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Projetos em escolas visam despertar a inteligência emocional de estudantes

Psicóloga lembra que Teresina possui realidade preocupante quando o assunto é saúde mental, daí a importância desse trabalho educacional.

04/02/2019 07:51

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em relatório divulgado em 2017, o Brasil é o país com o maior número de pessoas deprimidas da América Latina. A estimativa, na época, era de 11,6 milhões sofrendo do distúrbio. Quando o assunto é o ranking mundial, o país ocupava a quinta posição. Nesse sentido, falar de inteligência emocional e formas de lidar com os problemas e questões, especialmente na infância e adolescência, é fundamental.

Nesse sentido, várias escolas de Teresina já estão se adequando à nova realidade tanto social como no ensino. É que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já incluiu as competências socioemocionais no currículo e as instituições de ensino precisam aderir. Mas, segundo conta Kelen Viana, que é coordenadora de Disciplina e Rendimento em uma escola privada da Capital, trabalhar essa questão vai além de requisitos do Ministério da Educação.

Na escola onde ela atua funciona o Projeto Conviver, que é ligado ao setor de Psicologia da instituição e tem como base a Escola da Inteligência, do psiquiatra e escritor Augusto Cury. O objetivo é ajudar os alunos em seus processos emocionais, do ensino infantil ao médio.

Kelen Vieira atua no Projeto Conviver. Foto: Assis Fernandes/ODIA

“Diante das questões que aparecem diariamente na escola e a BNCC já traz a inserção da disciplina de habilidade socioemocional no currículo escolar. Nós procuramos trabalhar nesse sentido. (...) As psicólogas entram em sala de aula, uma vez por semana, por 50 minutos, a gente faz o trabalho com os alunos. Nós chamamos de momento de convivência, onde contribuímos com a gestão das emoções”, explica.

Kelen lembra que os alunos trazem uma carga emocional muito grande e o modelo educacional mudou, focando não apenas nos aspectos intelectuais, mas emocionais também, e entendendo o aluno como um ser completo. Entre os temas trabalhados estão resiliência, empatia, resolução de conflitos e ansiedade. Como resultado, a coordenadora observa melhora no aprendizado e redução na indisciplina.

“Os nossos alunos tinham muitas questões relacionadas às emoções. A forma como o aluno estava lidando com determinadas situações trouxe pra gente um olhar mais cuidadoso. Trazendo o Projeto Conviver conseguimos trabalhar situações e [observar] ‘como eu vou agir diante dessa situação?’”, completa Kelen Viana.

Paralelo a isso, a escola realiza acompanhamento com as famílias. São quatro encontros por ano para trabalhar essas questões com eles.

Resultados são sempre muito positivos, avaliam os alunos

Durante as entrevistas, todos foram unânimes em ressaltar os benefícios positivos do trabalho realizado por meio dessa disciplina. Os alunos são receptivos à ideia e veem no momento da aula, uma oportunidade de diálogo e de aliviar as tensões do dia a dia, especialmente escolar.

O estudante Felipe Ferreira, 15 anos, diz que o projeto é importante para fortalecer o diálogo e a resolução de problemas, especialmente entre os adolescentes que têm maior dificuldade de falar sobre os sentimentos. Para ele, o acompanhamento é fundamental.


Para Felipe, o fortalecimento do diálogo é fundamental. Foto: Assis Fernandes/ODIA

“Quando a gente está no ensino médio começa a ter uma pressão maior. A escola criando um grupo de convivência é muito importante para trabalhar o psicológico, porque muita gente não acha sanidade mental algo importante, mas nessa fase é mais importante ainda, porque estamos formando a nossa personalidade”, analisa.

Ao mesmo tempo em que concorda com Felipe, a estudante Marister Evelyn, 15 anos, enfatiza que o projeto ajuda a lidar com a competitividade e pressão oriundas da busca por uma colocação no vestibular. “O projeto vai ajudando a gente a ter um psicológico melhor para a concorrência e vai ajudando a se preparar para o ENEM. Eu achei muito importante porque não precisaremos ter o acompanhamento fora da escola. A própria escola já te oferece isso”, completa

Edição: Virgiane Passos
Por: Ananda Oliveira
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