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Tornozeleira dificulta vaga de emprego, diz jovem

Segundo Edivaldo da Silva, o equipamento ainda traz desconforto no dia a dia, pois aperta a perna e, às vezes, também provoca choque

06/07/2017 08:02

Um sistema eletrônico é o que separa muitas pessoas da total liberdade. Por determinação da Justiça, alguns ex-detentos precisam utilizar a tornozeleira eletrônica como medida cautelar – ação que também se trata de uma forma de reduzir a lotação nas penitenciárias. Essas pessoas estão inseridas na sociedade, mas são poucas as oportunidades de emprego e de qualidade de vida que elas têm por conta do dispositivo visível na perna. 
Muitos tentam disfarçar o que pode ter sido um passado não tão bom, mas este não é o caso de Edivaldo da Silva Costa. Hoje, o jovem de 23 anos trabalha como guardador de carros próximo ao Mercado Velho, no Centro de Teresina, e não esconde a vontade que possui de trabalhar formalmente. Ele conta que usa o dispositivo há cinco meses e, nesse período, já buscou diversas formas de ingressar no mercado. 

Sem oportunidade formal, Edivaldo trabalha como guardador de carro (Foto: Moura Alves/ O Dia)
No entanto, Edivaldo relata diversas situações em que os empregadores sentem medo de sua condição anterior como detento. Por muitas vezes, mandou currículos para empresas de Timon, mas a recusa é a resposta que recebe. “As pessoas não gostam muito da tornozeleira. Quando a gente vai atrás, a pessoa fica com medo. Eu tinha um serviço, mas fui preso e, quando saí, não me quiseram mais. Aí eu vim vigiar carro aqui no Mercado”, comenta. 

Rotina 
Além das dificuldades de emprego, conviver com a tornozeleira eletrônica também se torna uma realidade cansativa, pois existem algumas restrições: é necessário chegar em casa às 21h e em hipótese nenhuma Edilvado pode viajar. Contudo, ele afirma que não tem previsão para tirar o dispositivo. 
Para o jovem, o mais trabalhoso é na hora que precisa ir dormir, já que é o período de recarga da tornozeleira e, segundo ele, muitas vezes, fica acordado a noite toda por conta disso. Edivaldo também aponta que o dispositivo aperta sua perna e, diversas vezes, também leva alguns choques, especialmente quando o equipamento está conectado à tomada. 
Natural de Timon, no Maranhão, Edivaldo conta que foi preso por conta de tráfico de drogas. Todos os dias, ele faz o percurso de ida e volta para a cidade e, atualmente, fatura em média R$ 30 por dia com o serviço de guardador de carro, no Centro de Teresina. Para ele, este é um modo de se estabelecer como cidadão, utilizando o valor para atividades básicas, principalmente, a alimentação. 
Apesar do equipamento visível em sua perna, o rapaz relata que nunca passou por situações constrangedoras. Quando os donos de carro que deixam o veículo sob sua responsabilidade perguntam a respeito da tornozeleira, ele fala sua história sem problemas. Edivaldo acrescenta que, todo mês, comparece ao Fórum Criminal para verificação do equipamento. 
Esperança 
Hoje, o jovem destaca que continua aguardando as oportunidades de emprego que poderão surgir em seu caminho. A confiança faz parte de seus dias no Centro da Capital, assim como a tornozeleira eletrônica. 
“Hoje a vida é boa. Não tô mexendo com coisa errada mais. O problema hoje é a pulseira [tornozeleira], porque ela não me arranja emprego de carteira assinada. Atrapalha mais a questão do trabalho, quero carteira assinada. Mas eu espero ser chamado e um dia eu vou”, finaliza.
Edição: Virgiane Passos
Por: Letícia Santos
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