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Uso de produtos piratas traz riscos à saúde

Cigarro falsificado, por exemplo, tem mais substâncias prejudiciais que o legalizado, como restos de insetos, pelos de animais e metais cancerígenos.

15/07/2017 08:48

Tiago Monteles é representante de vendas e revela que a atual crise econômica o leva a adquirir réplicas de produtos. “Já prezei muito por marca, mas hoje eu busco algo que me satisfaz e tem um preço acessível e isso mudou devido ao momento de crise. Eu, particularmente, prefiro o original, mas hoje estou levando réplica porque o preço me convém”, explica o consumidor ao comprar um óculos escuro ‘pirata’. 
A realidade de Tiago é a mesma de uma grande parcela da população, que se sente atraída pelos preços das imitações, que chegam a ser 100% mais baratos que os originais. No entanto, mesmo sendo mais econômico, a depender do tipo de produto, os prejuízos para a saúde pública podem ser enormes, visto que as réplicas, como as de óculos e sapatos, não oferecem as mesmas garantias que os produtos originais. Além disso, fazer circular produtos piratas é cometer crime contra a ordem tributária, uma vez que os impostos devidos não são pagos ao país, fazendo da venda um contrabando e prejudicando a indústria nacional, já que consiste em uma concorrência desleal. 

Exemplo 

O consumo do cigarro pirata, por exemplo, cresceu em função do aumento dos impostos, que ficaram mais caros para cigarros legalizados. Como o cigarro vicia, as pessoas recorrem ao mercado pirata por oferecerem preços mais acessíveis. Levando em conta que o cigarro por si só já traz inúmeros malefícios, é preciso estar atento e ciente dos problemas ocasionados pelo consumo do produto ilegal, visto que os riscos são ainda maiores. 

Teor de nicotina chega a ser 20 vezes maior em cigarro pirata (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

De acordo com o clínico geral Eugênio Castro, foi comprovado, por meio de uma pesquisa comparativa, que o cigarro pirata tem mais substâncias prejudiciais que os legalizados. Tais substâncias vão desde restos de insetos, areia, pelos de animais, metais cancerígenos em ní- veis aumentados, como o chumbo e outros metais extremamente tóxicos, a exemplo do níquel e manganês, que são associados a várias doenças como problemas pulmonar, bronquite, câncer, entre outras. 
“O cigarro pirata não tem a mesma regra de fabricação do cigarro legalizado. Então, é bem mais perigoso. A própria quantidade de nicotina, substância com alta capacidade de provocar o vício, é de 10 a 20 vezes maior do que em um produto normal vendido no Brasil”, ressalta o médico. 
Tênis pirata provoca desgaste precoce nas articulações 
Os tênis piratas são baratos, porém trazem problemas para as articulações do corpo. A principal função do tênis é diminuir o impacto das atividades físicas e, ao comprar uma réplica, além da pouca durabilidade, ele também pode desgastar as articulações dos joelhos, tornozelos, coluna e quadris, trazendo complicações. De acordo com o ortopedista Gerardo Vasconcelos, os prejuízos trazidos pelas falsificações saem mais caros do que comprando tênis originais. 
“As principais características dessas lesões são degastes, perda da lubrificação, perda da função, problemas no disco vertebral da coluna e dos meniscos, estruturas de tecido fibrocartilaginoso do joelho e fraturas por estresse, de sobrecargas. Com as lesões, o usuário terá muitos mais prejuízos à saúde e gastará para se recuperar. Dessa forma, comprar a réplica é mais caro do que se fizer um investimento em um produto de qualidade”, explica. 
Segundo o especialista, o material utilizado nos tênis falsificados não tem a mesma capacidade de impacto e tão pouco a mesma durabilidade. O tênis comum dura em torno de 6 meses para pratica diária de atividade física e cerca de 500km para corrida. Já o tênis pirata dura cerca de 30 dias, porque o amortecimento não sustenta o impacto das atividades. 
Dicas 
Ao comprar um tênis, a primeira coisa que deve ser observada é a adequação do produto para o tipo de pisada; depois, é preciso analisar a qualidade do produto para a atividade física específica que será realizada utilizando o tênis. “Tem gente que tem pé com cava e outros que não têm, que são os que têm uma pisada pronada, existem tênis próprios para pés pronados. Ao verificar sua pisada, deve- -se olhar a adequação do tênis à atividade física desejada. Um tênis de corrida é diferente de um tênis para futsal ou musculação. Você tem que determinar a atividade que você deseja”, orienta o ortopedista. 
As recomendações são as mesmas para tênis infantis e devem ser ainda mais observadas. Crianças menores ainda não estabeleceram sua marcha, então é preciso analisar também a orientação dos pés. Têm crianças com pés voltados para dentro ou para fora, estas devem ter um acompanhamento ortopédico. A partir da orientação, a pessoa deve para comprar o tênis adequado para o desenvolvimento da marcha da criança. 
Gerardo sugere ainda que a pessoa compre tênis em lojas renomadas, pois havendo algum problema, existe a possibilidade de trocar o tênis. Segundo ele, mesmo os originais podem vir com problemas de amortecimento. 
Óculos pirata causam danos à saúde do olho 
Enquanto um óculos de marca custa em torno de R$600; o preço de uma réplica custa de R$20 a R$50. Essa disparidade é um grande atrativo para que a população prefira o óculos pirata ao original. No entanto, a má qualidade desses produtos traz danos sérios à saúde do olho. De acordo com o oftalmologista José Herculano, além de ele não ter uma proteção adequada, por ser escuro, também intensifica a passagem de raios ultra violetas na região ocular. 

Lentes piratas não protegem contra os raios ultravioletas (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

“Os óculos escuros falsificados não dão garantia de proteção contra os raios ultravioletas, que é a principal função desses produtos, quando originais. Por ser com lente escura, o espectro de luz que chega ao olho da pessoa é reduzido e, por isso, a pupila dela fica mais dilatada. Como o óculos não tem a devida proteção, os raios ultravioleta entram com muito mais facilidade no interior do olho, acelerando o processo de formação de doenças oculares, como catarata e doenças relacionadas à retina”, explica. 
O oftalmologista recomenda que as pessoas não façam uso das réplicas de óculos e fiquem atentas aos óculos originais comprados, para evitarem ser enganadas. “A pessoa deve estra atenta à estrutura, formato e qualidade do óculos. Às vezes, é difícil identificar o óculos pirata porque as cópias estão com aspecto externo muito parecido com o original. O certo mesmo é procurar procedentes de confiança e averiguar o certificado de garantia do óculos, que, às vezes, é impresso para o cliente. Além disso, ele também pode levar ao seu oftalmologista, porque lá ele pode fazer a verificação”, recomenda. 
O profissional também alerta para o formato das lentes. Segundo ele, o recomendado são lentes mais extensas. “As lentes pequenas facilitam a exposição lateral dos olhos aos raios ultravioletas. A luz lateral pode incidir na pálpebra, nos olhos e causar problema. Esse formato inadequado aliado à má qualidade do óculos traz ainda mais danos”, enfatiza. 
Graus e cores das lentes 
Quando se trata de pessoas que usam óculos escuro com lentes de grau, é preciso observar se a lente utilizada na armação se encaixa de forma adequada. Há óculos esportivos que, dependendo do modelo, podem não servir ao uso de determinada nuanças de graus. 
Quanto às cores das lentes, existe uma variedade de opções, desde o preto ao verde- -claro, o fato de algumas serem mais claras não significa que têm menos proteção. “Os óculos podem ter cores azuladas, amareladas, mas independente disso tem que se verificar se tem a proteção ultravioleta. As cores podem ser usadas para melhorar a percepção de contraste em determinadas doenças, principalmente relacionado a retina”, explica José Herculano.
Por: Karoll Oliveira
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