Evandro se emociona ao falar das descobertas de significados nunca imaginados em sua moradia (Foto: Jailson Soares/ODIA)
De volta ao começo, uma redescoberta do ninho ou mesmo uma certeza de ser pertencente àquele espaço, que antes não passava de quatro paredes e um telhado - refúgio da chuva, do sol e do medo de estar vulnerável a acontecimentos em caminhos sem fim pela extensão da cidade. Teresina é minha casa, minha casa é Teresina: essas frases se entrelaçam indizivelmente, após um novo olhar sobre o que realmente importa nesses tempos de pandemia do novo coronavírus.
“Minha casa é meu castelo, o meu reino, o meu bem maior, o meu estar!”. A entusiástica exclamação é do técnico em Enfermagem Evandro Coutinho Costa, que se emociona ao falar das descobertas de significados nunca imaginados em sua moradia. Como arguto explorador, ele conseguiu agregar ao que era apenas um simples local de retorno para fazer refeições e dormir, algo de precioso, de indispensável à sua sobrevivência, também agente de transformação do seu relacionamento com a mãe.
“A minha rotina era como qualquer outra de um trabalhador comum: acordava, tomava café, almoçava, trabalhava, jantava e à noite me sentava para assistir a algum programa de TV. Era algo mecânico, sem emoção. Com a pandemia, por passar mais tempo em casa, mesmo trabalhando no HGV, pude descobrir a maravilha que é minha casa, meu quarto, meu quintal! Moro aqui há 31 anos e só agora pude desfrutar do bem-estar que é minha casa,da extensão do meu quintal – que me era desconhecida, o meu castelo encantado!”, ressalta Evandro, lembrando que o conforto descoberto o fez ler mais livros, até então empoeirados na estante, e acender amor imensurável para com sua mãe.
O pôr do sol da capital piauiense
Uma reverência à cidade, um
agradecimento a Deus. Assim a
representante comercial Laura
Marques resume o novo olhar
que passou a ter do pôr do sol
visto da sacada de seu apartamento: “Nunca tinha percebido que tudo é tão bonito, que
minha sacada pudesse me oferecer espetáculo tão grandioso, o pôr do sol de Teresina!”,
observa, acrescentando que
esse isolamento social, vivido
em razão da pandemia do novo
coronavírus, a fez acreditar que
se pode ser muito feliz sabendo
aproveitar cada instante, cada
pedaço do local habitado. “Precisou essa pandemia para que
eu me voltasse para minhas
coisas, para meu apartamento
que agora, mais do que nunca, passei a amar muito, muito
mesmo!”, diz.
A culinária foi outro item que
sofreu mudanças na vida de
Laura Marques: “Antes, eu me
alimentava simplesmente, mas
hoje sinto mais o sabor da comida”, assinala, enquanto prepara
seu almoço com uma dedicação
desconhecida até então: “Adoro
minha cozinha, agora tenho um
olhar diferente para esse espaço
que antes era apenas uma ‘cozinha’. As rosas e a pequena horta
também cresceram de importância nesse momento de isolamento. Hoje, tudo para mim
é felicidade. Curto meu apartamento como nunca, agradeço a
Deus a todo instante e me sinto
abençoada”, conclui
Mudanças na vida
Estudante do curso de Direito, Ricardo Soares Oliveira também viu aparecer mudanças em sua vida, em decorrência do isolamento social: “Acho que a principal delas foi mesmo aproveitar mais tempo o quintal de minha casa, o que era muito difícil em razão das minhas atividades escolares, da própria rotina no lar ao lado de meus imaginados em sua moradia. Como arguto explorador, ele conseguiu agregar ao que era apenas um simples local de retorno para fazer refeições e dormir, algo de precioso, de indispensável à sua sobrevivência, também agente de transformação do seu relacionamento com a mãe.
“A minha rotina era como
qualquer outra de um trabalhador comum: acordava, tomava café, almoçava,
trabalhava, jantava e à noite
me sentava para assistir a
algum programa de TV. Era
algo mecânico, sem emoção.
Com a pandemia, por passar
mais tempo em casa, mesmo
trabalhando no HGV, pude
descobrir a maravilha que é
minha casa, meu quarto, meu
quintal! Moro aqui há 31 anos
e só agora pude desfrutar do
bem-estar que é minha casa,
da extensão do meu quintal
– que me era desconhecida, o
meu castelo encantado!”, ressalta Evandro, lembrando que
o conforto descoberto o fez
ler mais livros, até então empoeirados na estante, e acender amor imensurável para
com sua mãe.
O pôr do sol da capital piauiense
pais. Na realidade, a maioria
das vezes eu aproveitei o espaço
somente em reuniões com amigos e em família, algo bem distante do que acontece nos dias
de hoje, quando, diariamente,
ando pelo quintal, brinco mais
tempo com meu cachorro, escuto músicas, leio livros, ao
mesmo tempo em que fico a
admirar a natureza, as árvores
ao redor, o canto dos pássaros”,
explica.
“Eu poderia dizer que estou
curtindo mais a natureza. Mas
até dentro das quatro paredes
de casa houve mudança, passei a ajudar na cozinha, lavar
as louças sem reclamar e fazer
outras tarefas, bem como valorizar mais meus momentos, minhas leituras – que agora passei
a fazer também no quintal, um
cantinho todo especial que descobri com esse isolamento social. É claro que tenho saudades
dos amigos, até mesmo da sala
de aula, mas tenho esperança
de que essa pandemia passará e
poderei voltar ao convívio com
os amigos", mas vai continuar admirando a vista de sua janela valorizando suas descobertas em
casa.
Por: Marco Antônio Vilarinho