jardim da Ressurreição, zona Leste de Teresina.

A notícia abalou familiares, amigos, a comunidade católica e as redes de filantropia das cidades de Teresina e Valença, onde Auxiliadora prestava relevantes serviços.


Origem

Nascida Maria Auxiliadora Portela Martins Veloso, na cidade de Valença do Piauí em 28 de maio de 1953, casou-se em Teresina no dia 23 de outubro de 1968, com José Luís de Paiva Igreja, diretor do Grupo O Dia. O casal teve cinco filhos: Agenor, Mara Luciana, Sávio, Paiva Igreja II (in memoriam) e Francisco de Assis Veloso (in memoriam).

Fotos: Reprodução/Portal V1/

Filha de Enide Martins Veloso e Dr. Agenor Portela Veloso, Auxiliadora Veloso era remanescente da família do Visconde da Parnaíba, Manoel de Sousa Martins. Essas informações são do livro de Kenard Kruel, intitulado "Djalma Veloso: o político e sua época". Auxiliadora era sobrinha do Djalma Veloso, que foi governador do Piauí, quando Dirceu Arcoverde se afastou do cargo para se candidatar ao Senado Federal, em 1978.


Eterna Imperatriz do Divino Espírito Santo

Klebert Viana, pároco da catedral de Teresina, conhece Maria Auxiliadora Veloso Igreja desde 2012, quando chegou a cidade de Valença do Piauí. Neste ano, Auxiliadora Veloso foi Imperatriz do Divino Espírito Santo, festa tradicional da cidade. O posto de Imperatriz do Divino Espírito Santo é ocupado por uma personalidade a cada ano.

"Ela sempre foi da igreja, envolvida com trabalhos sociais e eclesiais, aquele foi só um momento da vida dela. Porém aquele ano, que ela foi a Imperatriz do Divino, foi um divisor de águas da própria festa, porque até então, a festa era simples na sua configuração e a Dona Auxiliadora trouxe um requinte para a festa, e foi neste tempo que foi criada a Confraria do Divino Espírito Santo", relata o padre Klebert Viana.

Com o império da Auxiliadora Veloso, a festa do Divino Espírito Santo começou a ser comparada com festividades realizadas em nível nacional e mundial. Além disso, Auxiliadora Veloso contribuiu para duas obras importantes na cidade - a construção da casa Paroquial- onde ela trabalhou ativamente nas campanhas, doações e promoções, e foi essencial do alicerce até a benção do local. E também esteve presente na reforma da Igreja Matriz de Valença do Piauí, onde Maria Auxiliadora deu uma ajuda substanciosa tanto financeira, quanto nas campanhas para doações.


Sentimento maternal

Para o Padre Klebert, a morte da Maria Auxiliadora é uma perda irreparável.

O contato entre o padre Klebert Viana e Auxiliadora Veloso iniciou dentro da igreja Matriz Nossa Senhora do Ó, em Valença do Piauí, mas transcendeu para Além das atividades eclesiais. Foram nove anos de parceria, dentro e fora da igreja. Em 2020, o padre Klebert Viana foi transferido para Teresina, mas a amizade continuou forte.

"Ainda este ano tive contato com a família, eu frequentava a casa dela junto com o arcebispo Dom Jacinto Brito. Quando cheguei na paróquia da Catedral, ela também veio preparar a casa para a minha chegada. E tivemos um envolvimento extra paroquial, ela tinha um carinho filial e eu tinha um carinho maternal por ela", afirma o Padre Klebert Viana.

"Eu acho que 50% de Valença deixa de existir para mim- os outros 50% são as outras pessoas e trabalhos que tenho na cidade-, mas humanamente falando é um pedaço que se perde, de uma pessoa que se vai. Vamos tentar conviver com o que ficou, mas aquele pedaço sempre será sentido a ausência", lamenta.


Caridade e devoção

Maria Auxiliadora Veloso Igreja era devota de Nossa Senhora do Ó e, por meio de sua fé conseguia aproximar a comunidade das atividades da igreja. 

“Na igreja, ela era voltada para questão social, atendendo as pessoas que precisavam de ajuda. Se ela soubesse que alguém estava necessitando de ajuda financeira, alimentação, vestuário, saúde, ela ajudava e mediava para que outras pessoas também ajudassem”, diz Antônio José.

A sua devoção ao Divino Espírito Santo, também, é algo admirado pela população de Valença. Além disso, segundo o historiador Antônio José, Maria Auxiliadora tem uma ligação com a parte histórica do município.

“Ela participava de todos os movimentos da igreja em Valença e em outras cidades, quando solicitada como madrinha da Festa. Como uma pessoa da Cultura, reativou o Centro Histórico da cidade, a arquitetura dos casarões típicos e deu novo ar a decoração natalina da praça, em frente à Rua Cineas Veloso. Sua simplicidade era um exemplo de vida, incapaz de não socorrer alguém quando solicitada. Tudo isso com o apoio do esposo Dr. Jose Igreja”, descreve Antônio José.


Filantropia e amor ao próximo

Maria Auxiliadora Veloso Igreja era integrante do Grupo de Assistência aos Não Favorecidos (Granf), um clube de cunho filantrópico do Estado, atualmente o grupo conta com 25 sócias. A notícia da morte de Auxiliadora Veloso deixou as amigas estarrecidas.

Mirna Ribeiro, presidente do Granf, conta que o momento é difícil, mais ainda é aceitar a ausência de Auxiliadora em sua vida.  

"Despedir-se de uma pessoa a quem se pode chamar de amiga, é muito difícil, mais ainda aceitar a sua ausência na nossa vida. Era isso o que a Auxiliadora representava para mim: uma amiga de todas as horas, aquela que morava no lado esquerdo do meu peito", conta. 

"Auxiliadora era aquela pessoa de sorriso fácil, uma mulher sensível, elegante e fidalga em todas as ocasiões,  solidária e disponível para os amigos e para as causas sociais e religiosas a quem abraçava com muita devoção. 

Foi sócia do Granf Clube, onde também já exerceu a presidência e sempre se destacou por suas ações voltadas à beneficência . Muito religiosa, tinha espírito simples e humilde mas sabia exercer a arte de bem receber com sofisticação e bom gosto incomparáveis. Sempre iremos lembrar com saudade  das maravilhosas reuniões do clube,  que ela nos oferecia no seu apto, regadas a alegria, e fartas opções de "comes e bebes" especiais.

Lembrando do seu jeito meigo e rosto angelical,  digo com segurança:  ela não só parecia um anjo,  ela foi um anjo de bondade na terra,  onde veio semear amor, fraternidade e generosidade. Com certeza, hoje o céu está  mais iluminado com a sua presença!", completou Mirna. 

Tânia Miranda, amiga de longa data e também é sócia do Granf descreve Auxiliadora Igreja como uma pessoa simples, elegante, generosa e inspiradora. “O sentimento é de profunda tristeza e dor. Nunca estamos preparados para perder alguém. Auxiliadora é minha amiga, madrinha e companheira de clube. A memória dela permanecerá viva nos nossos corações. Que Deus, em sua infinita bondade, conforte o coração de Paiva Igreja, filhos, netos e demais familiares nesse momento tão difícil. Amaremos você para sempre”, escreveu a Tânia Miranda.


Júlia Ramalho, Tânia Miranda e Auxiliadora Igreja em solenidade do Granf Clube

Júlia Ramalho, sócia do Granf, lamentou a morte da Auxiliadora Veloso, e disse que com ela aprendeu sobre alegria, elegância, compromisso, solidariedade, disponibilidade, família e religião. “Foi um grande prazer usufruir de sua amizade durante esses longos”, revelou a amiga e admiradora. Será difícil saber que não teremos a presença agradável, sempre com elogios sinceros. Mesmo diante de seus momentos difíceis, ela tinha um gesto de apoio para nos elevar. Lá de cima, ela poderá cuidar da harmonia de sua família, e do bem-estar do seu amado Zé, diz Júlia Ramalho.

Roberta Rocha é jornalista e foi apadrinhada por Auxiliadora Veloso, quando de sua entrada no Granf Clube. A jornalista revelou que é difícil acreditar na partida da amiga e companheira de trabalho assistencial. “Auxiliadora foi uma das minhas madrinhas e era querida por todos, elegante, educada, sabia receber com fidalguia. Estamos todas de luto e com uma profunda tristeza. Que Deus a receba em sua morada, que ela esteja em paz”, diz Roberta.

Anna Andrade, sócia do Granf e amiga de Auxiliadora Veloso, disse que a dor da perda está dilacerando seu coração. “Cada dia, cada hora, estou perdendo uma pessoa querida e insubstituível. Chega meu Deus! Meus olhos estão secando, cansados de tanto chorar, meu coração está partido. Chega Senhor! Chega de tantas perdas irreparáveis. Tem pena de nós. Nos alivia de tão grande sofrimento. Te pedimos Senhor”, súplica Anna Andrade.

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