Os moradores do bairro Monte
Castelo, zona Sul, já contabilizam
mais de noventa dias que
enfrentam problemas com abastecimento
de água na região. É
preciso a contribuição de vizinhos
e se deslocar a outros bairros
para conseguir água. No trecho
mais alto da Rua Arimateia
Tito, a situação se agrava a ponto
de moradores já cogitarem se
mudar do bairro.
Teresina de Jesus, que tem 68 anos, precisa carregar baldes de água e armazenar o líquido em garrafas (Foto: Jaílson Soares/ O Dia)
Os afazeres básicos ficam
comprometidos: lavar roupa,
louça, cozinhar e tomar banho.
Há três meses precisando
recorrer a vizinhos ou na casa
da filha para conseguir o líquido,
a aposentada Teresinha de
Jesus relata as dificuldades de
carregar dois baldes cheios
da água todos os dias, especialmente
pela região possuir
muitos morros.
Com 68 anos de idade, a situação
terrível é o motivo pelo
qual Teresinha quer se mudar
do bairro, onde mora em uma
casa alugada. Ela acrescenta
que nove pessoas moram na
sua residência, o que representa
uma demanda grande da necessidade
de água. Como solução emergencial, um carro pipa
foi abastecer a rua há cerca de
uma semana.
“Todo dia a gente vai atrás
nas casas alheias. Minha filha
mora nessa mesma rua, só que
muito distante e vou lá lavar
roupa. Eu preciso subir um
morro com os baldes, tenho
68 anos, falto não conseguir. Já
disse para a dona da casa que
vou sair daqui, sem água não
tem condição, a gente está pra
morrer”, lamenta.
A proprietária da casa onde
Teresinha de Jesus mora é a
costureira Antônia de Araújo,
que teme a saída da aposentada
do imóvel devido aos problemas
de água, uma vez que
o valor arrecadado com o aluguel
é usado para pagar contas.
Além do medo de perder a
inquilina, Antônia também reclama
da falta de água. Ela relata
que todos os dias liga para
a empresa Águas de Teresina
reclamando da situação, mas
nada é feito. Ela ainda conta
que, ao ligar para empresa, foi
informada de que existe uma
taxa de cobrança pela água enviada
pelo carro pipa.
Maria Roseli Brito ficava acordada durante a madrugada para garantir que teria um pouco de água. (Foto: Jaílson Soares/ O Dia)
Segundo Antônia, quando
o problema começou, a água
chegava de madrugada mas
pela manhã já acabava. Mas há
mais de uma semana os moradores
sofrem com a falta definitiva
do líquido.
“Antes disseram pra gente
pagar essa água que o carro
pipa ia trazer. Ai eu disse para
não mandar, porque já pago
talão sem ter água. Eles mandavam
o carro pipa e vinha
no talão essa conta a mais,
mas ninguém aceitou. A gente
pressionou tanto que mandaram
um carro semana passada”,
conta a moradora.
Quem também precisa se
deslocar em busca de água é
Maria Roseli Brito. Segundo a
dona de casa, com a situação,
ela fica acordada quase toda
madrugada esperando o retorno
da água. “Na minha casa
somos apenas três e por isso
evitamos o máximo possível
sujar roupa e louça. Se for sujar
muito e secar todas as vasilhas
de água que a gente tem
pra beber, vamos ter que ficar
incomodando os vizinhos e eu
não gosto”.
Contraponto
Por meio de nota, a empresa
Águas de Teresina informa
tem enviado equipes às ruas
do Monte Castelo, onde os
moradores apresentaram demanda
sobre desabastecimento
em determinados horários.
A situação, que é histórica,
ocorre especialmente em ruas
localizadas em áreas extremamente
altas.
Nos próximos dias, a empresa
fará a troca de um registro
de grande diâmetro, que proporcionará
a regularidade no
fornecimento de água tratada.
Sobre o abastecimento por
meio de carros-pipa, a empresa
informa que não tem cobrado
nenhum valor dos moradores
do Monte Castelo.
Desde que assumiu os serviços de abastecimento de água,
coleta e tratamento de esgoto,
no dia 7 de julho, vem executando
o plano emergencial que
contempla cerca de 30 bairros
da capital com histórico crítico
de falta d'água.
Qualquer reclamação sobre
falta d’água e vazamento deve
ser imediatamente comunicada
através do 0800 223 2000,
115 ou ainda pelo Whatsapp
(98124-3199), para a devida
identificação e solução
Edição: Biá BoakariPor: LetÃcia Santos