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Um litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água

O óleo descartado de forma incorreta também pode prejudicar o solo. Por isso, deve-se atentar para o uso racional da substância

26/10/2019 08:30

O alerta feito pelo descarte de resíduos sólidos, não é menos impactante quando o assunto é o óleo de cozinha. O produto usado principalmente para fritar alimentos está presente em praticamente todas as residências, bares e restaurantes e é composto por substâncias insolúveis em água (lipídeos). Infelizmente, seu descarte nemsempre é feito corretamente, causando prejuízos imensuráveis ao meio ambiente. 

Ao mensurar o impacto, as contas assustam: um litro de óleo pode poluir cerca de um milhão de litros de água. Essa quantidade de água é o que uma pessoa pode consumir, aproximadamente, ao longo de 14 anos de sua vida.

Paulo Ronaldo Sousa Teixeira, professor doutor do Instituto Federal do Piauí (IFPI), explica que o óleo despejado na rede pública causa prejuízos múltiplos.

Paulo Ronaldo explica que o óleo despejado na rede pública causa prejuízos múltiplos. Foto: Jailson Soares 

“Um dos problemas mais corriqueiros é que o óleo despejado entra na tubulação e vai poluir algum afluente, algum rio. Ele não é miscível em água, ou seja, não se mistura com facilidade e, pela diferença de densidade, o óleo também é mais leve e tende a ficar submerso nos rios formando uma película que desfavorece o meio ambiente. A entrada de luz é prejudicada e essa entrada de luz deficiente provoca uma série de reações como, por exemplo, a impossibilidade da fotossíntese. Não tendo produção de oxigênio, a tendência é ter muita morte de peixes e essa película formada precisa de muito tempo para se degradar, agente estima que um quilo de óleo passa 14 anos na natureza”, alerta o pesquisador.

Além disso, o óleo despejado nas tubulações com outros dejetos tende a se impregnar nas paredes do sistema de esgotamento. “Ao invés de lidar com um problema, que é o prejuízo que esse óleo causa no meio ambiente, lidamos com dois: para livrar o encanamento da obstrução vão ser usados produtos químicos, que são os detergentes, e isso vai criar mais sujeira, gasto e demanda de tempo”, explica o professor.

Da mesma forma que prejudica as estruturas da cidade, os mananciais, o óleo descartado de forma incorreta também pode prejudicar o solo. Por isso, o professor alerta para o uso racional da substância, além da utilização para a transformação do produto, que pode ser convertido, mesmo depois de já ser utilizado, em itens como: sabão, tintas e até biodiesel.

Usado de forma correta, produto gera lucro e renda

Para tentar amenizar o impacto que o óleo de cozinha pode causar na natureza, por conta do descarte incorreto, e também gerar fluxo econômico, há três anos uma empresa oferece um serviço de recolhimento deste composto em Teresina. Atualmente, na Capital do Piauí, 400 empresas (bares e restaurantes) estão cadastradas no serviço e, por mês, são coletados aproximadamente 17 mil litros (17 toneladas) de óleo de cozinha usado.

Se somado com a quantidade coletada em outros municípios do Piauí em que a empresa atende, esse valor pode chegar a 24 mil litros de óleo, ou 24 toneladas mensais. Por ano, o óleo recolhido na Capital chega a 204 mil litros (204 toneladas). Em números, isso significa que seria possível encher mais de 20 cisternas de 10 mil litros somente com óleo de cozinha usado.

Sobre o óleo de cozinha descartado de forma incorreta no meio ambiente, Jefferson Sales, supervisor de rotas da empresa Indama, descreve como um desastre. “Imagina todo esse óleo sendo despejado na natureza. É um desastre. É preciso que as pessoas tenham consciência ambiental. Algumas pessoas individuais ligam dizendo que têm uma vasilha ou garrafa pet com óleo e nós nos disponibilizamos a ir até o local recolher, justamente para que ela evite jogar no ralo e cause um prejuízo à sociedade e ao meio ambiente”, frisa.

Segundo Carlos Clay Araújo de Oliveira, gerente comercial da empresa, ao abrir um estabelecimento, as empresas precisam apresentar um certificado ou contrato com uma empresa para a correta destinação do óleo, permitindo assim a concessão da licença de funcionamento.

“Somos a única empresa que chega para comprar o lixo que precisa ser descartado por não ter mais serventia. Muitas empresas nos ligam perguntando quanto cobramos para recolher o óleo, mas nós não cobramos, pelo contrário, pagamos pelo óleo utilizado por eles, R$ 0,40 pelo quilo do óleo”, conta. 

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia e Isabela Lopes - Jornal O Dia
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