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Trabalho infantil nas ruas de Teresina é recorrente

Oriundos de Timon, "Meninos da cocada" atuam em semáforos da capital há pelo menos um ano

22/01/2018 08:34

Quem transita pelas ruas de Teresina, principalmente na região mais central da capital, costuma se deparar com crianças e adolescentes abordando pessoas em pontos de ônibus e semáforos para comercializar algum produto. De acordo com o secretário executivo do II Conselho Tutelar de Teresina, Washington Ferreira, cerca de 95% desses garotos são oriundos da cidade de Timon (MA), e são conhecidos pelas autoridades como “Meninos da Cocada”.


A equipe de ODIA encontrou crianças vendendo cocadas feitas por uma vizinha que mora em Timon. Foto: Moura Alves/ODIA

Abordados pela equipe do Jornal O Dia no cruzamento da avenida Maranhão com a rua José dos Santos e Silva, centro de Teresina, os meninos, um de 11 e outro de 14 anos, relatam que comercializam o doce produzido por uma vizinha no Bairro Parque Alvorada, em Timon, lucrando 50% do total apurado ao final do dia. A criança mais nova contou que só faz esse tipo de atividade durante as férias, enquanto o mais velho relatou afirmou ter abandonado os estudos. Para eles, a comercialização das cocadas é uma maneira de ajudar a família. O conselheiro tutelar Marcos Lima Gomes esclareceu que o problema é recorrente, intensificado todo fim de ano e no período das férias escolares. “Somente no centro da cidade você vai encontrar no mínimo trinta crianças, ou vendendo cheiro verde, cocada ou uma água”, disse.


Criança é flagrada em situação de trabalho infantil no Centro de Teresina 

A Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi) comunicou que realiza diariamente ações de combate a essa situação, através dos Agentes de Proteção Social (APS). Valmir Alves, gerente do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), informou que após a abordagem dos APS aos menores, efetua o encaminhamento das mesmas aos Conselhos Tutelares da capital.

Os conselheiros de Teresina explicaram que é uma situação difícil de ser resolvida, uma vez que se trata de crianças de outro estado. A entidade acredita que sem uma atuação conjunta entre os dois municípios não há como enfrentar e sanar o imbróglio. “A maneira mais eficiente para combatermos essa situação é juntarmos forças, Timon e Teresina, para encontrar uma maneira plausível de pelo menos amenizar esse problema”, argumentou Washington.

Ainda assim, o Conselho Tutelar de Teresina informou que já encaminhou para o Conselho Tutelar de Timon, atendendo um pedido do Centro POP, um menor que foi atendido pela instituição. “Nós registramos um processo e encaminhamos para o conselho tutelar de Timon, para que tomassem providencia e fizessem o acompanhamento da criança, saber se essa família é vulnerável, se é de extrema pobreza e se faz de algum programa social do governo. Porque uma criança de 11 anos de idade não era pra estar nessa situação”, enfatizou o conselheiro Marcos Lima.

Edição: Biá Boakari
Por: Breno Cavalcante
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