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Teresina: verde resiste em meio ao desenvolvimento urbano

Ao contrário de outros municípios, que muitas vezes já nascem com um hino como símbolo, Teresina só foi ganhar uma ode municipal mais de 140 anos após sua fundação.

13/08/2018 07:32

O tempo passa, a cidade se modifica, cresce e evolui. Tudo muda, mas três elementos permanecem sempre ali, acompanhando essa história de desenvolvimento, no cotidiano de Teresina: o verde, os rios e o povo. A letra do hino da capital piauiense, de autoria do escritor Cineas Santos, é uma síntese da relação entre eles. Nesse ano, em comemoração aos 166 anos de Teresina, ao longo dos próximos dias, O DIA lança seu olhar para esses três eixos e mostra como eles contribuíram na constituição da cidade e como eles continuam sendo vitais nesse processo. 

Ao contrário de outros municípios, que muitas vezes já nascem com um hino como símbolo, Teresina só foi ganhar uma ode municipal mais de 140 anos após sua fundação. Desde a constituição da Vila Nova do Poti como a nova capital do Piauí até meados dos anos 1990, a região desenvolvida entre dois rios, não possuía um canto patriótico, que cantasse suas características, sua gente e sua história. A iniciativa da institucionalização de uma canção como hino veio na gestão do prefeito Francisco Gerardo, vice de Wall Ferraz. 

Segundo conta o escritor Cineas Santos, na época o prefeito institui um concurso para a definição de um hino municipal. A ideia era abrir um pleito para que candidatos inscrevessem sua proposta de canção para tais fins. Cineas foi então procurado pelo violonista Erisvaldo Borges para escrever uma letra e coloca-la sobre uma melodia já composta por ele. Resistente em um primeiro momento, o poeta foi então refletir sobre quais características marcavam a cidade e escreveu assim um poema que seria cantado mais tarde por Maristela Gruber. 

“O Erisvaldo Borges fez uma melodia e me procurou e disse que queria que eu fizesse uma letra. Ai eu pensei, Teresina nunca fez guerra com ninguém, à exceção da queima das casas de palha, a história de Teresina é muito trivial. Aí eu me lembrei de quais os elementos que caracterizam a cidade, quais os elementos estão presentes na vida da cidade: o verde, que infelizmente está sendo engolido; os rios, que são dois rios que abraçam a cidade; e o povo que é a razão de ser de tudo. Então trabalhei com esses elementos”, conta o escritor. 

Para Cineas, o hino é uma canção poética que não tem o caráter de marcha e que funciona, portanto, como uma louvação. O povo de Teresina, nesse contexto, ganha o foco da homenagem e os outros elementos surgem como composição dessa mensagem. O título de “cidade verde”, atribuído a Teresina pelo poeta Coelho Neto – que teria sobrevoado a cidade e se encantado com a exuberância do verde – também é exaltado. Essa escolha de Cineas para o hino também reflete um caráter ambientalista. 

“Eu sempre tive essa preocupação ambientalista. Em 1976 eu já estava fazendo manifestos ecológicos e textos sobre meio ambiente e publicando isso. Sempre me preocupei muito com o verde da cidade, então fiz uma letra condizente com meu modo de ver a cidade. O verde de Teresina é um verde de quintais. Na época esse verde já era ameaçado. Teresina sempre foi uma cidade que maltratou muito seu verde. A cidade destruiu quintais e continua fazendo isso de forma irresponsável”, diz Cineas Santos.

Confira a matéria completa na edição desta segunda-feira do Jornal O Dia.

Por: Yuri Ribeiro
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