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Aniversário de Teresina, um novo olhar sobre a Capital

A pandemia fez com que a cidade se resumisse à residência, resultando em descobertas e em transformação da relação de cada um com sua moradia

16/08/2020 08:40

Evandro se emociona ao falar das descobertas de significados nunca imaginados em sua moradia (Foto: Jailson Soares/ODIA)

De volta ao começo, uma redescoberta do ninho ou mesmo uma certeza de ser pertencente àquele espaço, que antes não passava de quatro paredes e um telhado - refúgio da chuva, do sol e do medo de estar vulnerável a acontecimentos em caminhos sem fim pela extensão da cidade. Teresina é minha casa, minha casa é Teresina: essas frases se entrelaçam indizivelmente, após um novo olhar sobre o que realmente importa nesses tempos de pandemia do novo coronavírus. 

“Minha casa é meu castelo, o meu reino, o meu bem maior, o meu estar!”. A entusiástica exclamação é do técnico em Enfermagem Evandro Coutinho Costa, que se emociona ao falar das descobertas de significados nunca imaginados em sua moradia. Como arguto explorador, ele conseguiu agregar ao que era apenas um simples local de retorno para fazer refeições e dormir, algo de precioso, de indispensável à sua sobrevivência, também agente de transformação do seu relacionamento com a mãe.


“A minha rotina era como qualquer outra de um trabalhador comum: acordava, tomava café, almoçava, trabalhava, jantava e à noite me sentava para assistir a algum programa de TV. Era algo mecânico, sem emoção. Com a pandemia, por passar mais tempo em casa, mesmo trabalhando no HGV, pude descobrir a maravilha que é minha casa, meu quarto, meu quintal! Moro aqui há 31 anos e só agora pude desfrutar do bem-estar que é minha casa,da extensão do meu quintal – que me era desconhecida, o meu castelo encantado!”, ressalta Evandro, lembrando que o conforto descoberto o fez ler mais livros, até então empoeirados na estante, e acender amor imensurável para com sua mãe.

O pôr do sol da capital piauiense

Uma reverência à cidade, um agradecimento a Deus. Assim a representante comercial Laura Marques resume o novo olhar que passou a ter do pôr do sol visto da sacada de seu apartamento: “Nunca tinha percebido que tudo é tão bonito, que minha sacada pudesse me oferecer espetáculo tão grandioso, o pôr do sol de Teresina!”, observa, acrescentando que esse isolamento social, vivido em razão da pandemia do novo coronavírus, a fez acreditar que se pode ser muito feliz sabendo aproveitar cada instante, cada pedaço do local habitado. “Precisou essa pandemia para que eu me voltasse para minhas coisas, para meu apartamento que agora, mais do que nunca, passei a amar muito, muito mesmo!”, diz.

A culinária foi outro item que sofreu mudanças na vida de Laura Marques: “Antes, eu me alimentava simplesmente, mas hoje sinto mais o sabor da comida”, assinala, enquanto prepara seu almoço com uma dedicação desconhecida até então: “Adoro minha cozinha, agora tenho um olhar diferente para esse espaço que antes era apenas uma ‘cozinha’. As rosas e a pequena horta também cresceram de importância nesse momento de isolamento. Hoje, tudo para mim é felicidade. Curto meu apartamento como nunca, agradeço a Deus a todo instante e me sinto abençoada”, conclui


Mudanças na vida 

Estudante do curso de Direito, Ricardo Soares Oliveira também viu aparecer mudanças em sua vida, em decorrência do isolamento social: “Acho que a principal delas foi mesmo aproveitar mais tempo o quintal de minha casa, o que era muito difícil em razão das minhas atividades escolares, da própria rotina no lar ao lado de meus imaginados em sua moradia. Como arguto explorador, ele conseguiu agregar ao que era apenas um simples local de retorno para fazer refeições e dormir, algo de precioso, de indispensável à sua sobrevivência, também agente de transformação do seu relacionamento com a mãe.


 “A minha rotina era como qualquer outra de um trabalhador comum: acordava, tomava café, almoçava, trabalhava, jantava e à noite me sentava para assistir a algum programa de TV. Era algo mecânico, sem emoção. Com a pandemia, por passar mais tempo em casa, mesmo trabalhando no HGV, pude descobrir a maravilha que é minha casa, meu quarto, meu quintal! Moro aqui há 31 anos e só agora pude desfrutar do bem-estar que é minha casa, da extensão do meu quintal – que me era desconhecida, o meu castelo encantado!”, ressalta Evandro, lembrando que o conforto descoberto o fez ler mais livros, até então empoeirados na estante, e acender amor imensurável para com sua mãe. O pôr do sol da capital piauiense pais. Na realidade, a maioria das vezes eu aproveitei o espaço somente em reuniões com amigos e em família, algo bem distante do que acontece nos dias de hoje, quando, diariamente, ando pelo quintal, brinco mais tempo com meu cachorro, escuto músicas, leio livros, ao mesmo tempo em que fico a admirar a natureza, as árvores ao redor, o canto dos pássaros”, explica.

“Eu poderia dizer que estou curtindo mais a natureza. Mas até dentro das quatro paredes de casa houve mudança, passei a ajudar na cozinha, lavar as louças sem reclamar e fazer outras tarefas, bem como valorizar mais meus momentos, minhas leituras – que agora passei a fazer também no quintal, um cantinho todo especial que descobri com esse isolamento social. É claro que tenho saudades dos amigos, até mesmo da sala de aula, mas tenho esperança de que essa pandemia passará e poderei voltar ao convívio com os amigos", mas vai continuar admirando a vista de sua janela valorizando suas descobertas em casa.


Edição: Virgiane Passos
Por: Marco Antônio Vilarinho
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