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Vacinação é a única forma de combater a raiva, alerta veterinário

Imunização é específica para o animal, mas a prevenção também beneficia as pessoas que têm contato com ele.

28/09/2017 08:23

Apesar de controlada, a raiva é uma infecção viral mortal que pode ser adquirida por qualquer mamífero e, por isso, deve ser prevenida. A vacinação dos animais domésticos é a única forma de combater a doença, que pode acometer também os seres humanos. Como a vacinação é específica para o animal, ela é imprescindível, pois, ao vacinar seu cão ou gato, a prevenção também beneficia aqueles que têm contato com ele. 
E no Dia Internacional de Combate à Raiva, comemorado hoje (28), o veterinário Raimundo Neto frisa a importância de os donos de animais domésticos levarem seus bichinhos para serem imunizados todos os anos, pois a vacina tem validade de 12 meses. 

Silvana Borges não descuida do calendário de vacinação dos seus cachorros (Foto: Moura Alves/ O Dia)

“O perigo maior são os animais de periferia, em especial da zona rural. Porque nesses locais têm os morcegos, que podem ter raiva e transmitir para o cão através da picada. Aqui no Piauí, teve o caso de um homem que pegou raiva em Parnaíba. Ele contraiu a doença através da mordida de um soim que criava em casa, levou na brincadeira, não quis tomar as medidas de tratamento e morreu. É raro, mas existe”, explica. 
Raimundo Neto afirma que o aparecimento da doença em um cão, nos dias de hoje, é um atraso na Veterinária, pois a vacinação é muito eficiente. Ele explica que, quando surge um caso, a equipe de saúde faz todo um círculo de barreiras no local em que aconteceu, avaliando e tratando todas as pessoas que chegaram a ter contato com o animal, para prevenir que a doença atinja mais alguém. 
Prova de amor 
Este ano, a campanha de vacinação antirrábica, em Teresina, acontece sábado (30), nos bairros da zona Norte e Leste, e no sábado seguinte (7) nas regiões Sul e Sudeste da Capital. Ao todo, serão cerca de 130 postos de vacinação espalhados pela cidade. “As pessoas devem fazer um esforço para levar seus cães e gatos que tenham mais de três meses de vida, porque é a única forma de combater a doença e impedir que ela possa atingir os animais e, consequentemente, os seres humanos”, enfatiza Raimundo Neto. 
A vendedora Silvana Borges tem um cachorro de sete anos e afirma que tem sempre o cuidado de vaciná-lo. Para ela, a vacinação é uma demonstração de preocupação com a saúde do animal e com a da família também. “Tenho crianças em casa e é essencial que ele esteja protegido. A campanha desse ano está chegando e com certeza estaremos lá para imunizá-lo. Afinal, é uma proteção para ele e para nós”, comenta. 
 Vacina no homem tem efeito colateral 
A vacina contra a raiva deve ser evitada pelos seres humanos, por conta dos seus efeitos colaterais. A imunização pode causar meningite, encefalite e outros problemas; por isso, não deve ser tomada de imediato. O ideal é tomar um soro após a mordida de um cão que seja de sua convivência e aguardar dez dias para saber se o animal morreu ou não. Caso isso não aconteça, a pessoa não deve se preocupar, nem tomar a vacina. 
Quando o animal é de rua e desconhecido, é importante que, mesmo com os efeitos, a pessoa adquira a imunização. As mordidas próximas ao cérebro são ainda mais perigosas. O vírus viaja da ferida até o cérebro, onde causa inchaço ou inflamação. Sendo assim, quanto mais perto, mais rápido o vírus vai agir. 
“Nesse caso, é porque é um cinturão de bloqueio para evitar que a doença se alastre. É uma forma do governo evitar a barreira. A doença é fatal, por isso, é uma doença que assusta. O ser humano com raiva tem que ficar internado, isolado e dopado, porque a pessoa fica em um estado onde ninguém pode entrar em contato com ela”, explica. 
Doses em Teresina 
A vacina antirrábica está disponível na rede do Centro Zoonoses durante todo o ano. Porém, os dois dias da campanha fazem parte de ações de conscientização e também servem para a vacinação em massa. A gerente do Centro, Oriana Lima, ressalta que pessoas que estejam viajando durante a campanha, ou que adquiram um cachorro após as datas destinadas à vacinação, podem procurar o Centro de Zoonoses, com os animais e a carteira de vacinação (para os que têm), e solicitar a imunização, que será feita na hora. 
O último caso de raiva em seres humanos em Teresina foi em 1986. Já o último caso de raiva canina foi em 2011, em um cão proveniente do interior do Estado, cujo proprietário é residente de Teresina. 
 Sintomas e diagnóstico da doença 
A raiva é transmitida aos animais por meio de mordida ou picada de outro animal já contaminado, ou ainda pelo contato do vírus com uma região da pele que esteja lesionada. Da mesma forma é a transmissão para os seres humanos, só que geralmente eles contraem a doença pelos animais domésticos. Como os animais silvestres, morcegos hematófagos, raposas, macacos e soins são os mais propícios a terem a doença, o veterinário Raimundo Neto orienta que as pessoas evitem criar esses tipos de animais ou deixarem seus cães ou gatos em contato com eles. 
O diagnóstico da doença só pode ser feito com o animal morto, os veterinários abrem o cérebro do cão e fazem a análise; por conta disso, o diagnóstico é difícil, não dá para saber antes. “Às vezes, o animal morre em casa e ninguém leva ele para o diagnóstico, aí o local da casa está contaminado, a pessoa não sabe, não toma as precauções necessárias e pode até ter contraído a doença e morrer também”, ressalta o veterinário. 
No entanto, há alguns sintomas e comportamentos que indicam a possível infecção viral. Geralmente, os cachorros que são contagiados com o vírus ficam com pavor de água, apresentam paralisia mandibular, o que consequentemente faz eles parar de beber e de comer, ficam medo de escuridão, se isolam, apresentam hábito de agressividade com as pessoas e babam bastante. 
“Um animal que pegou raiva é um animal que não vive muito, com dez dias ele morre. Se você foi mordido por um cachorro, por exemplo, a pessoa tem que observar dez dias e, após a morte do animal, tomar as precauções, que é o soro e a vacina. Mas se ele não morreu, não precisa se preocupar que ele não tinha raiva”, explica o veterinário.
Edição: Virgiane Passos
Por: Karoll Oliveira
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