Apesar de controlada, a raiva
é uma infecção viral mortal
que pode ser adquirida por
qualquer mamífero e, por isso,
deve ser prevenida. A vacinação dos animais domésticos
é a única forma de combater
a doença, que pode acometer
também os seres humanos.
Como a vacinação é específica
para o animal, ela é imprescindível,
pois, ao vacinar seu
cão ou gato, a prevenção também
beneficia aqueles que
têm contato com ele.
E no Dia Internacional de
Combate à Raiva, comemorado
hoje (28), o veterinário Raimundo Neto frisa a
importância de os donos de
animais domésticos levarem
seus bichinhos para serem
imunizados todos os anos,
pois a vacina tem validade de
12 meses.
Silvana Borges não descuida do calendário de vacinação dos seus cachorros (Foto: Moura Alves/ O Dia)
“O perigo maior são os animais
de periferia, em especial
da zona rural. Porque nesses
locais têm os morcegos, que
podem ter raiva e transmitir
para o cão através da picada.
Aqui no Piauí, teve o caso de
um homem que pegou raiva
em Parnaíba. Ele contraiu a
doença através da mordida de um soim que criava em casa,
levou na brincadeira, não quis
tomar as medidas de tratamento
e morreu. É raro, mas
existe”, explica.
Raimundo Neto afirma que
o aparecimento da doença em
um cão, nos dias de hoje, é um
atraso na Veterinária, pois a
vacinação é muito eficiente.
Ele explica que, quando surge
um caso, a equipe de saúde faz
todo um círculo de barreiras
no local em que aconteceu,
avaliando e tratando todas as
pessoas que chegaram a ter
contato com o animal, para
prevenir que a doença atinja
mais alguém.
Prova de amor
Este ano, a campanha de
vacinação antirrábica, em Teresina,
acontece sábado (30),
nos bairros da zona Norte e
Leste, e no sábado seguinte
(7) nas regiões Sul e Sudeste
da Capital. Ao todo, serão
cerca de 130 postos de vacinação
espalhados pela cidade.
“As pessoas devem fazer
um esforço para levar seus
cães e gatos que tenham mais
de três meses de vida, porque
é a única forma de combater
a doença e impedir que ela
possa atingir os animais e,
consequentemente, os seres
humanos”, enfatiza Raimundo
Neto.
A vendedora Silvana Borges
tem um cachorro de sete anos
e afirma que tem sempre o
cuidado de vaciná-lo. Para ela,
a vacinação é uma demonstração
de preocupação com a
saúde do animal e com a da família
também. “Tenho crianças em casa e é essencial que
ele esteja protegido. A campanha
desse ano está chegando e
com certeza estaremos lá para
imunizá-lo. Afinal, é uma proteção
para ele e para nós”, comenta.
Vacina no
homem tem
efeito colateral
A vacina contra a raiva deve
ser evitada pelos seres humanos,
por conta dos seus efeitos
colaterais. A imunização
pode causar meningite, encefalite
e outros problemas; por
isso, não deve ser tomada de
imediato. O ideal é tomar um
soro após a mordida de um
cão que seja de sua convivência
e aguardar dez dias para
saber se o animal morreu ou
não. Caso isso não aconteça, a
pessoa não deve se preocupar,
nem tomar a vacina.
Quando o animal é de rua
e desconhecido, é importante
que, mesmo com os efeitos, a
pessoa adquira a imunização.
As mordidas próximas ao cérebro são ainda mais perigosas.
O vírus viaja da ferida até
o cérebro, onde causa inchaço
ou inflamação. Sendo assim,
quanto mais perto, mais rápido
o vírus vai agir.
“Nesse caso, é porque é um
cinturão de bloqueio para evitar
que a doença se alastre. É
uma forma do governo evitar
a barreira. A doença é fatal,
por isso, é uma doença que
assusta. O ser humano com
raiva tem que ficar internado,
isolado e dopado, porque
a pessoa fica em um estado
onde ninguém pode entrar
em contato com ela”, explica.
Doses em Teresina
A vacina antirrábica está
disponível na rede do Centro
Zoonoses durante todo o ano.
Porém, os dois dias da campanha
fazem parte de ações de
conscientização e também servem
para a vacinação em massa.
A gerente do Centro, Oriana
Lima, ressalta que pessoas
que estejam viajando durante
a campanha, ou que adquiram
um cachorro após as datas destinadas
à vacinação, podem
procurar o Centro de Zoonoses,
com os animais e a carteira
de vacinação (para os que
têm), e solicitar a imunização,
que será feita na hora.
O último caso de raiva em
seres humanos em Teresina foi
em 1986. Já o último caso de
raiva canina foi em 2011, em
um cão proveniente do interior
do Estado, cujo proprietário é
residente de Teresina.
Sintomas e diagnóstico da doença
A raiva é transmitida aos
animais por meio de mordida
ou picada de outro animal
já contaminado, ou ainda
pelo contato do vírus com
uma região da pele que esteja
lesionada. Da mesma forma
é a transmissão para os seres
humanos, só que geralmente
eles contraem a doença pelos
animais domésticos. Como
os animais silvestres, morcegos
hematófagos, raposas,
macacos e soins são os mais
propícios a terem a doença, o veterinário Raimundo
Neto orienta que as pessoas
evitem criar esses tipos de
animais ou deixarem seus
cães ou gatos em contato
com eles.
O diagnóstico da doença
só pode ser feito com o animal
morto, os veterinários
abrem o cérebro do cão e
fazem a análise; por conta
disso, o diagnóstico é difícil, não dá para saber antes.
“Às vezes, o animal morre
em casa e ninguém leva ele
para o diagnóstico, aí o local
da casa está contaminado, a
pessoa não sabe, não toma
as precauções necessárias
e pode até ter contraído a
doença e morrer também”,
ressalta o veterinário.
No entanto, há alguns sintomas
e comportamentos
que indicam a possível infecção
viral. Geralmente, os
cachorros que são contagiados
com o vírus ficam com
pavor de água, apresentam
paralisia mandibular, o que
consequentemente faz eles
parar de beber e de comer,
ficam medo de escuridão, se
isolam, apresentam hábito
de agressividade com as pessoas
e babam bastante.
“Um animal que pegou raiva
é um animal que não vive
muito, com dez dias ele morre.
Se você foi mordido por
um cachorro, por exemplo,
a pessoa tem que observar
dez dias e, após a morte do
animal, tomar as precauções,
que é o soro e a vacina. Mas
se ele não morreu, não precisa
se preocupar que ele não
tinha raiva”, explica o veterinário.
Edição: Virgiane PassosPor: Karoll Oliveira