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Perspectiva 2021: estudos em mobilidade e drenagem podem promover mudanças

Teresina inicia novo ano com desafios no segmento de transporte público, drenagem e sustentabilidade

31/12/2020 08:27

Não é de hoje que Teresina enfrenta desafios no âmbito de transporte público e de drenagem. De um lado está o novo sistema de integração, alvo de críticas por parte dos passageiros que relatam percursos mais longos, demorados e com pouca oferta de veículos. Do outro estão os pontos de alagamento em diversas regiões da cidade. Em ambos os casos, as principais vítimas são os cidadãos que necessitam que esses serviços funcionem com eficiência para garantir melhor qualidade de vida em uma cidade.

Foto: Arquivo/ODIA

Apesar de se tratarem de segmentos que requerem altos investimentos para se chegar a uma melhoria, o engenheiro civil e professor universitário, Jean Proust, acredita que é possível promover mudanças a curto e médio prazos. Na avaliação do especialista, o primeiro passo é realizar estudos. “Nós podemos implantar medidas que podem atender essas questões, verificando os estudos de viabilidade, aumentando as nossas áreas de absorção de água, verificando as rotas dos nossos transportes coletivos para ver se estão sendo eficientes ou não, [verificando] a quantidade de ônibus, trens e metrôs. Agora, para isso, necessita de investimento, direto na área. E não é um investimento pequeno, porque estudos desse porte têm que ser bem feitos e minuciosos, e isso demanda tempo e recursos”, pondera.

Drenagem e saneamento

Sobre os problemas de drenagem, Jean Proust lembra que eles têm relação direta com o saneamento básico e, por isso, é necessário que as leis já existentes, e que regem condutas e obras nesse segmento, sejam colocadas em prática.

“Nós temos hoje, no Piauí, leis que fazem com que o saneamento seja verificado. O problema é a implantação dessas questões, elas precisam ser implantadas, não adianta estar só na lei. Eu posso citar leis, que são especificamente de Teresina, sobre o reuso de água e que interferem indiretamente e diretamente no problema de drenagem. Então, o que nós precisamos é efetivamente colocar em prática o que está nas leis.

Os nossos governantes precisam atuar, desenvolver galerias, desenvolver projetos que atendam à drenagem, porque não adianta só fazer a galeria, já tem que começar com o projeto correto”, pontua.

E a população também precisa fazer sua parte e “ajudar na medida do possível, não deixando lixo em locais indevidos, porque entope uma boca de lobo, uma galeria [e isso vai repercutir de volta na própria comunidade]. Então, é todo mundo fazendo a sua parte, isso é importantíssimo”, completa o engenheiro civil.

Transporte

Jean Proust defende que, diante do feedback negativo dos usuários do sistema de transporte coletivo de Teresina, seja necessário fazer, por exemplo, um refinamento do local-destino, ou seja, saber para onde as pessoas estão indo, de que forma estão indo e vindo, a partir de uma pesquisa ampla e com um universo amostral também mais abrangente. Desta forma, seria possível promover novos processos no sistema, resolver os gargalos na locomoção e, consequentemente, evitar o uso excessivo de transportes individualizados.

“É importante trabalhar novos meios de transporte, tentar evitar os transportes individualizados, mas de forma a estimular meios menos poluentes, como bicicletas, como transportes públicos, como ônibus, trens em superfícies, metrôs e assim por diante, para que você faça também com que o tráfego flua. Então, não é só a questão ambiental, mas é de transporte, logística, isso tem a ver com recursos, dinheiro, produção, melhoria e qualidade de vida da população”, elenca.

O engenheiro civil também pontua que, para chegarmos a esse nível de priorizar o transporte público, é necessário que ele atenda alguns requisitos.

“Existem pesquisas ao redor do mundo que dizem que a maior parte das pessoas só vai utilizar o transporte individualizado se os demais, os públicos, não forem eficientes ou não forem a ponto de atender a qualidade desejada. Quando nós conseguirmos atender esses dois fatores, nós teremos mais pessoas utilizando o transporte público. E eu cito o caso do Japão, onde é muito comum gerentes e gestores irem de transporte público para suas empresas, porque lá esse transporte atende de forma satisfatória e com qualidade o processo”, exemplifica.

Por: Virgiane Passos, do Jornal O Dia
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